O cantor Noite Ilustrada chama-se Mario de Souza Marques Filho. Nasceu a 10 de abril de 1928 em Pirapetinga – Minas Gerais.
Seus pais, Mario e dona Alexandrina Maria, separaram-se, quando o filho ainda era bem pequeno. Então o garoto na mais tenra idade, começou a trabalhar, para ajudar sua mãe. Era engraxate, na estação de trem, e carregava leite para o fabrico de queijo. Mas isso não foi suficiente, e dona Alexandrina mandou seu filho para o Rio de Janeiro viver com o pai. O pai, que era motorista em uma fábrica de lâmpadas GE, preferiu colocar o garoto em um colégio interno. E assim, Mario Junior foi para o SAM – Serviço de Assistência aos Menores.
De lá, para o Instituto Profissional Getulio Vargas, ainda como interno. Saiu com 17 anos, tendo aprendido a trabalhar com móveis, e foi trabalhar em Vila Izabel. Foi aí que conheceu o pessoal da Escola de Samba da Mangueira. O garoto, de cor negra, gostou das rodas de samba e percebeu nascer dentro de si, a vocação artística. Mesmo tendo passado mais de oito anos de internato, sem ter recebido sequer a visita dos pais, Mario tinha facilidade em fazer amigos. Esperto e bonzinho, também tinha inclinação para o futebol, e foi mesmo ser jogador em Minas Gerais, na cidade de Além Paraíba. Foi quando o humorista Zé Trindade fazia shows na região, que Mario o conheceu. Como já tocasse violão, o “Bom Crioulo”, como ele era chamado, juntou-se aohumorista.
Logo comprou seu primeiro violão, que pagou “pingadinho”, e foi virando profissional, isto é: “tentando”, pois embora fazendo parte do regional da Rádio Novo Mundo, não recebia salário nenhum. Na excursão que fez com Zé Trindade é que cantou no palco, pela primeira vez, no lugar de um colega que faltou. E, por não se lembrar do nome do principiante, Zé Trindade o anunciou como “Noite Ilustrada”, nome de uma revista carioca. Assim foi batizado o jovem cantor. Depois, já no Rio, começou a cantar em parques, em shows, decidiu-se definitivamente pela carreira de cantor. Virou “crooner” de conjunto musical, que se apresentava também em boates e na emissora de Rádio Tupi. Logo fez contato com vários cantores da época como: Ataulfo Alves, Nerino Silva, Zé Kety, Nelson do Cavaquinho. Mas quando foi contratado para a Rádio Nacional, é que sua carreira cresceu muito e ele gravou seu primeiro disco em 78 rotações, aquela “bolacha”, como era chamada. Era a gravadora Mocambo.
O nome da música: “Castiguei”. Depois disso foi Antonio Borba, da fábrica de discos Philips, que o convidou para gravar. E Noite Ilustrada não parou mais. Gravou uma música sua : Lua Triste”, e do outro lado colocou uma canção em que ninguém fazia fé: “Volta por cima”, de Paulo Vanzolini. Esta música estourou no país inteiro, passando a ser quase um hino do cantor, que então já era conhecido e respeitado. Noite Ilustrada gravou 36 discos em vinil, vários compactos simples e duplos,e teve 10 CDs. Viajou pelo Brasil inteiro. Foi daqueles cantores que gravava“de uma sentada”, todo o disco de uma só vez. Seu último CD foi : Perfil de um sambista”. Gravou também na “Trama”, gravadora de gente nova que, segundo ele, são garotos que o tratam com muito respeito. Entre eles, na Trama, está o filho de Elis Regina, o de Wilson Simonal e o de Jair Rodrigues.
Noite Ilustrada também apareceu em vários filmes, dentre os quais: “A pequena órfã”, dirigida por Dionísio Azevedo. E assimfoi levando sua vida como cantor, sempre muito apreciado. Casado por duas vezes, pai de dois filhos, sua última esposa, Denise, o tratou com cuidado e respeito e ele bem merecia sempre, pois foi muito voltado à família e aos amigos, que ele os têm em todos os estados do Brasil. A admiração que Noite Ilustrada inspirou veio, não só de sua qualidade artística impecável, mas como ser humano de elevado valor. Ele, que teve infância e adolescência sacrificadas, foi sempre uma criatura de bem com a vida, pautando-a de arte, carinho e amor para com todos e com tudo.
Noite Ilustrada faleceu em 28 de julho de 2007.