MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


ASSIS CHATEAUBRIAND


Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo nasceu na cidade de Umbuzeiro, em 4 de outubro de 1892. Foi um menino muito ativo e interessado nos assuntos nacionais. Ele era filho de Francisco José Chateaubriand Bandeira de Melo, bacharel em direito, e de dona Maria Carmem Guedes Gondim. Durante toda a sua vida, Chateaubriand mostrou-se orgulhoso de seu sangue nordestino. Dizia ele, quando já homem: “Sou filho dessa mesma hirta paisagem, donde meses e meses do ano a água e a verdura desertam”. Quis estudar direito, como o pai. E o fez em Recife, considerada a época, a capital nordestina.

Desde pequeno ele lia muito, livros de filosofia e de direito. Sabia, já em garoto, que não lhe caberia uma vida rotineira. E começou a trabalhar em jornalismo já aos 15 anos. Seu começo foi na “Gazeta do Norte”. Escrevia também no “Jornal Pequeno” e no “Diário de Pernambuco”. Ao se formar bacharel candidatou-se à vaga de professor e, aos 23 anos, já era “mestre”: Professor de Direito Romano e Filosofia do Direito. Todos percebiam sua genialidade, mas não sabiam mensurar o quanto. Chateaubriand perdeu o pai aos 13 anos. Porém via sempre acima da dificuldades, e os momentos difíceis o impulsionavam para a frente. Em 1917 foi ao Rio de Janeiro para atuar como advogado da parte contrária ao futuro presidente Epitácio Pessoa. Como não tinha dinheiro, para se manter, entrou no “Correio da Manhã”, e foi enviado à Alemanha, para fazer reportagens internacionais. De volta ao Brasil lançou o livro: “Alemanha”. Ao voltar, resolveu comprar “O Jornal”. Atraiu, para juntar-se a ele, empresários dos quais era advogado. Atraiu o sr. Alexandre Mackenzie, superintende da Light. Ele próprio possuía só 100 contos. E o sócio, 5.700 contos. Assim nasceu, a 2 de outubro de 1924, o primeiro órgão, daquela que ia ser uma cadeia de jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão do Brasil: “As Empresas Associadas”. Complexo de comunicação ímpar, naquela época, que cobria o Brasil de norte a sul, de leste a oeste.

O paraibano criou e dirigiu os Diários Associados. Eram 36 jornais, 39 emissoras de rádio, 13 emissoras de televisão em todos as capitais do país, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma revista mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora (18 revistas ao todo). Chateaubriand casou-se uma vez só, com Maria Henriqueta Barroso do Amaral. Eles tiveram três filhos: Fernando, Gilberto e Teresa. Mas Chateaubriand, chamado por muitos de Chatô, não se dedicava e não amava só seus jornais e emissoras.

Suas lutas foram várias: – Pelo desenvolvimento do turismo, pela alfabetização popular: pela valorização do Brasil; contra a devastação das florestas brasileiras; em favor do algodão do Nordeste; pela produção de açúcar; pela produção de cafés finos; pela pesquisa científica; pelo aproveitamento do potencial hidro-elétrico; pela implantação de postos de puericultura: implantou em todo país 500 postos de puericultura; criação de museus (em especial): Museu de Arte de São Paulo). Mas a grande conquista, foi o lançamento da televisão no Brasil. O poder da “Máquina subserviva”, como ele a chamava, fez de seu pioneirismo, quer em São Paulo, como no Rio, e depois em todo o Brasil, a sua maior conquista. Seu amor, porém, maior e eterno, era o jornalismo. E assim permaneceu escrevendo sempre. Ele escreveu 11870 artigos assinados. Deu ainda oportunidade para escritores e artistas desconhecidos até então. Entre eles: Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinalii entre outros.

Tinha sempre uma ideia, para sair de dificuldades. E isso foi visto por muitos, como atitudes pouco éticas, ou amorais. Mas ele era um empresário genuíno, empreendedor, inquieto, atento às novidades, como o foi quando da televisão. Foi por seu espírito atilado, que o Brasil entrou para a história como a 4ª do mundo a implantar a televisão. Atrás apenas dos Estados Unidos, Inglaterra e França. Para comprar material para a implantação e o funcionamento dos primeiros tempos, voltou a usar a mesma “técnica”, que usou para criar seu primeiro jornal. Chamou para estarem ao seu lado amigos com posses. Eram os proprietários ou diretores gerais das seguintes empresas: Organização Francisco Pignatari, Moinho Santista, Companhia Antartica Paulista, Sul América Seguros. A estes Chateaubriand deu crédito, correspondente em tempo, ao que haviam doado. Cotinuava a existir nele o homem prático, inteligente, decidido. Apaixonado também e bastante ligado ao povo indígena do Brasil, Chateaubriand fazia muitas visitas a eles, dos quais se dizia descendente. Foi por isso que deu às suas emissoras de rádio e televisão, nomes indígenas, e tanto lutou para que fossem conhecidos e respeitados . Assis Chateaubriand foi recebido na Academia Brasileira de Letras do Brasil. Vestiu o Fardão, na vaga de Getúlio Vargas.

Ao seu primeiro discurso deu o nome de “Aquarela do Brasil”. O nordestino foi também senador da república, representando a Paraíba e depois o Maranhão, em dois mandatos. Foi também Embaixador em Londres, atendendo a convite do presidente Juscelino Kubitschek . Estabeleceu relações comerciais com os países da chamada “Cortina de Ferro”. Mas Chateaubriand adoeceu. Teve trombose, em 1960. E esta o deixou paralisado . Para se comunicar, através apenas de sinais e balbucios, mandou fazer uma máquina de escrever adaptada. E continuou a escrever até o último dia. Ia também à recepções que dava ou recebia. Escrevia os discursos e levava um porta voz. Estes foram: Lima Duarte, à princípio e depois César Monteclaro.

Assis Chateaubriand faleceu em 4 de abril de 1968. Seu corpo foi velado no grande Saguão dos Diários de São Paulo, por onde passaram milhares de pessoas que o conheciam, ou amavam, ou até o odiavam, porque na verdade todos o admiravam e respeitavam.

 
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