MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

A Televisão e suas alegrias, novidades e tristezas em 2018



Um ano que agrega ao mesmo tempo eleição presidencial e Copa do Mundo de Futebol é sempre um oásis para o setor jornalístico, bem como levanta maior interesse por parte do povo brasileiro. Não foi diferente em 2018. Na primeira Copa realizada na Rússia, a Seleção Brasileira conquistou um tímido sexto lugar, assistindo o bicampeonato da Seleção Nacional de Futebol da França. No campo político, o pleito de 28 de outubro elegeu o deputado federal Jair Bolsonaro como trigésimo-oitavo presidente brasileiro, por um partido então pequeno, o Partido Social Liberal (PSL), pouco menos de dois meses de sofrer um grave atentado na mineira Juiz de Fora.

Todos esses acontecimentos impulsionaram a audiência dos telejornais, dos programas jornalísticos, das transmissões esportivas e dos debates presidenciais, se constituindo no ponto alto para o trabalho da Imprensa Brasileira. A Rede Globo, com o monopólio da Copa da Rússia e como a realizadora dos últimos debates entre presidenciáveis no primeiro e no segundo turno, recebeu importantes prêmios, principalmente no tocante ao “Jornal Nacional”, mas também ganhou destaque merecido o “Jornal Hoje”, muito bem representado na figura da jornalista Sandra Annemberg, ganhadora do Troféu Imprensa e do Troféu Melhores do Ano do Programa “Domingão do Faustão” neste ano.

No campo das telenovelas, pode-se afirmar com segurança que a Novela do Ano foi “O Outro Lado do Paraiso”, de Walcyr Carrasco com direção de Mauro Mendonça Filho, exibida pela Globo, que teve por mérito reunir uma gama de atores e atrizes consagrados da Dramaturgia Televisiva Brasileira como Lima Duarte, Laura Cardoso, Fernanda Montenegro e Juca de Oliveira. E também é possível destacar a novela subsequente “Segundo Sol” de João Emanuel Carneiro com direção de Dennis Carvalho, pelas premiadas atuações de Adriana Esteves e Chay Suede, ambos premiados com o Troféu Imprensa.

Na música, se destacou a dupla sertaneja rio-pretense Zé Neto e Cristiano que atingiu o primeiro lugar das paradas de sucesso com a canção “Largado às Traças”, escrita por André Vox, Vitor Hugo e Pancadinha. Também tiveram grande vendagem os novos discos de Luan Santana e de Anitta.

O mesmo ano que celebrou importantes centenários no campo televisivo como os de Homero Silva, Raul Tabajara, Geny Prado, Heber de Boscoli, Bob Nelson, Alceo Bocchino , Celia Biar, Aerton Perlingeiro, Castro Gonzaga, Amilcar Cerri, Ribeiro Fortes, Torresmo, Sonia Oiticica, Machadinho, Jorge Edo, Rafael de Carvalho, Jofre Soares e Pedro Geraldo Costa, dentre muitos outros, também registrou doloridas despedidas. Logo no princípio do ano partiu Carlos Heitor Cony, considerado até então o maior romancista vivo carioca e que trabalhou muito na TV Rio e na TV Manchete. Todo o Brasil também chorou pela perda em março de sua atriz símbolo da beleza nacional por muitas décadas, a grande Tônia Carrero, que brilhou em novelas da Globo, da Manchete, do SBT e da Excelsior. E como não verter lágrimas com a notícia em abril do passamento do genial Nelson Pereira dos Santos, o maior cineasta brasileiro com obras aclamadas nas Cinematecas de todo o Planeta.

E em setembro, a já pranteada televisão perde a sua “vilã maior”, Beatriz Segall, e com certeza a sua notável criação de Odete Roitman, na novela “Vale Tudo” de Gilberto Braga, com direção de Dennis Carvalho deixará bastante saudade. E as novelas ficaram menos alegres com as ausências do grande diretor Henrique Martins, considerado o recordista histórico em direções de novelas, seja na Tupi, na Globo, na Excelsior, na Manchete ou no SBT; com o talento inconteste de Eloisa Mafalda, tão querida atriz pioneira; com a espontaneidade de Oswaldo Loureiro, que também foi um líder quando presidiu o SATED-RJ; com a naturalidade de Cacilda Lanuza, uma das favoritas atrizes do mestre do cinema Alberto Cavalcante e com a graça tão contagiante de Agildo Ribeiro, um dos fundadores do Humorismo na TV Globo .

E a tristeza não se limitou ao mundo da ficção teledramatúrgica. O jornalismo brasileiro, em um
ano tão especial, teve com certeza seu ano mais enlutado: em doze meses faleceram Audálio Dantas, considerada a maior personalidade da história do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e intelectual ganhador do Juca Pato; Alberto Dines, diretor de Redação do Jornal do Brasil e grande nome da TV Educativa do Rio de Janeiro, com o seu incrível Observatório da Imprensa e Jose Marques de Melo, o professor-comunicólogo de gerações na Escola de Jornalismo da USP e na Universidade Metodista de São Bernardo do Campo.

E nos outros campos como na Música Popular (Angela Maria , Dona Ivone Lara e Tito Madi); Esporte (Maria Esther Bueno); Teatro (Etty Frazier)  e Cinema (Roberto Farias e Joel Barcellos) as despedidas não foram menos tristes , pois representaram a perda de brasileiros notáveis. E os Pioneiros da TV ficaram sem a “Dama da Voz” Gessy Fonseca, artista impar e ser humano doce e fraternal.

Em suma, 2018 passou muito rápido, trouxe mudanças significativas e apesar de tantas notícias chorosas, apontou para um futuro novo e desafiador para o Brasil de todos nós.

Rodolfo Bonventti

Rodolfo Bonventti

 
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