Álvaro de Moya, paulistano da gema, nascido no Bairro de Santana, Zona Norte da “Terra da Garoa”, em 19 de julho de 1930, marcou de forma definitiva a história dos Quadrinhos e da Televisão Brasileira. Filho do escritor Salvador de Moya, o fundador do Instituto Genealógico Brasileiro e de Amelia Moya, em 1950, ele já trabalhava no jornal paulistano “O Tempo”, fundado pelo escritor e advogado Sylvio Pereira, tendo sido colega do novelista Walter George Durst. E foi exatamente o amigo, mestre e colega de redação Durst que indicou o jovem santanense para desenhar os letreiros do espetáculo de inauguração da TV Tupi, canal 3 de São Paulo. E nascia aí a umbilical ligação de Moya com a televisão do Brasil
No ano seguinte, Moya é pioneiro mundial, quando organiza juntamente com seus amigos Jayme Cortez, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e Syllas Roberg a Primeira Exposição Internacional de História em Quadrinhos, que foi inaugurada em 18 de junho de 1951, no Centro de Cultura e Progresso, no Bairro do Bom Retiro em São Paulo. Até hoje as enciclopédias de quadrinhos mundiais se referem a esse acontecimento gráfico como uma importante marca na história deste segmento.
Mas Álvaro de Moya ainda com pouco mais de vinte anos, continuava a trilhar sua bonita história na televisão. Em 1952, auxilia o Wálter Durst na adaptação de “Markheim”, para o Teleteatro Tupi, onde trabalha com o seu inseparável amigo Syllas Roberg e começa uma longa amizade com um ator nascido no mesmo ano que ele, o mineiro Lima Duarte.
Em 1955, acompanha o grande diretor Demerval Costa Lima, quando ele, sua esposa e apresentadora Sarita Campos e um grande numero de importantes pioneiros decidem sair da Tupi para trabalharem na TV Paulista, canal 5. Não demorou muito para Moya fazer memoráveis trabalhos na televisão das Organizações Victor Costa (OVC), tornando-se um dos mais importantes produtores da emissora.
Em 1957, já como responsável artistico do Teleteatro Três Leões, ganha o Prêmio Roquette Pinto como o melhor produtor de teleteatros da Televisão naquele ano. Logo depois viaja aos Estados Unidos, onde faz uma série de matérias jornalísticas para a “Folha da Manhã” e conhece pessoalmente os icônicos Arthur Miller, dramaturgo, e sua esposa a atriz Marilyn Monroe.
Quando em 9 de julho de 1960, é inaugurada a TV Excelsior, canal 9 da capital paulista, Moya é escolhido como seu primeiro Diretor Artístico, em vista de seus esmerados trabalhos na Tupi e na Paulista na década passada. Juntamente com valores como Manoel Carlos, Cyro Del Nero e Laureano Fernandes, dá uma força impactante ao canal que estava surgindo, que com poucos meses no ar, já recebia importantes prêmios televisivos.
Sua direção no programa “Brasil 60”, apresentado pela talentosa Bibi Ferreira, foi de grande importância para conferir a essa atração televisiva uma qualidade destacada pela critica e muito apreciada pelos telespectadores. Fica na direção artística do canal de Mario Wallace Simonsen até 1963 e cinco anos depois, aceita o desafio de colocar no ar uma nova emissora de televisão, a TV Bandeirantes, canal 13 de São Paulo. Ao lado de Sergio Arapuã de Andrade e de Amarildo Niceias, inaugura a televisão de João Jorge Saad em 13 de maio daquele ano, com o mesmo
padrão artístico que implementou em seus pioneiros trabalhos de outrora.
Em 1970, lança seu primeiro livro, intitulado “Shazan” pela Editora Perspectiva (em sua respeitada Coleção Debates), de seu amigo e professor Jaco Guinsburg. Em mais um reconhecido pioneirismo, volta ao tema dos quadrinhos, escrevendo o que é hoje considerada a primeira obra sobre o tema lançada por um brasileiro, fato que gerou o convite para Moya ser professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP).
Na década de 1990, acompanha Vida Alves e um representativo grupo de pioneiros da TV nos primeiros anos de funcionamento do Museu da TV, a Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira. Torna-se o seu vice- presidente em 2006, sempre se caracterizando por ser um sócio ativo e assíduo nesta importante Instituição cultural brasileira.
Em 2004, registra e perpetua as memórias da TV Excelsior de São Paulo no belíssimo livro “Gloria in Excelsior – Ascensão, Apogeu e Queda do Maior Sucesso da Televisão Brasileira”, editado dentro da Coleção Aplauso da Imprensa Oficial Paulista.
Em 2017, sete meses depois da morte da amiga e colega Vida Alves, no dia 14 de agosto, falece o grande e criativo artista e pensador Álvaro de Moya, aos 87 anos, deixando uma obra bastante vasta, inteligente e duradoura. Viva Moya, Pioneiro Pensador dos Quadrinhos Brasileiros.