MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

O grande legado do pioneiro Tito Bianchini



Alberto Bianchini nasceu em Orlândia, interior de São Paulo, na região de Ribeirão Preto, em 15 de janeiro de 1931. Já adolescente, passa a residir na capital paulista e consegue passar no exame vestibular para Medicina na tradicional Faculdade de Ciências Médicas da Praia Vermelha, no Bairro da Urca, que hoje pertence a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mas a ligação com essa Ciência que cuida da saúde e do bem estar humano durou apenas os dois primeiros anos universitários, pois da sua amizade com o paulistano Elio Tozzi, meses mais velho do que ele, surgiu um interesse para trabalhar na nascente Televisão de nosso pais, a TV Tupi, o canal 3 de São Paulo que tinha sido inaugurado a 18 de setembro de 1950. Não demorou muito para que eles fossem contratados pela emissora do Doutor Assis Chateaubriand como câmera man da Equipe Técnica chefiada por Mario Alderighi.

Em 1954, já se encontra trabalhando na TV Paulista, a segunda Emissora de Televisão da cidade de São Paulo, inaugurada dois anos antes, e localizada ainda no acanhado Edificio Liege do alto da rua da Consolação.

De volta a Televisão Tupi, não demorou para se destacar também como Diretor de Imagens de TV nos Teleteatros, especialmente no premiado “TV de Vanguarda”, onde trabalha com Cassiano Gabus Mendes, Lia de Aguiar, Antonino Seabra , Percy Aires e Jaime Barcelos, entre outros.  Em 1956, se destacou como Diretor de Switcher do programa “O Céu é o Limite”, apresentado pelo pioneiro da TV, Aurélio Campos, com direção de Walter George Durst e Tulio de Lemos.

Trabalhando com gabaritados profissionais não foi surpresa o convite para Tito Bianchini ser ator no filme “O Sobrado”, uma adaptação da premiada obra de Erico Verissimo por Cassiano Gabus Mendes e Wálter George Durst, protagonizado pelo saudoso ator Fernando Balleroni.

Todo esse sucesso levou Tito Bianchini a trabalhar na TV Tupi canal 6 do Rio de Janeiro, a convite de seu Diretor Almeida Castro. Ainda no final de 1956, Bianchini é o Diretor de Imagens do Programa “Vôo 21”, uma versão carioca de “O Céu é o Limite”, apresentado no Rio por Hilton Gomes com produção de outro pioneiro da Televisão, Celestino Silveira. Esse trabalho de Tito rendeu a ele o Prêmio Antenas de Prata da Revista “Radiolândia” como o Melhor Diretor de Imagens Televisivas  de 1957.

Mas os tempos eram de grande desafio e em 1960, Tito Bianchini é um dos fundadores da TV Cultura, o canal 2  de São Paulo, onde produz um interessante programa para adolescente intitulado “Teenagerlandia” com direção artística de Mario Fannuchi. Voltando para a Tupi, trabalha com o apresentador Goulart de Andrade, no inovador programa “Sumaré 24 horas” e ainda dirige algumas novelas na TV Excelsior, o canal 9 de São Paulo.

Em 1966, com apenas 35 anos, é eleito o Presidente do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo em sucessão ao seu colega da Excelsior, Carlos Zara. Fez um trabalho sindical com grande esmero, sendo o seu representante no Júri do Troféu Imprensa de 1966 e também do Premio Governador do Estado de São Paulo, na categoria TV e Radio de 1967. Nessa mesma época, se forma em Direito pela Faculdade de Direito de São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

Depois de tanta contribuição artística, cultural e profissional na Radiodifusão, Tito Bianchini passa a se dedicar mais a sua empresa de Limpeza, fundada em 1959, que levou Tito, com mais de 80 anos de idade, a viajar profissionalmente para a China.

Alberto (Tito) Bianchini nos deixou em 26 de janeiro de 2022, com longevos 90 anos, mas o seu legado é lindo demais, deixando para sua família e amigos, um valioso exemplo de ética, coerência, retidão e excelência profissional. Que esse pioneiro fundador e associado nº 36 do Museu da Televisão, do Rádio e do Cinema repouse na paz de Deus, sob a intercessão de São José Operário, o padroeiro de sua cidade natal, Orlândia.

Por Fábio Siqueira.

 

Rodolfo Bonventti

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