MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

“A Banda” ganhou. “Disparada” também. Mas foi a MPB a grande vitoriosa



Em 10 de outubro de 1966, os telespectadores brasileiros assistiram a um dos momentos mais mágicos da nossa tv: a final do II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Três intérpretes, dois gêneros musicais totalmente diferentes e duas canções que entraram para a história da MPB.

Quem assistia à final daquele festival produzido por Solano Ribeiro, o mago dos festivais, não tinha a menor ideia de quem iria levar o prêmio máximo, o primeiro lugar, tamanha era a categoria de cada uma das duas canções e a euforia que elas provocaram no público. Tanto em casa como no auditório da TV Record, as torcidas se dividiam, com uma ligeira queda pela canção de Chico Buarque.

De um lado estava a lúdica e até carnavalesca “A Banda”, composta por Chico Buarque e interpretada com muita simpatia por ele e a cantora Nara Leão. Do outro estava a “politizada” e pungente letra de “Disparada”, uma composição de Geraldo Vandré e Theo de Barros, que ganhava ainda mais força com a brilhante interpretação de Jair Rodrigues.

Se o público não conseguia se decidir, o júri também não e, como contou Paulinho Machado de Carvalho, diretor da TV Record na época: “A Banda tinha uma vantagem mínima em cima de Disparada nos votos dos jurados, mas o próprio Chico Buarque fez questão de se manifestar nos bastidores e dizer a todos que não ia aceitar que Disparada não levasse o primeiro lugar. Todos concordavam com ele nos bastidores e o júri decidiu que a última bênção antes de se anunciar o resultado tinha que ser minha. Eu não tive dúvida e propus que a decisão fosse pelo empate.”

Decisão aprovada por todos: jurados, intérpretes, compositores e o público que lotava o auditório da TV Record. Foi a consagração de Chico Buarque, de Jair Rodrigues e de Nara Leão. Foi também a consagração dos festivais de música popular brasileira na televisão, que por mais três ou quatro anos iriam brilhar na nossa telinha.

Mas o sucesso desse festival não ficou apenas em “A Banda” e “Disparada”, que se transformaram em clássicos da nossa MPB. Das 36 músicas classificadas inicialmente, que foram apresentas em três noites, também estavam canções importantes como “De Amor ou Paz”, com Elza Soares; “Canção para Maria”, também defendida por Jair Rodrigues; “Canção de Não Cantar”, com o MPB-4; “Ensaio Geral”, com Elis Regina e “Um Dia”, com Caetano Veloso e Maria Odete.

Um festival que jamais será esquecido pela qualidade dos intérpretes, das músicas, pela organização e pela grande euforia e expectativa que ele criou no público.

Rodolfo Bonventti

Rodolfo Bonventti

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