Newton Carlos de Figueiredo nasceu em Macaé, estado do Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1927. Filho de Manoel Lopes de Figueiredo e Arinda Pereira, que se separaram quando o garoto tinha cinco anos de idade. Isso diferenciou sua infância, segundo ele, pois a mãe era praticamente “mantida em cativeiro”, tal o preconceito que existia na época, com as desquitadas. Newton foi para a capital, a fim de estudar contabilidade, por vontade de seu pai, que era contador.
Mas não demorou muito a largar os estudos e se tornar autodidata. Foi sozinhopara a capital, mas era sustentado, de forma modesta, pelo pai. Logo conseguiu que uma crônica sua fosse apresentada por Dinah Silveira de Queiroz, que escrevia no jornal “A Manhã”. Em 1940 já começou a escrever no “Correio da Manhã”. Depois, ao conhecer Carlos Lacerda, que trabalhava no mesmo jornal, passou para a “Tribuna da Imprensa”. Fazia de tudo: turismo, cinema, etc. Começou logo sua carreira derepórter. Era muito ativo e ambicioso, pois a “Tribuna” era um instrumento de luta política de Lacerda, e este um excelente jornalista. Newton, muito jovem, assistia suas palestras, procurando seguir seus ensinamentos.
Fazia jornalismo sindical. E foi, a seguir, convidado pelo governo espanhol no exílio, a trabalhar em Bruxelas, na Organização Internacional dos Sindicatos Livres. Newton Carlos não pensou duas vezes. Foi para a Europa e lá ficou por dois anos. E foi assim que começou sua carreira de jornalista internacional. Quando voltou ao Brasil já foi ser chefe de reportagem da “Revista Manchete”, que estava começando. Em 1960 foi contratado como editor internacional do “Jornal do Brasil”. E, a partir daí, nunca mais fez outra coisa que política internacional. Criou a editoria política do “Jornal do Brasil”. Assim, em função do cargo, viajou bastante. Fez muita “cobertura“ internacional. Trabalhou, como jornalista, na primeira reunião da “Unctad”, Organismo das Nações Unidas.
Estava na Europa, quando aconteceu no Brasil, a Revolução de 64, e, aconselhado por amigos, não voltou. Ficou em Paris por alguns meses e quando voltou, foi demitido. Era já colunista da “Folha de São Paulo”. E não voltou mais às redações. Passou a viver de suas crônicas sobre política internacional. Foi colunista da “Folha”por 25 anos. Ficou correspondente estrangeiro para o “Latin America News Letter”, para “Il Manifesto”, para o “Clarin”de Buenos Aires, para publicações peruanas e mexicanas. Escreveu muitos livros e começou a aparecer nos jornais de televisão, como comentarista político.
Esteve na TV Excelsior, ao lado de Fernando Barbosa Lima. Participou do “Jornal de Vanguarda”. Esteve na TV Globo por muitos anos. Redigia o “Jornal da Globo”, precursor do “Jornal Nacional”. Esteve também na TV Rio. E ainda na TV Tupi do Rio de Janeiro e na TV Bandeirantes. Pela Bandeirantes cobriu todas as eleições americanas, desde 1972. E se especializou em assuntos latino-americanos. Daí tirou temas para os seus livros. Chegou a ser condecorado pelo governo peruano. Irrequieto, inteligente, explosivo, às vezes, Newton Carlos casou-se por quatro vezes.
Tem três filhos de dois casamentos. Há vários anos, porém, está casado e agora diz que “definitivamente”. Hoje sossegado e feliz, diz, para seu próprio espanto, que “não vê, não pode imaginar o mundo sem Deus”. Esse é o fabuloso jornalista de Macaé, Newton Carlos, que cruzou, nesses mais de 50 anos de percurso com tantos presidentes da república, do Brasil, e de outras partes do mundo. E perguntado sobre o que ele mais gostaria de ser, responde: “Um gentleman. Mas é tão difícil…”.