MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Ivonete Miranda, justo tributo à “Namorada do Microfone”



Ivonete Miranda da Silva nasceu na inspiradora cidade do Recife, a capital do “Leão do Norte” Pernambuco em 01 de outubro de 1923. Morena bonita e com grande dom para a Arte e para a Comunicação, ainda adolescente começa a cantar em programas musicais para a juventude recifense na pioneira Radio Club de Pernambuco, a célebre PRA-8 que muitos estudiosos consideram a primeira emissora de rádio do Brasil.

A década de 1930 estava terminando e Ivonete Miranda já colhia frutos de seu meteórico sucesso, inclusive cantando sob a batuta do maestro Nelson Ferreira, no programa radiofônico “Hora Azul das Senhoritas”. Com  apenas 16 anos e famosa em sua cidade natal, chega ao Rio de Janeiro em 28 de abril de 1940 e dias depois já canta no principal programa do rádio carioca da época, o “Programa Casé”, apresentado por seu conterrâneo, o radialista Ademar Casé.

Não demorou muito para Ivonete encantar o público carioca e pelas mãos do diretor Armando Figueiredo ser contratada para o “casting “ da Rádio Tupi do Rio de Janeiro (PRG-3). Uma das mais afinadas vozes musicais de sua época, Ivonete Miranda excursionou juntamente com o “Caboclinho Querido “ Silvio Caldas em marcante temporada musical na cidade de São Paulo, onde realizaram conjuntamente históricas apresentações na Radio Tupi Paulistana, a célebre PRG-2.

Desta forma, o premiado cantor das serestas tão imortais assim definiu o talento de Ivonete Miranda: “uma linda voz, indiscutivelmente”. E o eterno “Rei da Voz” Francisco Alves concordou plenamente com a avaliação do amigo seresteiro. Também o gênio mexicano do Bolero, cantor Agustin Lara fez no Brasil declarações públicas bastante elogiosas acerca do talento musical e artístico desta jovem artista.

No transcorrer dos agitados anos 1940, Ivonete conhece o cineasta, produtor musical e radialista alagoano Theóphilo de Barros Filho que foi designado para assumir a Direção Artística e Musical da Radio Tupi. Esse homem culto, também jornalista e advogado e grande amigo do pioneiro do Cinema de Estúdio no Brasil, Adhemar Gonzaga, é convidado pelo mesmo para filmar uma película na Cinédia, o maior estúdio cinematográfico brasileiro da época. Era o ano de 1948, e nascia o filme “Mãe”, baseado em uma radionovela  do radialista e escritor Giuseppe Ghiaroni, a partir do clássico poema do literato maranhense Coelho Neto.

Foi uma esmerada produção artística, que significou a estréia de Jorge Doria no Cinema Nacional, bem como a presença em seu elenco dos ídolos cinematográficos da época como Alma Flora, Manoel Vieira, Benê Nunes, Amadeu Celestino, Cecy Medina, Cesar Ladeira, Luiza Barreto Leite, Ferreira Leite, Delórges Caminha, Armando Braga e ainda as também estréias dos futuros astros Dary Reis e Olney Cazarré. Ivonete Miranda declama no filme um comovente texto de Coelho Neto, encantando as platéias.

Em 1950, acompanha o marido Theophilo de Barros Filho na inauguração da TV Tupi canal 3  de São Paulo, e com o tempo prefere dar uma pausa a sua carreira artística para cuidar da família. Em 1952, pela Gravadora Star, lança o seu último disco, que teve divulgação na famosa “Revista do Rádio”. Nesse tempo Ivonete Miranda inicia uma longa amizade com a colega de Radio e de Televisão Vida Alves, amizade essa que durou mais de sessenta anos, só encerrada com o triste passamento da fundadora do Museu da TV em 2017.

Ivonete Miranda ajudou muito Vida Alves e tantos pioneiros e pioneiras a fundar a PRÓ-TV em 1995, ainda com o nome APITE, pois sempre teve personalidade agregadora. Sua filha, a Dra. Denise Miranda de Barros chegou a ser Diretora Jurídica do Museu da TV  até recentemente, ainda sob a Presidência de Vida Alves.

Uma paixão de Ivonete Miranda foi a Literatura. Grande escritora e poetisa pertenceu ao ICAL (Instituto Cultural Artístico Literário do Brasil) e também a AJEB –SP (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil secção São Paulo), onde compartilhou do convívio com as também pioneiras da TV Jane Batista e Kina de Oliveira .

Em 2014, seus poemas “Encontro” e “Gosto” foram publicados na Revista PRÓ-TV, acompanhados de uma matéria escrita pela amiga Vida Alves, que definiu Ivonete Miranda como “Uma Grande Mulher”. Ela faleceu em 07 de junho de 2019, aos 95 anos em São Paulo, tendo sido sepultada ao lado de seu  Theophilo no Cemitério do Araçá, na capital paulista que muito amou, deixando dois filhos: Denise Miranda de Barros e Roberto Miranda de Barros e netos.

Viva Ivonete Miranda a eterna “Namorada do Microfone” dos rádios e das TVs  brasileiras.

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