Nelson Falcão Rodrigues, conhecido como Nelson Rodrigues, nasceu em Recife, capital de Pernambuco, em 23 de agosto de 1912.Ele era o quinto de uma família de quatorze irmãos. Em 1916, seu pai Mario Rodrigues, que era ex-político e jornalista, resolveu se transferir com a esposa e os filhos para a Capital Federal, à época, o Rio de Janeiro. Mario Rodrigues estava sofrendo perseguição política. E então, no Rio, ele fundou o jornal “A Manhã”, colocando para trabalhar com ele, um após o outro, seus quaro filhos homens.
Nelson Rodrigues estava com apenas treze anos, quando começou a trabalhar no jornal do pai. Foi-lhe dada como incumbência a seção de polícia.Crimes passionais, pactos de morte, etc, esse era o prato que o jornal ” A Manhã” servia aos seus leitores, sob o crivo do menino Nelson. Mario, o pai, porém, perdeu o controle acionário de ” A Manhã” e saiu. Conseguiu com Fernando de Mello Viana, auxílio financeiro e assim fundou o diário ” Crítica”. Novamente os filhos:Milton, Mário Filho, Roberto e Nelson foram com ele. Cada um numa função diferente. Todos amavam o que faziam, sendo que Roberto era um talentoso desenhista. Apesar do sucesso, o jornal existiu por pouco tempo. Em 26 de dezembro de 1929, a ” Critica” trouxe na primeira página , a foto de um casal da sociedade que se separou. A matéria foi escrita por Orestes Barbosa e ilustrada por Roberto, irmão de Nelson. No dia seguinte à publicação, entrou na redação do jornal, a senhora Silvia Serafim, a mesma a que a matéria se referia, e desfechou vários tiros em Roberto, que faleceu dois dias depois. O pai, profundamente abatido, também ficou vivo poucos meses. E Nelson assistiu a tudo isso, o que o marcou muito. Começaram anos de fome e grande tristeza para todos da família.
Nelson desde garoto gostava muito de ler. Era um livro atrás do outro. Também a vida ao seu redor, no subúrbio carioca, era alvo de sua observação. Em 1930, ajudado por seu irmão Mário, Nelson foi trabalhar no Jornal” O Globo”, sendo efetivado só em 1932. Foi aí que ele percebeu-se tuberculoso. Seu tratamento foi custeado por Roberto Marinho, e Nelson ficou-lhe grato a vida inteira.
Em 1940, Nelson casou com Elza Bretanha, sua colega de redação. Nessa época ele começou a se dedicar a escrever peças teatrais. Ao todo escreveu dezessete peças e todas muito famosas. Em 1941, escreveu: ” A Mulher Sem Pecado”. Pouco depois: ” Vestido de Noiva”, considerada o marco inicial do moderno teatro brasileiro.. Sua terceira peça foi: ” Meu Destino è Pecar”.Depois escreveu:” Valsa Nº 6″. Em seguida: ” Viúva, porém Honesta”. A seguir: ” Anti-Nelson Rodrigues”, ” Peças Míticas”, Álbum de Família”,” Anjo Negro”, ” Senhora Dos Afogados”, ” Dorotéia”,” Tragédias Cariocas”,” A Falecida”, ” Perdoa-me Por Me Traíres”. ” Os Sete Gatinhos”, ” Boca de Ouro”, ” Tragédias Cariocas II”, ” O Beijo no Asfalto”,”Bonitinha, mais Ordinária”.” Toda Nudez Será Castigada”, ” A Serpente”. Todas as suas peças têm sido inúmeras vezes encenadas.
Ele escreveu também nove romances, cinco livros de contos, treze livros de crônicas.
Nelson Rodrigues escreveu também telenovelas. Escreveu para a TV Rio: ” Morta Sem Espelho”, “Pouco Amor Não É Amor”, ” Sonho de Amor”. ” O Desconhecido”. Fez o seriado: ” A Vida Como Ela É”, para a TV Globo. Às vezes ele usou pseudônimo de Suzana Flag, ou de Verônica Blake.
Nelson Rodrigues sempre foi apaixonado por futebol. Na recém fundada TV Globo, trabalhou na primeira mesa redonda de futebol: ” Grande Resenha Esportiva Facit”. Ele foi também apresentador de programas e comentarista de partidas esportivas.
Seu casamento com Elza chegou ao fim, e ele se uniu a Lúcia Cruz Lima, com quem teve a filha Daniela. Mas seu casamento durou pouco e ele teve um casamento rápido com sua secretária Helena Maria. Voltou , porém, para sua primeira esposa Elza, com quem ficou até falecer.
Nelson Rodrigues sempre apoiou a ditadura militar. Seu filho Nelson Rodrigues Filho, porém, tornou-se guerrilheiro e entrou para a clandestinidade.
Nelson Rodrigues faleceu em 21 de dezembro de 1980. Foi enterrado no Cemitério São João Batista. No mesmo dia de sua morte, à tarde, Nelson fez treze pontos na Loteria Esportiva, num ” bolão” que fez com Augusto, seu irmão.