Fernando Abílio de Faro Santos nasceu em Aracajú, Sergipe, em 21 de junho de 1927. Seu avô era dono de engenho. O pai, Abilio da Costa Santos, filho do dono do engenho, emesmo já estando casado, gostava muito de jogar futebol. E foi numa partida, na cidade de Laranjeiras, que teve um grande acidente: chocou-se com outro jogador de tal jeito, que morreu horas depois. A mãe de Fernando Faro, dona Maria do Carmo, colocou luto e nunca mais tirou, em toda a sua vida. A família mudou-se para a Bahia, e de lá para São Paulo.
Em São Paulo, Faro chegou a entrar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde ficou até o 3° ano. Já estava trabalhando no jornal “A Noite” e no “Jornal de São Paulo”. Daí foi para a Rádio Cultura. Fernando Faro gostava mesmo de escrever e foi nessa função que foi para a TV Paulista. Era o ano de 1951. Na TV Paulista Faro começou também a dirigir programas e a fazer de tudo, pois era muito exigente e detalhista, dentro de um estúdio. Fazia “Teledrama Três Leões”, onde escrevia teleteatros grandes, de cerca de duas horas cada. Eram sempre peças inspiradas em suas vivências de Sergipe, de sua terra natal.
Continuava a trabalhar em jornal, mas logo foi para a TV Tupi, onde escrevia o “TV de Vanguarda”, o “Contador de Histórias”. Até que começou a fazer musicais, e realmente se encontrou. Passou definitivamente para a linha musical. E foi aí que ele fez shows com todos os principais cantores do Brasil. Ficaram famosos os shows: “Primeiro de Maio”, “Shows de Angola”, “Shows de Roma”, “Shows do Memorial da América Latina”. Eram shows com sessenta ou setenta artistas, entre os quais: Ney Matogrosso, Dorival Caymi, Gal Costa, Chico Buarque, Marcos Valle, e muitos e muitos outros. Criou na TV Tupi o programa “Ensaio” em 1969.
Pouco tempo depois foi para a TV Cultura. Faro queria continuar o programa, mas o nome “Ensaio” estava registrado na Tupi. Então, quando foi para a TV Cultura, Fernando Faro criou o “MPB Especial”, programa que ficou famoso, onde ele conseguia e consegue levar também todos esses cantores, às vezes até sem cachê. Consegue! O programa não acabou. Com o fim da TV Tupi, Faro conseguiu pegar de volta a marca “Ensaio” e aí sumiu com o nome “MPB Especial”, ficando o tão famoso “Ensaio”.
Fernando Faro conseguiu fazer mil amigos. E isso, não apenas por sua capacidade, mas como e principalmente por seu temperamento doce, meigo, sempre carinhoso com tudo e com todos. Ele era chamado de “Baixo” e de “Baixo”, ou “Baixinho” chamava a todos. Foi casado com Yara. Apaixonou-se à primeira vista e ficou casado 50 anos. Faro foi diretor do auditório do Memorial da América Latina quando foi criada a entidade. E foi diretor também do Museu da Imagem e do Som – MIS, de São Paulo, mas a seguir, voltou novamente para a sua paixão, os programas musicais.
Feliz, ele nunca mudou. Foi sempre igual sua maneira de ser, de existir, de fazer arte e de fazer amigos. Esse foi Fernando Faro, o famoso “Baixinho” da televisão e do rádio do Brasil.
Faleceu em 25 de abril de 2016, aos 88 anos.
