MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Beatriz Segall, a intérprete da maior vilã da história da telenovela



Beatriz de Toledo Fonseca nasceu no bairro imperial de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1926, filha de Mario Fonseca e Deborah Fonseca. Morando na Cidade Maravilhosa, estuda no tradicional colégio do Instituto Lafayette e se forma em Letras na Faculdade de Filosofia, passando a trabalhar como professora da língua francesa. Entretanto essa jovem culta e intelectualizada, que sempre amou a cultura, começou paulatinamente a se dedicar à carreira artística. Era a década de 1950, e Beatriz já trabalha em seu início de carreira com grandes nomes como Sadi Cabral, HenrietteMourineau, Pedro Bloch, Henrique Pongetti, Laura Suarez, Oscar Felipe, Francisco Dantas e Sonia Oiticica.

Em 1954 casa-se com o sociólogo e escritor Mauricio Segall, filho do pintor Lasar Segall e da tradutora Jenny Klabin Segall. Beatriz de Toledo Segall (seu novo nome completo, na condição de casada) é presenteada com o seu retrato eternizado num quadro do sogro, que por muito tempo ornamentou a sala de seu apartamento na capital paulista. Com Mauricio teve três filhos: o cineasta Sergio Toledo, o professor  Mario Segall e o arquiteto Paulo Segall.

E na qualidade de pioneira da televisão brasileira, Beatriz Segall já trabalhava na TV Tupi de São Paulo em sua primeira década, com outros grandes pioneiros como Mario Fanucchi, Geraldo Vietri, Antunes Filho, Abilio Pereira de Almeida, Elisio de Albuquerque, Lima Duarte, Julio Gouveia e Tatiana Belinky.

Em 1960, participa da fundação da TV Excelsior, canal 9 de São Paulo, sob a direção artística de Álvaro de Moya. Nos primeiros meses de funcionamento da emissora, de propriedade do empresário Mario Wallace Simonsen, apresenta o “Jornal da Mulher” e também o programa “Arte Culinária”. No ano seguinte, faz sucesso com o programa infantil “Passatempo”, na mesma emissora.

Nesta mesma década, Beatriz faz históricas peças teatrais no TBC, onde é dirigida por Alberto D’Aversa e no Teatro Oficina por Jose Celso Martinez Correa, além de trabalhos inesquecíveis no Teatro do SESC Anchieta e no Teatro São Pedro. Além disso, é a década onde estreia em telenovelas, em sua volta para a TV Tupi, canal 4 de São Paulo, em “Angustia de Amar”, adaptação de Dora Cavalcanti da obra de Barclay, com direção de Geraldo Vietri. No ano seguinte, se transfere para a TV Record, onde atua na novela “Ana” de Sylvan Paezzo, com direção de Fernando Torres.

Durante quase toda a década de 1970, se afasta da TV para se dedicar ao lado do esposo Maurício da administração do Teatro São Pedro, localizado no bairro paulistano da Barra Funda. Ali trabalha com ícones como Mauro Chaves, Celso Nunes, Oduvaldo Vianna Filho e Sergio Viotti.

Retorna às novelas pelas mãos do amigo novelista Gilberto Braga em marcante papel em “DancinDays”, no ano de 1978, com direção de Daniel Filho. No ano seguinte em “Pai Herói”, sua interpretação de Norah foi bastante elogiada pela autora Janete Clair e pelos diretores Walter Avancini, Gonzaga Blota e Roberto Talma. E no primeiro ano da década de 1980, recebe muitos comentários por seu bonito trabalho em “Água Viva”, sua segunda parceria profissional com o amigo Gilberto Braga, numa ótima direção de Paulo Ubiratan e Roberto Talma.

Depois trabalha na Cultura, na Bandeirantes e na Manchete até voltar a Globo no ano de 1988 para trabalhar na novela de Gilberto Braga intitulada “Vale Tudo”, com a direção de Dennis Carvalho. Sua composição da vilã da trama Odete Roitman foi espetacular, considerada por muitos especialistas em televisão e também em recentes pesquisas com os telespectadores como a maior vilã da História da Telenovela Brasileira.Por esse impactante personagem, Beatriz ganha o Troféu Imprensa de Melhor Atriz daquele ano.

Também grande estrela do Cinema Brasileiro, teve estreia bastante comentada no filme de Romain Lesage com diálogos do teatrólogo Raymundo Magalhães Junior, intitulado “A beleza do diabo”, onde contracenou com o galã Fernando Pereira, em obra lançada em 1951.Depois fez “O Cortiço”, adaptação de Francisco Ramalho Junior para a obra de Aluizio Azevedo e “Pixote a Lei do Mais Fraco”, de Hector Babenco, baseado em livro de Jose Louzeiro e ainda foi dirigida por outros mestres como Roberto Palmari e Roberto Santos.

Nos anos 1990 faz bonitos trabalhos na Globo e na TV Record na novela “Bicho do Mato” e em 2012 sua última novela é“Lado a Lado” de Claudia Lage e João Ximenes Braga com direção de Dennis Carvalho, onde se despede das telenovelas com a personagem Madame Besançon. Ganhadora de 3 Prêmios Mambembe de Teatro, Beatriz Segall gravou um histórico depoimento para o Museu da TV em 12 de junho de 2000.

E em 2007 é biografada pela amiga e filha da pioneira da TV, escritora Maria
de Lourdes Lebert, a também escritora Nilu Lebert, no livro “Beatriz Segall: Além das Aparências”, lançado pela Coleção Aplauso da Imprensa Oficial de São Paulo coordenada pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho.

Beatriz Segall falece em São Paulo em 05 de setembro de 2018,aos 92 anos, deixando grande lacuna nas Artes Brasileiras, e a certeza de que é possível combinar produção televisiva, cultura, elegância e talento.

Viva a Eterna Musa para sempre perpetuada nas telas do mestre lituano-brasileiro Lasar Segall.

Rodolfo Bonventti

Rodolfo Bonventti

 
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