Maria Clara Jacob Machado nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 03 de abril de 1921. Seu pai era o escritor Aníbal Machado (1894-1964), que marcou as Letras Brasileiras. Ainda bebê, Maria Clara se muda com seus pais para o Rio de Janeiro, nossa então Capital, passando a residir no bairro de Ipanema.
Tendo convivido com dezenas de escritores em seu lar, depois de uma rápida viagem de estudos teatrais na França, regressa ao Brasil com o firme propósito de criar um empreendimento teatral e realizada esse sonho em 28 de outubro de 1951, quando funda o Grupo Teatral O Tablado.
Tudo começou bem simples, mas reunindo uma plêiade de grandes artistas em torno de Maria Clara, e em 1953, com dois anos incompletos de intenso trabalho surgem as duas primeiras peças infantis escritas por ela: “O Boi e o Burro no Caminho de Belém” que contava em seu elenco com Paulo Padilha, Napoleão Moniz Freire e Germano Filho e que estreou no final daquele ano, pois era um Auto de Natal, e depois “O Rapto das Cebolinhas” com Cláudio Correa e Castro e Roberto de Cleto no elenco. que estreou no ano seguinte.
Em 1955, Maria Clara Machado escreve, dirige e produz o maior sucesso do Teatro O Tablado, “Pluft, O Fantasminha”, que estreia em 30 de setembro daquele ano, naquele palco do carioca Bairro da Lagoa. A peça ganha o Prêmio Saci conferido pelo jornal O Estado de S. Paulo, bem como o Prêmio da atual Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
No ano seguinte, outro clássico de Maria Clara Machado, “O Rapto das Cebolinhas”, ganha caprichada montagem na TV Tupi, o canal 6 do Rio de Janeiro, onde com cenários do mestre Pernambuco de Oliveira, a estrela Fernanda Montenegro interpreta a menina Lúcia.
Ainda naquela inaugural década da Televisão no Brasil, outros textos consagrados da criadora de O Tablado ganhariam versões televisivas com a produção e a direção de seu admirador, o ator e diretor Fabio Sabag que em seu programa de Teleteatros Infantis na carioca Tupi, chamado “Vesperal Trol”, levaria aos telespectadores, “A Bruxinha que era Boa”; “Pedro Macaco” e “O Boi e o Burro no Caminho de Belém”.
Na década de 1960, esse talento criativo de Maria Clara Machado seguiria com brilhantismo o seu curso, e no ano de 1968, finalmente ela ganharia o Premio Moliére de Melhor Autora Teatral do Rio de Janeiro, pelas peças “Aprendiz de Feiticeiro” e “Maria Minhoca”.
A sua primeira peça adulta, intitulada “Referência 345”, ganhou adaptação televisiva no mesmo ano de sua estreia, em 1963, em trabalho realizado na TV Rio, o canal 13 do Rio de Janeiro. Nessa mesma época, a mestra dava aula no Conservatório Nacional de Teatro do Rio de Janeiro e ainda dirigia a conceituada Revista Cadernos de Teatro, uma publicação que documentava a própria cena teatral da Cidade do Rio de Janeiro com bastante minucia, qualidade e esmero. E em 1961, o diretor Sergio Britto, levou ao premiado “Grande Teatro Tupi”, a peça “O Boi e o Burro no Caminho de Belém”, com grande repercussão de publico e de critica.
Nos anos 1970, realiza mais um sonho quando em 01 de abril de 1975 a sua obra “Pluft, O Fantasminha” estreia na Rede Globo de Televisão, com direção de Geraldo Casé, protagonizada por Dirce Migliaccio. Em 1984, na versão cinematográfica de outro de seus clássicos infantis, “O Cavalinho Azul” com direção de Eduardo Escorel, aceita participar como atriz dessa obra destinada ao publico infantil. ao lado de competente elenco.
Ganhadora do Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1991, Maria Clara Machado faleceu no Rio de Janeiro, aos 80 anos, em 30 de abril de 2001, e imediatamente recebeu varias homenagens como um Teatro com seu nome na Cidade Maravilhosa; uma Escola Municipal em São Paulo e uma rua em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Mas com certeza a maior das honrarias está em sua persona artística, que com a sua obra infanto-juvenil inovou a forma de se escrever Teatro para a criança e para o adolescente brasileiro.
Viva a mestra de nossa Cultura, Maria Clara Machado, em seu centenário!
Por Fábio Siqueira.