Izaura Nunes Martins nasceu no Rio de Janeiro, no bairro de Oswaldo Cruz, em 12 de agosto de 1928, com data de registro quatro dias depois. Ainda adolescente se ligou ao panorama artístico –cultural carioca, tendo sido com apenas 18 anos contratada para trabalhar na Companhia Cinematográfica Cinédia de Adhemar Gonzaga, onde logo nos primeiros dias de 1947, começou a filmar “Um Beijo Roubado” de Leo Marten, com produção do próprio mestre Gonzaga, também um dos roteiristas desta película.
Adotou o nome artístico de Vera Nunes e trabalhou com grandes comediantes daquela época como Walter D’ Ávilla, Spina e Chocolate, além da futura Rainha do Rádio, Marlene e do galã Cyll Farney. No mesmo ano atuou no seu segundo filme, “Pinguinho de Gente”, uma nova produção de Adhemar Gonzaga, agora dirigido por Gilda de Abreu, numa esmerada película, onde trabalhou ainda bem jovem o futuro cineasta Anselmo Duarte, Lucia Delor e Mário Salaberry.
Em 15 de dezembro de 1949, Vera Nunes participou de um momento histórico da ribalta brasileira, com a estréia no Teatro do Hotel Copacabana Palace no Rio de Janeiro, da peça “Um deus dormiu lá em casa”, texto do premiado do dramaturgo Guilherme Figueiredo, com direção de Silveira Sampaio e tendo como protagonistas Paulo Autran e Tônia Carrero, premiados como as revelações teatrais daquele ano, de acordo com a Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT), e o trabalho de Vera Nunes, interpretando a personagem Tessala, também foi muito aplaudido.
Na década seguinte, os frutíferos anos 1950, Vera Nunes continuou colecionando gloriosos trabalhos. Se consagrou no Cinema trabalhando na Companhia Cinematográfica Maristela de Mario Audrá, e no paulistano palco do Teatro Cultura Artística, trabalhou com o amigo Leonardo Villar na peça “Pedacinho de Gente”, de Dario Niccodemi com direção de Ruggero Jaccobi, e produção da Companhia Teatral de Fernando de Barros.
Em 14 de março de 1952, sob a direção do mestre ítalo-brasileiro Ruggero Jacobbi, é uma das fundadoras da TV Paulista, o canal 5 de São Paulo, onde interpreta a primeira Helena de Machado de Assis na TV, em uma adaptação de José Renato, dirigida por ele, assessorado pelo também pioneiro e futuro novelista, Manoel Carlos.
Em 1966, já trabalhando na TV Excelsior, o célebre canal 9 de São Paulo, Vera interpretou Ismenia na novela “As Minas de Prata”, uma interessante adaptação de Ivani Ribeiro, de um livro clássico do romancista cearense José de Alencar, com direção de Walter Avancini. No ano seguinte , mais um trabalho com a dupla Ivani e Avancini, na novela “Os Fantoches”, que entrou no lugar de “As Minas de Prata”. Com a personagem Julieta, Vera Nunes ajudou muito este originalíssimo folhetim a ganhar o Troféu Imprensa como a Melhor Novela de 1967.
Depois de se casar com o também ator Altamiro Martins, no ano de 1961, uma duradoura união que registrou mais de 40 anos, Vera faz na década de 1980, um bonito trabalho teledramatúrgico no SBT, na novela “Jogo do Amor” de Aziz Bajur, com direção de Antonino Seabra, que foi exibida em 1985.
Nos anos 1990, ela e o seu querido esposo ajudaram muito a atriz Vida Alves nos primeiros tempos do Museu da TV de São Paulo, sendo Vera a sua associada de nº66.
Em 2008 foi publicada a sua biografia, intitulada “Vera Nunes-Raro Talento”, escrita pela amiga e jornalista Eliana Pace.
Também estrela das TVs Tupi, Record e Cultura, recebe a derradeira homenagem televisiva em vida, com a exibição na TV Cultura, em 17 de agosto de 2020, do episódio da série “Elas” , sobre as grandes mulheres do Cinema Brasileiro, onde é entrevistada pela atriz Luciana Vendramini.
Ela faleceu na cidade onde escolheu viver, Campinas, em 02 de fevereiro de 2021, aos 92 anos, deixando os seus filhos Silnei Nunes e Silnia Nunes e uma legião de amigos e admiradores. Deixou uma contribuição valiosíssima para as Artes nacionais. Vá em Paz, estrelíssima Vera Nunes.
Por Fábio Siqueira.