Zaé Mariano Carvalho do Nascimento Júnior nasceu em Botucatu em 08 de junho de 1928. Com o pai poeta aprendeu o amor pelas letras e com os conterrâneos famosos aprendeu o amor pela música brasileira, em especial a música caipira.
Vem morar em São Paulo no bairro do Itaim Bibi onde é testemunha do desenvolvimento do bairro nos anos 30. Já na década de 40, trabalha na Imprensa, na Gazeta Juvenil e na Radio Kosmos (PRE7), no Programa do amigo Anisio Fares. No mundo radiofônico faz grandes amigos como Fernandes Soares, Mauro Pires e Henrique Lobo.
Nos anos 50 se forma em Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, tendo sido aluno de professores como Soares Amora, Italo Bettarello e Fidelino de Figueiredo. Passa em concurso público e se torna professor de vários colégios estaduais da Capital paulista. Nesses tempos, estréia na Literatura com um interessante livro infantil chamado “A Gruta Misteriosa”, publicado em 1957 pela Editora do Brasil e elogiado pela critica da Folha da Manha (hoje Folha de São Paulo), escritora Maria de Lourdes Teixeira.
Foram tempos de convívio com várias gerações de literatos, desde os mais velhos como Judas Isgorogotas, Correia Junior e Tito Batini até amigos de sua geração como Geraldo Santos, Plinio Marcos e Sergio de Andrade (“Arapuã”). Sem falar no convívio com os críticos de televisão, que escreviam verdadeiras documentais analises sobre a televisão da primeira década como Marcos Rey, Fernando Cardoso de Menezes e Edmur de Castro Cotti.
No final dos anos 50, Zae Júnior já estava contratado pela TV Tupi, onde passou a produzir o seriado juvenil Capitão Estrela com um elenco estelar: o protagonista Henrique Martins, o cientista Dionisio Azevedo, o vilão Lima Duarte, o garoto David Jose, as mocinhas Maria Valeria e depois Wania Martini e Neuza Azevedo. Tal programa foi um grande sucesso de audiência e ganhou dois dos importantes prêmios de 1960, o Trofeu Imprensa (em sua primeira edição) e o Premio Tupiniquim.
Em 1961, Zaé Junior passa a trabalhar no escritório da renomada agência de propaganda McCann Erickson. Verdadeira escola da publicidade brasileira, era uma das principais empresas de propaganda da época e Zaé trabalhou com contas de importantes empresas como Nestlé, Esso e Kolynos. E foi lá que ele supervisionou o famoso horário de telenovelas da TV Excelsior, canal 9 de São Paulo, chamado Telenovelas Kolynos, que legou para a história da televisão grandes sucessos como “A Deusa Vencida”, texto de Ivani Ribeiro com direção de Walter Avancini, considerada a Melhor Novela da TV de 1965. E para essa pioneira trilha de novela, Zaé compõe juntamente com o amigo e conterrâneo professor Theotonio Pavão, duas músicas que tiveram grande sucesso na época : “Pequena Paisagem de Amor” e “Balada para uma Deusa Menina”.
Grande apreciador do Cinema Brasileiro, sempre reverenciou o talento de Amacio Mazzaropi e a qualidade na direção cinematográfica de Egydio Ecccio. No Teatro Brasileiro exaltou os talentos de Procópio Ferreira, Bibi Ferreira e Sergio Cardoso e na Música Popular Brasileira foi sempre um grande ouvinte e admirador das vozes de Orlando Silva, Morgana e Tonico e Tinoco.
Saindo da McCann Erickson em 1970, Zaé cria a sua própria Agência de Publicidade, A Promark, que chegou a estar entre as 50 maiores do Brasil. Também Mestre da Educação foi docente na Escola Superior de Propaganda e Marketing e na Faculdade Casper Líbero, além de ter sido professor da primeira Turma da Escola de Comunicações e Artes da USP, a convite de seu Diretor Professor Julio Garcia Morejon.
Também histórico nome da Imprensa fez importantes reportagens para a revista “O Cruzeiro” e escreveu nos jornais paulistanos “A Época” e teve suas criações literárias publicadas no Jornal “O Estado de São Paulo” como o conto “O Bonde da Rua Joaquim Floriano”, em 14 de outubro de 1989.
Um dos fundadores do Museu da Televisão, ao lado de sua querida amiga Vida Alves, Zaé Junior chegou aos 90 anos no ano passado em plena atividade profissional, lançando o livro de poesias intitulado “Fugaz Eternidade”, pela Editora Espaço Editorial, uma verdadeira antologia de textos líricos.
Viva Zaé Junior, mestre televisivo e cultural brasileiro! Parabéns!