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Nelson Pereira dos Santos, gênio do Cinema que contribuiu com a TV



Em 21 de abril de 2018 faleceu no Rio de Janeiro o grande cineasta e escritor Nelson Pereira dos Santos, aos 89 anos. A morte de Nelson veio trazer luto e tristeza no panorama artístico do Brasil.

Paulistano do Brás, formado advogado da Turma de 1952 da Faculdade de Direito da USP, trabalhou no jornal “O Tempo” na cidade de São Paulo, onde foi colega de redação de Sylvio Pereira, Walter George Durst e Hermínio Sacchetta. Depois passa a residir no Rio de Janeiro, onde é redator dos tradicionais jornais “Diário Carioca” e “Jornal do Brasil”.

Mas a paixão pelo Cinema é arrebatadora e Nelson estreia seu primeiro longa-metragem em 1955, o aplaudido “Rio 40 Graus”, com Jece Valadão, Glauce Rocha, Modesto de Souza, Sadi Cabral, Zé Ketti, Renato Consorte  e Ana Beatriz no elenco, numa estória bastante original com roteiro inteiramente escrito pelo jovem cineasta, premiado com o Premio Saci de Roteiro do jornal “O Estado de São Paulo”. Também vencedor de premio especial no Festival de Cinema de Karlovy Vary, na antiga Tchecoslováquia.

Nelson se entusiasmou para iniciar a produção de seu segundo longa, também com estória focalizando o Rio de Janeiro. Nascia então em 1957, “Rio Zona Norte”, com Grande Otelo no elenco com atuação premiada no Festival de Cinema da cidade do Rio de Janeiro na época. Com inovadora montagem do editor Rafael Justo Valverde, “Rio Zona Norte”, que tem a participação da Rainha do Rádio Ângela Maria em antológica cena com Grande Otelo, também recebeu premio no Festival de Cinema Uruguaio.

Depois de seu terceiro filme, “Mandacaru Vermelho”, lançado em 1961, com elogiada critica de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos começa a fazer adaptações da literatura brasileira. Seu quarto filme, “Boca de Ouro” (1962), traz ao cinema a célebre peça de Nelson Rodrigues, protagonizada na telinha pelos inesquecíveis Odete Lara e Jece Valadão. Logo no ano seguinte, roda “Vidas Secas”, inspirado no consagrado livro de Graciliano Ramos, onde comove as platéias com os protagonistas Átila Iório (Fabiano) e Maria Ribeiro (Sinha Vitoria). “Vidas Secas” é premiado na França, na Itália, no Vaticano, na Polônia e é considerado pela critica brasileira o melhor filme de 1963.

Grande admirador da obra literária de Machado de Assis, leva ao cinema a adaptação de “O Alienista”, que se chamou “Azyllo Muito Louco” em filme de 1969. Ainda nos anos 1960, adapta obras de dois grandes escritores: Guilherme Figueiredo no filme “Fome de Amor” de 1968  e João Bethencourt no filme “El Justicero” de 1966.

Homem culto e bastante intelectualizado, Nelson Pereira dos Santos foi desde a juventude um grande leitor de Jorge Amado e finalmente, em 1977, consegue lançar o primeiro filme, baseado na obra do renomado romancista baiano, que foi “Tenda dos Milagres”, com Hugo Carvana e Anecy Rocha no elenco. O próprio Jorge Amado elogiou bastante esta adaptação bem como “Jubiabá”, que estreou em 1987, com elenco que contou com Ruth de Souza, Jofre Soares e Grande Otelo.

Mas a genialidade de Nelson  Pereira dos Santos também muito contribuiu para a história da Televisão Brasileira. Em 14 de novembro de 1981, estréia na TV Educativa, canal 2 do Rio de Janeiro, o primeiro de uma série de programas intitulado “Cinema Rio”, um verdadeiro panorama sobre a Sétima Arte na Cidade Maravilhosa.

Em 1983, Nelson é convidado para dirigir o show de inauguração da Rede Manchete de Televisão, onde concebe o espetáculo intitulado “O Mundo Mágico”, que contou com shows épicos de Milton Nascimento e de Paulinho da Viola. Grande apaixonado pela MPB, ainda dirigiu histórico documentário sobre o mestre pernambucano do Frevo, o compositor Capiba, exibido em 1984 pela TV Manchete, além de documentários sobre Tom Jobim (também na Manchete) e Zé Ketti.

Um dos grandes pensadores da Cultura Brasileira de seu tempo, Nelson Pereira dos Santos foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 9 de março de 2006, na Cadeira 07 (com expressivos vinte e sete votos), em sucessão ao embaixador Sergio Correa da Costa. É o primeiro cineasta eleito para a ABL.

Homem referenciado com vários prêmios do Ministério da Cultura, Nelson também recebeu a Legião de Honra da Republica Francesa e é Doutor Honoris Causas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Viva Nelson Pereira dos Santos, o generoso  cineasta do Novo Cinema Brasileiro!

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