MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


WALTER AVANCINI


Nunciato Walter Avancini nasceu em São Caetano do Sul, cidade pertencente à Grande São Paulo, em 18 de abril de 1935.

O pai era pedreiro, que faleceu num desastre, vindo do trabalho, aos 45 anos de idade. A mãe Carmem era do interior de São Paulo, e tinha bom nível cultural, tocava seu piano, mas teve que vir para a capital, pois com as revoluções de 30/32, o avô de Walter, um italiano que se chamava Nunciato, e tocava violino e bandolim, perdeu tudo.

Aos quatro anos, Wálter Avancini já se destacava declamando poesias. Tinha uma memória fabulosa e aprendia tudo o que a mãe lhe passava. Um dia, em 1943, a mãe levou o menino a Rádio Difusora de S.Paulo, procurando por Homero Silva, que dirigia o programa “Clube do Papai Noel”. E assim teve início a vida artística de Walter Avancini, então com oito anos de idade. Nunca mais ele mudou de profissão. Logo se projetou e ficou conhecido como “menino acadêmico”.

Foi aproveitado por Oduvaldo Viana como radiator e participava das rádionovelas mais famosas da época,  e destacou-se como astro infantil. Ele foi treinado com muita disciplina por Oduvaldo, e, segundo Avancini, foi isso que o fez transformar-se, anos mais tarde, num diretor de televisão rígido, exigente e muito respeitado. Em 1948, Oduvaldo Viana resolveu fazer um filme, “Quase no Céu”, e escalou Walter para um papel de garoto. Ele estava então com 13 anos de idade e fez sucesso.

E aí, em 1950, veio a primeira emissora de televisão da América Latina, a PRF3 – Televisão Tupi, e Walter ficou fazendo parte do elenco. Da TV Tupi passou para a TV Paulista, com Demerval Costa Lima e fez o “Teledrama TV Paulista”, o “Grande Espetáculo”; o “Teledrama Três Leões” e o “Teatro de Variedades Moinho de Ouro”. Como ator, fez na época personagens importantes em adaptações televisivas como “Romeu e Julieta”; “Tristão e Isolda” e “Enio, o Matador”.

Avancini começou a escrever para a Televisão, e ganhou em 1959 um prêmio como adaptador, foi com a estória “Navios Iluminados”. Começou a escrever originais, mas sua carreira cresceu muito, quando foi para a TV Excelsior, grande emissora, onde estavam os maiores nomes e se fazia a melhor televisão, nos anos 1960.

Como diretor estreou em 1965, na novela “A Indomável” e ainda dirigiu grandes sucessos da emissora como “A Deusa Vencida”; “A Grande Viagem”; “Almas de Pedra”; “As Minas de Prata”; “Os Fantoches” e “O Terceiro Pecado”. Depois transferiu-se para a TV Record e dirigiu a novela “A Última Testemunha” em 1969.

Foi para a TV Bandeirantes, acompanhando Edson Leite, o grande diretor da época e dirigiu a novela “Era Preciso Voltar“. Dirigia também vários outros programas e era um jovem profissional irrequieto e tenaz.

Voltou para a TV Tupi como diretor de novelas e foi trabalhar na direção de importantes produções como “João Juca Junior”; “Super Plá”; “As Bruxas”; “Simplesmente Maria”; “Hospital” e “Na Idade do Lobo”.

Passou para a TV Globo e lá dirigiu as novelas “Selva de Pedra”, “Cavalo de Aço”; “O Semideus”; “Fogo Sobre Terra”; “O Rebu”; “Gabriela”; “O Grito”; “Saramandaia” e “Nina”. Em 1980, foi para a TV Tupi para dirigir e produzir “Drácula, Uma História de Amor” que ele chegou a gravar pouco mais de dez capítulos, mas a emissora encerrou suas atividades e ele levou a história para a TV Bandeirantes, e surgiu aí a novela “Um Homem Muito Especial”. Ainda na Band, dirigiu as novelas “A Deusa Vencida”; “Cavalo Amarelo”; “Dulcinéa Vai à Guerra” e “Rosa Baiana”.

Voltou para a TV Globo no final de 1981 para dirigir minisséries e Especiais da emissora. Foi o responsável por “Morte e Vida Severina”; “Avenida Paulista”; “Obrigado Doutor”; “Lampião e Maria Bonita”; “Anarquistas, Graças a Deus” e “Rabo de Saia”,  até que chegou seu grande momento, quando teve coragem de colocar no ar “Grandes Sertão-Veredas”, de Graciliano Ramos. Nem ele próprio acreditava, mas Boni, o Diretor Geral da emissora, acreditou. E foi um sucesso total. Avancini ganhou o conceito de “diretor genial”.

Passou novamente pela Bandeirantes e realizou a minissérie “Chapadão do Bugre” em 1988, e ficou pouco tempo no SBT onde dirigiu a novela “Brasileiras e Brasileiros” em 1990 e o seriado “O Grande Pai”, em 1991. Dois anos depois foi para Portugal, lançar novelas na primeira emissora privada portuguesa, e fez com sucesso “A Banqueira do Povo”.

De volta ao Brasil, em 1995, foi convidado por Adolpho Bloch e foi para a TV Manchete dirigir “Tocaia Grande”; o grande sucesso “Xica da Silva; “Mandacaru” e “Brida“, que durou apenas alguns capítulos. Ele ainda voltaria para a TV Globo para dirigir o sucesso “O Cravo e a Rosa” em 2000, e “A Padroeira”, que ele estava dirigindo quando veio a falecer.

Na verdade, o garoto Nunciato Walter Avancini transformou-se num grande criador, num estudioso, num arrojado homem de televisão. Teve dois casamentos e quatro filhos. Dois deles, o diretor Alexandre Avancini e a atriz Andrea Avancini ligados à televisão. Ele conhecia a televisão como a palma de sua mão e era capaz de inovações constantes.

Walter Avancini faleceu em 26 de setembro de 2001, no Rio de Janeiro, vitimado por um câncer de próstata, aos 66 anos de idade.

 
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