A TV Globo, em setembro de 1971, fechou uma parceria com a multinacional Shell que patrocinou um programa semanal que consistia em uma série de 20 documentários especiais. Nascia assim, o “Globo Shell”, um precursor, de uma certa forma, do “Globo Repórter” que até hoje está na grade da emissora.
Exibido inicialmente às quintas-feiras, no horário das 22h30, esses documentários buscavam abordar a realidade brasileira, dentro das possibilidades que o regime militar permitia, naquele período conturbado do início dos anos 70.
Foi no cinema nacional que a Globo foi buscar os principais diretores e roteiristas para esses documentários. Os três primeiros, e muitos dos que foram apresentados, durante os dois anos que o “Globo Shell” ficou no ar, foram dirigidos pelo cineasta Paulo Gil Soares. O primeiro documentário foi sobre Arte Popular e o segundo sobre o Natal na visão dos brasileiros.
Pouco tempo depois, foi a vez do cineasta Domingos de Oliveira se integrar à equipe do programa e produzir documentários sobre “Os Fabulosos Anos 60”. Falava-se de saúde, educação, habitação, turismo e urbanismo, mas também se deu uma “colher de chá” para o regime político em vigor e temas como Projeto Rondon e Transamazônica, também fizeram parte do cardápio do programa.
No início de 1972, o programa passou para a noite dos domingos, também as 22h30, e alguns documentários passaram a ser rodados e produzidos fora do Brasil, em uma experiência até então inédita na nossa televisão. Para reforçar a equipe foram incorporados outros nomes expressivos do nosso cinema como Antonio Calmon, Geraldo Sarno, Gustavo Dahl e Wálter Lima Junior.
O programa mudaria de dia de exibição em agosto de 1972, quando passou para as quartas-feiras, ainda no horário das 22h30, mudando novamente em janeiro de 1973, quando ficou com o horário das 23h às terças-feiras. O último documentário do programa, já nessa época chamado de “Globo Shell Especial”, foi ao ar em 27 de março de 1973, e tinha como tema “O Velho Chico, O Santo Rio”, sobre a importância do Rio São Francisco para o Norte e Nordeste do País. Com direção de Carlos Augusto de Oliveira, irmão de Boni, e a coordenação de Paulo Gil Soares, era totalmente colorido.