MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


WALDEMAR DE MORAES


Waldemar Leite de Moraes, tinha somente onze anos quando subiu, sozinho, as escadas da Rádio Record, no centro de São Paulo, para pedir um emprego.

Logo procurou o diretor, que era Otávio Gabus Mendes. E conseguiu. Waldemar, filho de Alípio e Emilia, era pobre. O pai era funcionário dos Correios e Telégrafos, e ele sabia que precisava trabalhar. E sabia também que era apaixonado por rádio. Não teve dúvidas. Pediu para ser ator. Precisou ser bastante ensaiado, mas um colega, Barreto Machado, foi paciente com ele e o preparou. E Waldemar, que nasceu em 10 de novembro de 1929, e ele nunca mais deixou a profissão. Na verdade também teve que estudar. Os pais exigiam, mas sua vida estava ali, no ambiente artístico.

Foi depois escalado para outros diversos programas Quando recebeu, levou o dinheiro para a mãe, dizendo: “Consegui um emprego”, sem dar mais detalhes. Ele era um “azougue”. Independente, depois foi para a Rádio Bandeirantes, e ficou fixo, como contra-regra. Continuava como ator e já era respeitado em seus então doze anos. Ficou fazendo, concomitantemente, as duas emissoras. Trabalhou, à seguir, na Rádio Cosmos, hoje América, e na Rádio São Paulo, que era a líder em rádioteatros. Já começou a escrever e a dirigir, Isso quando tinha apenas dezoito anos. Sua vida era uma loucura. Precoce, inteligente, determinado. Voltou para a Rádio Record e sempre acumulando funções. Era também disck-joquei.

Chegou a televisão e ele mudou de veículo. Na televisão passou por todas as fases: ao vivo, videoteipe e à cores. Começou a produzir programas, entre os quais o famoso “Capitão Sete”. Waldemar escrevia, ensaiava, produzia e dirigia. Era o “garoto dos sete instrumentos”. Sempre teve um ritmo alucinante de trabalho. Foi até comentarista esportivo. Um dia resolveu ir para o Rio de Janeiro, onde foi ser diretor do Copacabana Discs. E foi também contratado para a TV Tupi do Rio. Em seguida foi chamado para ser diretor artístico da Rádio Farroupilha, de Porto Alegre. Mudou-se para o Sul. Já nesse tempo era casado e tinha um filho. Da Farroupilha passou para a concorrente, Rádio Gaúcha.

Em 1963 voltou a São Paulo e foi contratado pela TV Excelsior, e aí foi sua época de ouro. A Excelsior modernizou o tele-teatro. E nela trabalhava muita gente boa. Waldemar passou a dirigir novelas, e gravou programas, como os de Bibi Ferreira. A principal novela que dirigiu foi “Redenção”, a mais longa novela de todos os tempos. Para isso fez uma verdadeira cidade cenográfica em São Bernardo do Campo, num lugar em que, mais tarde, instalou-se a “Cidade da Criança”. Essa novela ficou dois anos inteiros no ar. E ali havia um trem de verdade, e tudo era levado muito à sério.

A Sorocabana mandava um maquinista e um foguista, especialmente para participarem das gravações. Era um avanço enorme para a época. Com mais de 600 capítulos, a novela não perdeu a audiência um dia sequer. Com o passar dos anos, Waldemar ficou diretor artístico da TV Excelsior. Mas a emissora começou a ruir e Waldemar perdeu o emprego. Foi para a TV Bandeirantes, e mais tarde, juntou-se ao grupo dos Montoro, na Rádio Mulher, tendo ajudado a fazer a Rede Mulher de Televisão.

Dirigiu essa emissora por vários anos. Antes tinha sido diretor da Rádio Brás, em Brasília. Carreira de sucesso, vida de sucesso, Waldemar sofreu a perda de sua esposa, o que o abalou muito e de seus pais. O filho mudou-se para os Estados Unidos. Sozinho, Waldemar quis refazer-se e tornou-se mais reflexivo, mais triste, mas ao mesmo tempo, mais calmo. Hoje ainda trabalha, mas o faz com outro ritmo. Adapta novelas para o exterior e pensa em escrever um livro. Essa é a vida do garoto prodígio Waldemar de Moraes, que hoje o que quer é viver em paz.

Faleceu em 16 de Julho de 2011.

 
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