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Centenário de Zé Keti, o compositor que tanto honrou o samba



José Flores de Jesus nasceu no Bairro de Inhaúma, no Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1921, tendo sido registrado apenas em 06 de outubro de 1921, filho de Josué Valle de Jesus e de Leonor Ignácia de Jesus. Ainda adolescente, começou a frequentar a Escola de Samba Portela, onde conheceu pessoalmente o seu legendário fundador, o sambista Paulo da Portela. Naqueles tempos, a Escola Azul e Branca de Madureira já tinha sido a grande campeã do Carnaval de 1935, e já conhecia a sua segunda década de existência.

E foi nesse ambiente musical e artístico que o jovem Zé Keti finalmente conseguiu estrear como compositor em 1947, quando sua música “Tio Sam no Samba”, composta juntamente com o parceiro musical Felisberto Martins, é gravada pelos Vocalistas Tropicais, na carioca Gravadora Odeon, uma das maiores daquele tempo.

Na década seguinte, rainhas e reis de nossa Cultura começaram a gravar músicas de Zé Keti. Em 1951,  a Rainha do Rádio Linda Batista grava “Amor Passageiro”, que também era de Jorge Abdala e anos depois, outras estrelas de nossa canção como Elizeth Cardoso, Marlene e Ângela Maria também imortalizaram as suas criações. E como não se alegrar ao ouvir a obra vitoriosa de Zé Keti nas masculinas vozes de Jorge Goulart, Francisco Egydio e Jamelão.

E ainda na riquíssima década de 1950, o jovem cineasta Nelson Pereira dos Santos encomenda a Zé Keti uma musica para o seu primeiro filme, “Rio 40 Graus”, de 1955, um clássico. E para uma obra tão extraordinária, uma música imortal, nascia “A Voz do Morro”, letra e música de sua lavra tão fecunda. Esse encontro artístico deu tão certo que Nelson fez questão de ter Zé Keti como ator em seu segundo filme, o não menos importante “Rio Zona Norte” de 1958, onde com talento interpretou Alaor Costa, não restando a menor dúvida de que o premiado roteiro desta película foi bastante inspirada na vida do próprio sambista de Inhaúma, que convidou Nelson para ser o padrinho de Batismo de um de seus filhos.

Nos anos 1960, finalmente Zé Keti consegue gravar o seu primeiro disco de grande impacto, aquele que registrou o vitorioso show “Opinião”, escrito por Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha), Armando Costa e Paulo Pontes e dirigido por Augusto Boal, e que trazia no palco também Nara Leão e Joao do Vale. Um dos grandes acontecimentos musicais do ano de 1965 no Rio de Janeiro, esse trio de artistas cantava musicas de outros grandes compositores como Carlos Lyra, Edu Lobo, Vinicius de Moraes e Ruy Guerra, encantando plateias do Teatro de Arena em Copacabana. E no ano seguinte, Nara Leão é substituída neste marcante espetáculo musical pela cantora baiana Maria Bethânia. E em 1967,  a “Rainha da Voz” Dalva de Oliveira ganhava o Carnaval Carioca cantando a comovente “Máscara Negra”, que Zé Keti compôs juntamente com  Hildebrando  Pereira Mattos.

Na década seguinte, Zé Keti grava o legendário programa “MPB Especial” na TV Cultura paulistana, produzido por seu amigo Fernando Faro. A exibição, em 1973, brindou os telespectadores da emissora educativa de São Paulo com músicas belíssimas de sua autoria. Muitos anos depois, já com o nome “Ensaio”, Faro recebeu novamente Zé Keti, que neste tempo já morava em São Paulo e chegou até mesmo a concorrer a vereador na capital paulista.

Mestre do samba da estatura de seus conterrâneos Cartola e Nelson Cavaquinho, ele faleceu no Bairro da Tijuca, em sua cidade natal, em 11 de novembro de 1999, aos 78 anos de idade. Dois anos antes, em 24 de novembro de 1997, recebeu o Premio Shell de Musica Popular Brasileira, em uma bonita festa no tradicional e carioca Canecão.

Muito admirado, é escolhido como o artista homenageado na 18ª Edição do Premio Sharp de Musica Popular Brasileira, que ocorreu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 16 de maio de 2007.

Nestes tempos do centenário de seu nascimento, a obra tão social e poética de Zé Keti deve ser mais do que nunca ouvida, apreciada e reverenciada. Viva Zé Keti!“

Por Fábio Siqueira.

 

Rodolfo Bonventti

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