MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Gilberto Braga, a essência carioca da moderna teledramaturgia



Gilberto Tumscitz Braga nasceu no tradicional e musical bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, em 01 de novembro de 1945. Brilhante aluno das tradicionais instituições de ensino de sua terra natal como o Instituto de Educação e  o Colégio Pedro II, cursou Letras na PUC-RJ e ainda na década de 1960, começava no Jornalismo, escrevendo para o Gil Brandão Modas como crítico de Teatro.

Em razão de sua destacada atividade nesse periódico, em 1970, Gilberto Braga é contratado pelo tradicional jornal O Globo, onde começa a sua curta, mas brilhante trajetória de colunista teatral. E não foi surpresa que em pouco tempo, o jovem de escrita brilhante, tenha sido convidado para trabalhar na Rede Globo de Televisão, mais precisamente no ano de 1972. Era tempo de Boni, Walter Clark, Janete Clair, Dias Gomes e Daniel Filho, e nesse casting de estrelas televisivas, a presença de Gilberto Braga foi muito bem vinda.

Inicialmente foram as adaptações para os “Casos Especiais”, até chegar a colaboração em 1974, na novela “Corrida do Ouro” de Lauro Cesar Muniz com direção de Reynaldo Boury e, finalmente, no ano seguinte, veio a sua primeira novela na Globo como autor titular, que foi “Helena”, adaptação do célebre romance de Machado de Assis com direção de Herval Rossano, que inaugurou com regularidade o horário de novelas da seis da emissora.

Grande e culto leitor, continuou adaptando clássicos em suas primeiras telenovelas: “Senhora” de José de Alencar em 1976; “Escrava Isaura” de Bernardo Guimaraes também em 1976  e “Dona Xepa” de Pedro Bloch em 1977, até finalmente estrear no horário das nobre das oito da noite com “Dancin’ Days” em 1978, estrelado por Sonia Braga e Joana Fomm. O sucesso da novela que introduziu a discoteca em nossa teledramaturgia abriu caminho para um êxito ainda maior em 1980, representado pela novela “Água Viva” com direção de Paulo Ubiratan e Roberto Talma.

Tendo no elenco nomes importantes como Raul Cortez e Tônia Carrero, Gilberto Braga ganhou com muito merecimento o seu primeiro Troféu Imprensa, em razão dessa novela ter sido eleita a melhor daquele ano, derrotando as suas novelistas prediletas, Janete Clair com “Coração Alado” e Ivani Ribeiro com “Cavalo Amarelo”.

Mas pelos mistérios insondáveis da Televisão, demoraria oito anos até que Gilberto Braga lograsse um novo sucesso na Globo. E ele veio com a novela “Vale Tudo” com direção de Dennis Carvalho. Nela Gilberto criou a maior vilã das novelas brasileiras daquela década, Odete Roitman, brilhantemente interpretada pela grandiosa e saudosa Beatriz Segall. Mais uma vez o elenco feminino se destacava com as brilhantes Regina Duarte, Cassia Kiss, Nathalia Timberg e Renata Sorrah, com Gilberto criando o mistério final do assassinato da vilã Odete Roitman que mobilizou todo o País. Com a abertura da música tema composta pelo talentoso Cazuza e interpretada a plenos pulmões pela grandiosa Gal Costa, essa novela, que tão bem retratou nosso país, foi eleita em 2021 a melhor novela destes 70 anos de existência deste vitorioso produto televisivo.

No caso de Gilberto Braga, as suas 17 criações teledramatúrgicas são um belíssimo exemplo deste bem sucedido programa que a Televisão presenteia o telespectador brasileiro há 70 anos. O talento em escrever personagens tão marcantes como o Felipe Barreto de “O Dono do Mundo” em 1991; o Raul Pelegrini em “Pátria Minha” em 1994, ou o par inesquecível de Olavo e Bebel em “Paraiso Tropical” em 2007, demonstraram cabalmente que Gilberto Braga tinha em seu texto a própria essência do folhetim brasileiro, tão bem situado na carioca Copacabana.

Esse gênio da nossa dramaturgia televisiva faleceu em seu Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 2021, aos 75 anos, mas deixou uma obra televisiva premiada, bonita e coerente.

Viva o menino carioca Gilberto Braga, tão admirado por outros gênios da nossa Cultura como Tom Jobim, Maria Bethânia, Caetano  Veloso e Nelson Rodrigues, e que a sua coleção de muitas contribuições para a nossa Arte Televisiva se torne eterna.

Por Fábio Siqueira.

Rodolfo Bonventti

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