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O Bem-Amado, a primeira novela colorida da nossa TV



Para inaugurar definitivamente as exibições diárias coloridas na nossa televisão faltava apenas uma novela produzida inteiramente em cores. E foi Dias Gomes o escolhido para escrever essa novela, que se tornaria um marco na televisão brasileira, mas não só por isso, também por ter sido um dos textos mais bem elaborados e por se transformar em uma produção considerada, até hoje, 42 anos depois, como uma das mais perfeitas da nossa teledramaturgia.

No dia 24 de janeiro de 1973, a TV Globo estreava, no horário das 22 horas, “O Bem-Amado”, uma adaptação para a televisão de Dias Gomes da sua peça teatral “Odorico, o Bem-Amado”, escrita originariamente em 1962, e que tinha como foco central uma sátira à figura do coronéis e políticos que agiam com falta de escrúpulos, demagogia e autoridade nos interiores do país.

A versão televisiva foi atualizada, acrescentou muitos outros personagens, mas manteve a essência da peça, ganhando uma narrativa mais atual e genuinamente brasileira, com diálogos e personagens que entraram rapidamente para a história da nossa teledramaturgia.

A composição do corrupto e demagogo Odorico Paraguaçu, prefeito da cidade de Sucupira, que é adorado por grande parte da população, mas odiado na mesma intensidade por uma parcela de oposicionistas, foi dada a Paulo Gracindo, um ator várias vezes premiado no rádio, no teatro e no cinema, que teve assim o seu melhor papel em uma carreira vitoriosa de 60 anos, criando um personagem inesquecível na nossa teledramaturgia.

Como o próprio Paulo Gracindo afirmava, “O Odorico Paraguaçu fez tanto sucesso, que mesmo após a exibição da novela, todos os prefeitos de cidades que visitei faziam questão de tirar uma foto ao meu lado”.

Ao lado de Paulo Gracindo, o ator Lima Duarte também teve um dos melhores papéis de sua carreira vitoriosa ao dar vida para o inesquecível matador Zeca Diabo, aquele que é autorizado a voltar à cidade e em quem o prefeito Odorico coloca toda a sua fé para que ele mate alguém por ali, e assim o cemitério da cidade pode ser inaugurado.

Além da química entre Gracindo e Lima Duarte ter funcionado muito bem em todas as cenas, a novela foi um marco também em termos de direção, onde Daniel Filho e Régis Cardoso brindaram os telespectadores com uma novela repleta de cenas bem humoradas, críticas e mordazes e com um elenco muito bom que respondeu à altura do que foi solicitado.

Um marco em termos de texto e de direção, “O Bem-Amado” também representou prêmios e consagração para outros atores além de Gracindo e Lima. Teve uma brilhante atuação de Emiliano Queiroz como o atrapalhado e tímido Dirceu Borboleta; os magníficos desempenhos de Ida Gomes, Dirce Migliaccio e Dorinha Duval como as Irmãs Cajazeiras; de Jardel Filho como o estranho médico Juarez Leão; uma estréia brilhante de Sandra Bréa nas novelas como a filha teimosa e temperamental do prefeito, a Telma, além de Zilka Salaberry em uma composição perfeita da delegada e chefe da oposição, Donana Medrado.

Ainda no grande elenco destaques para Carlos Eduardo Dolabella, Dilma Lóes, Gracindo Junior, Maria Cláudia, Lutero Luiz, Milton Gonçalves, Rogério Fróes, Ana Ariel, João Paulo Adour, Ruth de Souza, Antonio Ganzarolli, João Carlos Barroso, Isolda Cresta e Arnaldo Weiss.

O Bem-Amado” foi também a primeira novela a ser comercializada na íntegra pela TV Globo para mais de 30 países, a maior parte deles na América do Sul e do Norte, além de Portugal e Espanha. O sucesso da novela também acabou gerando um outro filho, o seriado do mesmo nome, exibido de 1980 a 1984.

Por Rodolfo Bonventti

Rodolfo Bonventti

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