MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


NELSON DE MATTOS


Nelson de Mattos nasceu em 30 de janeiro de 1928, em Matão, interior do estado de São Paulo. Filho de imigrantes portugueses, por parte de pai e italianos, por parte de mãe. O pai de Nelson, Narciso Silva Mattos administrava fazendas e foi em uma delas que o garoto se criou. Começou a trabalhar em uma oficina mecânica e gostou, pois o que ele não quis jamais foi ficar “entre quatro paredes”.

Depois, já na capital paulista, começou a se ligar a um engenheiro alemão, com quem teve as primeiras aulas de eletrônica. Conseguiu um emprego de porteiro no Sumaré, sede das Rádios Tupi e Difusora de São Paulo, e posteriormente da televisão também. E foi assim que ficou conhecendo grandes cantores da época, como Vicente Celestino, Francisco Alves, Orlando Silva. Um dia conseguiu ir trabalhar na técnica de som, que era o que mais queria.

Começou a fazer então um pouco de tudo. Colaborou no filme “Quase no céu”, de Oduvaldo Viana, e se empolgou totalmente quando Assis Chateaubriand, o dono das emissoras, decidiu importar todo o material, para montar a primeira emissora de televisão da América do Sul, a PRF3-TV Tupi. Nelson estava em cima de uma das carretas que foi a Santos receber o material, e que desfilou por toda a cidade de São Paulo, em demonstração. O passeio pelo centro da cidade paulistana foi glorioso ! Mas depois chegou a hora de transportar tudo para o último andar do Edifício do Banco do Estado. E aí foi o sufoco ! Tudo, ou quase tudo nos braços de alguns abnegados, pois o material não cabia nos elevadores. E só o primeiro lance do prédio tinha 34 andares.

Mas o esforço foi compensado pela emoção de ver a primeira imagem. Assim como houve emoção, sacrifício, suor e lágrimas, para se conseguir a primeira transmissão à distância. E essa distância era apenas Santos – São Paulo. Para se conseguir a transmissão do Rio de Janeiro a peripécia foi ainda maior. E Nelson de Mattos, amarrado a um helicóptero, transportou partes do transmissor para o Pão de Açúcar, em um lugar em que o helicóptero não tinha espaço para descer. A coisa foi tão engenhosa e perigosa, que, ao final, até o Presidente da República, chamou Nelson de Mattos e o parabenizou. Foi o delírio! Foi o grande feito!

Nelson, porém, não parou nunca, nasceu para isso. Homem simples, quase rude em seu jeito de ser, continuou sempre “inventando moda”. Ajudou na retransmissão do “Quarup” do Parque Nacional do Xingu, uma época de completo desbravamento daquela parte central do Brasil.

Hoje, dentro da empresa que organizou há mais de 20 anos, Nelson de Mattos trabalha em congressos de transmissão simultânea. São congressos de medicina, computação, administração de empresas, enfim, trabalhos de toda ordem, que Nelson organiza em São Paulo e em vários estados do Brasil. Viúvo, pois perdeu a esposa inesperadamente, Nelson fala com orgulho da filha Maria Alice. E é avô de Nicole e Letícia. Nelson de Mattos, o eterno batalhador, o trabalhador, o incansável, o emotivo, o brasileiro, que tem, para suas horas de folga, uma fazenda, onde descansa, trabalhando sem parar. Nelson de Mattos recebeu o Prêmio Pró-TV.

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