Zilka Nazareth de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, em 31 de maio de 1917, de uma família de artistas.
Era filha do musicista João Carvalho e da atriz Luiza Nazareth, além de neta e bisneta de artistas. Também suas irmãs Lourdes Mayer, que foi casada com Rodolfo Mayer e Alair Nazareth foram atrizes.
A família queria que ela e as irmãs se afastassem do teatro, tanto que Zilka estudou e formou-se em Ciências Econômicas, mas seu destino não foi diferente. Após seu casamento com Mario Salaberry, que era ator, foi ela para o teatro, adotando o sobrenome Salaberry. Estreou no Teatro Municipal de Niteroi, em 1936, e ingressou depois na Companhia de Procópio Ferreira e a seguir na Companhia de Dulcina de Moraes.
Trabalhou com grandes atrizes como Alda Garrido e Dercy Gonçalves e atuou em espetáculos marcantes como “A Princesa e o Professor”; “Marquesa de Santos”; “Guerras do Alecrim e da Manjerona”; “O Garçom do Casamento”; “Aonde Vais Coração?”; “Direito de Pecar”; “Fim de Festa”; “No Trampolim da Vida” e “Mulheres de Fogo”. Eram épocas áureas, com casas cheias e tudo sem subvenção do governo. Viajando de trem ou de navio, as companhias rodavam todo o Brasil. Mas aí aconteceu um grande drama na vida de Zilka. Seu marido faleceu num desastre de automóvel e ela ficou sozinha, com um filho pequeno.
Alguns anos depois, passado o sofrimento, foi levada pela irmã Lourdes Mayer, pioneira da televisão, para conversar com Fabio Sabag que lhe deu um pequeno papel no “Teatrinho Trol” na TV Tupi do Rio de Janeiro, em 1957. Mas Zilka foi tão bem, que o papel cresceu e ela nunca mais saiu da televisão.
Na mesma época foi também fazer o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, onde se destacou nos espetáculos “Mulheres” e “O Bobo Bobão“. Em 1958, estreava no Cinema na comédia “Aguenta o Rojão” e no drama “Maria 38“, atuando também em “Matemática Zero, Amor Dez” e na TV aumentava sua participação no “Teatrinho Trol” e no “TV de Comédia“,ambos na TV Tupi.
Zilka foi para as novelas em 1964, quando fez “O Acusador” na TV Tupi, emendando com “Sonho de Amor” na TV Rio. Ela chegou na TV Globo, de onde não sairia mais, em 1965 para fazer a novela “Rosinha do Sobrado” e depois vieram “A Rainha Louca”; “Sangue e Areia”; “A Ponte dos Suspiros”; “A Última Valsa” e “Véu de Noiva”, até chegar a grande oportunidade em 1970, ao viver a Sinhana na novela “Irmãos Coragem” de Janete Clair.
Outro grande papel surgiu em 1973 quando interpretou a Donana Medrado na premiada novela “O Bem Amado” de Dias Gomes. Atuou ainda em “O Bofe”; “Supermanoela”; “Corrida do Ouro”; “Senhora”; “O Casarão” e na minissérie “Parabéns Pra Você“.
Mas ela ganhou um grande presente em 1977, quando foi escolhida para ser a Vovó Benta, em “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, série de total sucesso e que ficou no ar até 1986. Uma adaptação da obra de Monteiro Lobato, onde Zilka fazendo a velha e doce Dona Benta, encantou o país.
Ela ainda apareceu nas novelas “Cambalacho”; “O Outro”; “Vale Tudo”; “Que Rei Sou Eu?”; “Top Model”; “Araponga”; no remake de “Irmãos Coragem” em 1995; “Corpo Dourado” e no remake de “Pecado Capital” em 1999, além das minisséries “Memórias de um Gigolô”; “O Primo Basílio”; “Tereza Batista” e “Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados”.
No Cinema ela se destacou ainda em “Society em Baby Doll” em 1965; “Na Mira do Assassino” em 1967; “Uma Garota em Maus Lençõis” em 1970; “O Barão Otelo no Barato dos Bilhões” em 1971 e em “Xuxa e os Duendes” em 2001.
Zilka Salaberry faleceu em 10 de março de 2005, no Rio de Janeiro, aos 87 anos de idade, de insuficiência renal e desidratação.