Farnésio Dutra e Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de novembro de 1921. Bastante afeito a atividades artísticas e culturais, já na adolescência, aos 14 anos, se apresentava no “Programa Picolino”, apresentado por seu conterrâneo radialista Barbosa Junior, na Radio Mayrink Veiga (PRA-9), em sua terra natal. Dedilhando histórica peça musical do compositor erudito espanhol Manoel de Falla, no piano, encantou ouvintes, radialistas e especialistas em música.
Na década de 1940, finalmente conseguiu lançar o seu primeiro disco, em 1944, um 78 rotações com as costumeiras duas músicas, que neste caso foram I Don’t Want To Walk Wi Thout You de Jule Styne e de Frank Loesser, bem como The Story Of A Starry Night de Al Hoffman e de Manny Curtis. Essa produção musical chamou a atenção da gravadora Continental Discos, pois naquela época, Dick Farney com apenas vinte e dois anos, já demonstrava talento, tanto no canto como no instrumento. Em 1946, fez sucesso nacional gravando o clássico de Braguinha e de Alberto Ribeiro, “Copacabana”, e no ano seguinte, encantou o nosso País com “Marina” de Dorival Caymmi, conquistando elogios do genial cantor e compositor baiano.
Chega a década de 1950 e Dick Farney lançou importantes discos nas destacadas gravadores Capitol, Sinter, Odeon, Columbia e Polydor, e mais precisamente em 1952, gravou “Alguém Como Tu” de Jose Maria de Abreu e de Jair Amorim, um dos maiores sucessos daquele ano.
Quatro anos depois, cantava com grande destaque em excelentes programas musicais da carioca TV Tupi, canal 6, e da paulista TV Record, canal 7. Iniciando os anos 1960, se torna o apresentador do programa musical “Campeões do Disco” na Tupi, já o canal 4 de São Paulo, juntamente com a atriz paulista Marisa Sanchez, que na época era esposa do ator Lima Duarte.
Nessa época, não pairava nenhuma dúvida sobre a grande contribuição de Dick Farney para a Televisão e também para a Música Popular Brasileira, pois eram dourados tempos da Bossa Nova em nosso País. Antes, em 1954, ele já gravara com destaque a musica “Tereza da Praia”, composta pelo maestro Tom Jobim, juntamente com o compositor paraense Billy Blanco e gravada em dueto com o amigo de sempre, o cantor Lucio Alves.
A sua importância na Bossa Nova foi tamanha que o jornal Folha de São Paulo dedicou a ele o numero 02 da Coleção Folha 50 anos de Bossa Nova, onde se pode escutar músicas boas e compostas por Aloysio de Oliveira, Hervê Cordovil e Johnny Alf.
Em 1965, foi um dos fundadores da TV Globo, o canal 4 do Rio de Janeiro, onde apresentou com a sua conterrânea Betty Faria, o programa musical “Dick e Betty 17”, com direção dos saudosos Ronaldo Bôscoli e Luiz Carlos Miéli. E nas duas décadas seguintes, sempre fez interessantes números musicais na emissora do doutor Roberto Marinho.
Em 1978, gravou um importante disco na gravadora da Rede Bandeirantes de Televisão, onde fez um excelente programa especial. Em 1983, foi homenageado pela paulistana TV Cultura, com o musical “Dick Farney Especial”, com merecido sucesso, e ainda antes gravou com o premiado produtor musical Fernando Faro, o icônico “Programa MPB Especial”, que foi ao ar em 13 de junho de 1972, um dos primeiros deste vitorioso programa.
Admirado por mestres de nossa Cultura como Arley Pereira, Dolores Duran, Victor Costa, Paulo Machado de Carvalho e Carlos Manga, veio residir na capital paulista, onde faleceu precocemente, aos 65 anos de idade, em 04 de agosto de 1987. Dick Farney foi sepultado no paulistano Cemitério Congonhas, num solo ajardinado e elegante que combina com o esmero e perfeição da sua obra artística, afinada, delicada e incrível.
Que o internacional cantor Dick Farney seja sempre lembrado em nossos ouvidos, corações e almas.
Por Fábio Siqueira.
