Sônia Leite e Oiticica nasceu na cidade de Rio Largo, em Alagoas, em 19 de dezembro de 1918.
Sônia era filha de um professor muito culto, o professor José Oiticica. Além de outras matérias , ele lecionava grego. Ele era anarquista convicto. E isso o levou à prisão várias vezes. Numa dessas vezes, a família, que estava vivendo no Rio de Janeiro, foi detida e teve que ficar em Engenho Riachão, em Alagoas. Foi aí que nasceu Sônia.
Depois, uma vez liberada, a família voltou ao Rio de Janeiro, onde Sônia se criou. A casa de seus pais era lugar de encontro de intelectuais como Monteiro Lobato e Coelho Neto. Ela foi apresentada ao embaixador Paschoal Carlos Magno, e este, logo após, criou o Núcleo de Teatro Estudantil para montar Shakespeare. Sônia foi escolhida para o papel de Julieta no clássico “Romeu e Julieta” que foi encenado em 1938. Ela foi a primeira atriz a desempenhar o personagem Julieta no Brasil.
Sônia Oiticica, em 1940, já profissionalizada, atuou na montagem de grandes autores na Companhia de Luís Iglésias e foi a primeira a beijar realmente em cena, o que não era hábito na época. Nessa época, estrelou nos palcos, “3.200 Metros de Altitude”; “Já é Manhã no Mar” e “Festa Shakesperiana”.
Em 1940 também, Sônia fez o filme “Pureza”, e quatro anos depois largou a profissão e se casou com Charles Edward Murray. Um casamento incomum, pois ela era filha de um anarquista extremo e ele de um capitalista. Mas se casaram e ela se afastou da arte. Seis anos depois, porém, eles se separaram e ela voltou para a carreira artística.
Em 1952, formou a própria companhia, que foi subsidiada por Sérgio Cardoso, Leonardo Villar e Nydia Lícia. Era a Companhia Dramática Nacional e lá ela montou “A Falecida” de Nelson Rodrigues, a primeira de várias outras montagens de peças dele e das quais ela participou, como “Senhora dos Afogados” e “Perdoa-me Por Me Traires”.
Em 1958, veio para São Paulo e atuou com Sérgio Cardoso em “O Soldado Tanaka”. Depois foi para o Teatro Popular do Sesi, com direção de Osmar Rodrigues Cruz e depois de Eduardo Tolentino.
No Cinema, onde tinha estreado em 1940, voltou em 1970 no filme “A Moreninha” e depois em “CIO- Uma Verdadeira História de Amor”; “O Peixe Assassino”; “O Caso Cláudia”; “Os Noivos”; “Bonitinha, Mas Ordinária” e “Dora Doralina” em 1982.
Nas novelas, Sônia estreou em 1966, em “Redenção“, na TV Excelsior, onde também atuou em “As Minas de Prata” e “Legião dos Esquecidos“. Em 1968, foi para a TV Record fazer a novela “Ana” e no ano seguinte estava na TV Bandeirantes no elenco da novela “O Bolha“.
Na TV Globo atuou em quatro novelas: “Cavalo de Aço” em 1973; “Gabriela” em 1975; “Duas Vidas” em 1976 e “Nina” em 1977. Dois anos depois era destaque no elenco da novela “Gaivotas” na TV Tupi. Em 1980 se transferiu para a TV Bandeirantes e lá fez “Dulcinéia Vai à Guerra”; “Os Adolescentes”; “Ninho da Serpente” e “Campeão“. Sua última atuação na TV foi em 1985, no SBT, na novela “Jogo do Amor”.
Sonia Oiticica teve uma queda, na casa de sua filha, em São Paulo e quebrou o fêmur. Daí vieram muitas complicações e ela acabou falecendo em 26 de fevereiro de 2007, aos 88 anos de idade, em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos.