Márcia Real se chamava Eunice Alves e nasceu em São Paulo, às margens plácidas, ou seja, no bairro do Ipiranga, em 06 de janeiro de 1929. Ela tinha uma irmã, Regina, e sempre foi muito apegada à mãe, mas foi o pai, que era “ponto” em uma companhia amadora de teatro, que levava a menina a ver espetáculos. E ela ficava fascinada.
Um dia, já adolescente, cruzou na rua com Bibi Ferreira, a grande atriz. Estava ali traçado o seu destino. No mesmo momento, após ligeira conversa, ganhou um papel na peça “Minhas queridas esposas”. Antes disso já tinha tido uma experiência na rádio Tupi com o radialista e diretor, Otavio Gabus Mendes.
Foi uma das pioneiras da TV e graças ao se tipo físico e à bela voz fez muitos “TVs de Vanguarda” e “TVs Comédia”. Fez papéis como Lady Macbeth, Ana Karenina, e inúmeros outros, na TV Tupi de São Paulo.
Depois passou para a TV Excelsior, onde ganhou papéis importantes em muitas novelas, tendo participado com grande relevância em “Redenção”, a mais longa novela que já esteve no ar, com 652 capítulos.
Quando ainda estava na Rádio e Televisão Tupi, casou-se com o violinista Joel, com quem teve a primeira filha, Márcia Regina,que também chegou a ser atriz na TV Tupi. Mais tarde separou-se e casou-se com Lauro, com quem teve sua segunda filha Karina. Márcia não foi só atriz, mas também apresentadora de televisão.
Se destacou apresentando o “Clube dos Artistas”, ao lado de Airton Rodrigues, por quase 10 anos, recebendo e entrevistando todos os tipos de convidados.
Ganhou vários prêmios como atriz. Entre eles três Roquete Pinto, o principal prêmio de televisão da época. Foi a primeira atriz a vencer o Troféu Imprensa em 1961. Trabalhou em praticamente todas as emissoras que desenvolveram teledramaturgia, começando pela Tupi e depois passando pela Excelsior, Cultura, Bandeirantes, Record e SBT.
Seus trabalhos mais lembrados nas novelas foram em “Redenção”; “Os Deuses Estão Mortos”; “Aritana”; “Gaivotas”; “Bebê a Bordo”; “Mico Preto”; “Quatro por Quatro”; “O Olho da Terra”; “Canoa do Bagre” e “O Direito de Nascer” em 2000, no SBT.
Participou de nove filmes, entre eles “O Sobrado” com texto de Walter George Durst e direção de Cassiano Gabus Mendes; “O Rei da Noite” de Hector Babenco; “Amadas e Violentadas” de David Cardoso e “Avassaladoras” de Mara Mourão.
Continuou também constantemente em teatro, com aparições brilhantes, dentre elas como Marlene Dietrich, na peça “Piaf”, ao lado de Bibi Ferreira.
Sue último trabalho no teatro foi com a peça “O Jogo da Velha” e ela sempre foi considerada uma das nossas mais completas atrizes.
Márcia Real faleceu aos 90 anos de idade, em Ibiúna, no interior de São Paulo, e lutava contra o Mal de Alzheimer há anos, tendo sido sepultada no Cemitério São Paulo.