MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Bibi Ferreira, gênio artístico de seu tempo e da Cultura Brasileira



Abigail Izquierdo Ferreira, carioca da Tijuca, já nasceu em dourado berço, pois é filha do notável ator Procópio Ferreira e da bailarina Aida Izquierdo. Ainda criança estava nos palcos em peças juntamente com o pai. Mas sua estréia profissional se deu em “La Locandiera” de Goldoni, que estreou no palco do Teatro Serrador, no Centro do Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1941.

“Mirandolina” foi só a primeira de muitas personagens teatrais de Bibi, que ainda nos anos 1940, deu vida a incríveis criações de Mario Lago, Jose Wanderley e Martins Pena. Com apenas vinte e dois anos cria a sua própria Companhia Teatral em 1944, onde trabalharam outras estrelas de nossos palcos como Maria Della Costa, Cacilda Becker e Henriette Morineau. Em 1950 é eleita pela ABCT (Associação Brasileira de Críticos Teatrais) a melhor atriz pela peça “A Herdeira” de Henry James que teve uma arrojada direção teatral da própria Bibi.

Neste mesmo ano nasce a Televisão no Brasil e durante toda a década  de 1950, Bibi Ferreira fez importantes trabalhos nesse novo meio de comunicação como na TV Tupi canal 3 de São Paulo, no “Teleteatro Grande Teatro Monções”, onde trabalha ao lado do colega dos palcos Rodolfo Arena, na peça “Beija-me e Verás” de Hugh Herbert com tradução de Raymundo Magalhaes Junior.

Colecionando grandes sucessos também nos palcos, em 31 de julho de 1960, na qualidade de uma das fundadoras da TV Excelsior canal 9 de São Paulo, Bibi Ferreira estréia o programa “Brasil 60”, sob a direção do mestre televisivo Manoel Carlos, tendo Álvaro de Moya como o diretor artístico da emissora. Esse programa, que mudava de nome conforme o passar dos anos (“Brasil 61”; “Brasil 62”; “Brasil 63”), foi um marco na Televisão Brasileira, recebendo já em seu primeiro ano, praticamente todos os prêmios televisivos da Imprensa da época e registrando um índice de
audiência bastante representativo.

Bibi com elegância, talento e competência recebeu nomes fundamentais da Cultura Brasileira no histórico palco da emissora situado no Teatro Cultura Artística, como Lupicínio Rodrigues, Agostinho dos Santos, Dick Farney, Dorival Caymmi, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Lamartine Babo, Dalva de Oliveira, Vicente Celestino, Grande Otelo, Pixinguinha, Ataulfo Alves, Pery Ribeiro, Silvio Caldas, Aracy de Almeida, Marlene e Orlando Silva, sem falar em nomes de outras áreas como Pelé no Esporte e Julio de Mesquita Filho no Jornalismo. A equipe do programa, com Cyro Del Nero na Cenografia e Jayme Barcelos na Produção, demonstrava a qualidade desta
memorável atração.

Em 1970, Bibi já brilhava na TV Tupi canal 6 do Rio de Janeiro, com o seu “Bibi Série Especial”, que tinha em sua equipe profissionais do quilate de Giuseppe Ghiaroni, Wilson Rocha, Roberto
Silveira, Paulo Pontes e Eduardo Sidney. Naquele ano, Bibi Ferreira foi eleita novamente a melhor apresentadora de TV, recebendo o Troféu Imprensa.

Em 1978, Bibi Ferreira é convidada para apresentar um programa mensal na TV Globo, com o nome de “Brasil Especial”, onde trouxe gigantes como Ivon Cury, Tom Jobim e Elizeth Cardoso, além de registrar as últimas aparições de seu grande pai, Procópio Ferreira. Com grande direção de Augusto Cesar Vannucci e uma equipe de redatores altamente especializados  como Ricardo Cravo Albin, Sergio Cabral e Paulo Afonso Grisolli, a atração ia ao ar na vitoriosa “Sexta Super” e ganhou continuidade no ano seguinte com o nome de “Brasil 79”.

Bibi Ferreira que foi Edith Piaf, que foi Amália Rodrigues e que nos palcos foi ainda a Medeia de Eurípedes e a Dulcineia de Cervantes, foi responsável pelas carreiras de divas nacionais como Clara Nunes, Elizeth Cardoso e Maria Bethania nos palcos em grandes shows que ela dirigiu. Ela foi também a primeira mulher a transmitir a Cerimônia do Oscar e a primeira profissional da televisão brasileira a ser premiada no Japão.

A maior artista de seu tempo e Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e nome de Teatro em São Paulo e também no Rio de Janeiro, Bibi partiu serenamente, em seu querido Rio de Janeiro, em 13 de fevereiro de 2019, aos 96 anos. Com certeza, o Mundo Universal das Artes perdeu uma de suas estrelas mais completa e o Brasil perdeu sua Galáxia Artística Maior!

Viva o mito Bibi Ferreira!

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