Ela era uma das mais talentosas intérpretes da nossa música e cantava de bossa nova a samba com maestria. Ele era o cantor perfeito para os sambas inesquecíveis de Noel Rosa ou de Lupicínio Rodrigues. A união de Elizeth Cardoso (1920-1990) com Cyro Monteiro (1913-1973) na TV resultou em um dos programas musicais mais elogiados pela crítica na década de 1960.
Em agosto de 1965, a TV Record estreava o programa semanal “Bossaudade”, apresentado pela Divina Elizeth e por Cyro Monteiro. A ideia sempre foi dar espaço ao samba e à bossa nova, e entre um convidado e outro Elizeth e Cyro cantavam seus maiores sucessos.
Era uma época em que o público brasileiro estava descobrindo a nossa genuína música via TV. Junto com o “Bossaudade”, a TV Record lançou nessa época mais programas musicais memoráveis.
A simpatia, a elegância e o carinho de Elizeth com todos os convidados que trazia ao programa a transformaram rapidamente em uma das nossas mais bem-sucedidas apresentadoras dessa década. O jeito mais despojado de ser de Cyro Monteiro e o seu vozeirão faziam o contraponto ideal para que a dupla comandasse, por mais de dois anos, com total sucesso, o “Bossaudade“.
O programa foi o trampolim para revelar ou consagrar nomes como Jair Rodrigues, Os Originais do Samba, Aracy de Almeida, Miltinho, Nora Ney, Isaurinha Garcia, Orlando Silva e Agostinho dos Santos, entre muitos outros.
Foi o precursor também de uma “onda” de outros programas musicais, sempre apresentados por uma dupla ou um trio de cantores que, pela simplicidade com que encaravam a missão, acabaram ganhando a simpatia do telespectador e transformaram a TV Record da década de 1960 na emissora preferida do público paulista, que gostava de música brasileira da melhor qualidade.
Infelizmente, os incêndios na TV Record destruíram todas as imagens do programa e as novas gerações foram podadas de conhecer como eram produzidos com simplicidade, mas com muita dignidade, os primeiros grandes programas musicais da nossa TV.
