Novo ano e nova década a se iniciar, a terceira do tão transformador Século XXI. Mas logo no último dia dos anos 10 do primeiro século deste novo milênio começam a surgir rumores, no interior da China, do aparecimento de um estranho vírus altamente infectante, que seria o principal assunto de 2020. Em 11 de março daquele ano, veio a noticia que ninguém gostaria de ouvir: de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), vinculada a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo inteiro estava sob a pandemia do novo coronavírus.
No Brasil, esses quase setenta dias pré-pandêmicos já foram bem movimentados. Em janeiro, a canção popular brasileira perdeu um de seus compositores mais queridos, o pernambucano Luiz Vieira, e poucos dias depois, ainda no primeiro mês de 2020, o Jornalismo Esportivo Televisivo perdeu Sérgio Noronha.
No mês seguinte, o nosso Cinema perdeu um de seus realizadores mais criativos, o cineasta José Mojica Marins, também importante para a nossa TV como o popular Zé do Caixão. Também no mês mais curto do calendário civil, foram entregues os anuais Oscar, desta vez em sua nonagésima segunda edição, que assombrou o mundo dando pela primeira vez o premio máximo de Melhor Filme a uma produção de língua não inglesa e advinda do chamado “terceiro mundo”, o excelente filme “Parasita” de Bong Joon–ho, que no ano anterior, já havia ganho a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes na França. E no Carnaval Brasileiro, a Escola de Samba Viradouro conquista no Rio de Janeiro o seu primeiro titulo após a fase do carnavalesco Joãozinho Trinta, e em São Paulo, uma nova agremiação cultural entra para o seleto rol das Campeãs, a Águia de Ouro.
Com a rapidez dos cibernéticos e contemporâneos tempos, o mês que conclui o verão brasileiro, março, registrou o marco triste do inicio da mortandade por Covid 19 no Brasil, fato que ensejou uma decretada quarentena em todo o Estado de São Paulo, bem como a maioria das outras unidades de federação. Tudo o que não era essencial para a vida do cidadão brasileiro foi fechado e por meses todos ficaram aprisionados em seus lares. E foi ai que a força da Televisão que se aproximava a passos largos de seus setenta anos de Brasil mostrou mais uma vez a sua força.
Em um equilíbrio matemático entre Jornalismo e Dramaturgia os telespectadores começaram a assistir mais televisão, seja para se informar com precisão e veracidade sobre os difíceis e sofridos tempos de uma doença planetária ainda desconhecida, seja para se divertir com a ficção televisiva em suas mais variadas modalidades. Paulatinamente, a Teledramaturgia teve que cessar temporariamente o seu cardápio de ineditismo, em razão das seríssimas restrições impostas pela quarentena generalizada, mas indubitavelmente a novela do ano foi “Amor de Mãe” da TV Globo, de Manuela Dias com direção de José Luiz Villamarin, protagonizada pela premiada atriz carioca Regina Casé, que estreou em novembro de 2019, ficou interrompida por onze meses entre abril de 2020 e março de 2021 e só chegou ao seu epilogo em 10 de abril de 2021. E em relação ao Telejornalismo, todas as emissoras cumpriram o seu papel de informar o publico televisivo durante todo o primeiro ano pandêmico.
E esse vírus letal levou tantas grandes personalidades televisivas em 2020, como a atriz Nicette Bruno, o desenhista Daniel Azulay, a radialista Daisy Lúcidi, o cantor Carlos José, o compositor Evaldo Gouveia, o teatrólogo Antonio Bivar, o radialista José Paulo de Andrade, o apresentador Rodrigo Rodrigues, o comentarista esportivo Orlando Duarte e o romancista Sergio Santanna. E de outras moléstias também partiram Leonardo Villar, Moraes Moreira, Zaé Junior, Rubem Fonseca, Murilo Melo Filho, Suzana Amaral, Turíbio Ruiz, Clarice Amaral, Washington Novaes, Chica Xavier, Vanusa, Jonas Mello, Ana Maria Martins, Almeida Castro, Araken Saldanha, Diva Rubia, Tom Veiga, Zuza Homem de Mello, Cecil Thiré, Mauro Gianfrancesco, Humberto Pucca, Lina de Roma, Lourdes Lesjak, Zé Paraibuna, Roberto Barreiros, Del Rangel, Alfredo Syrkis e Flávio Migliaccio .
Todo esse quadro atípico adiou as comemorações dos setenta anos da Televisão no Brasil, mas com certeza a melhor das celebrações foi a recuperação de sua audiência, credibilidade e comunicabilidade, que ajudaram e muito o povo brasileiro a sentir menos dor nestes adoecidos tempos, que com certeza se coadunarão com felizes e futuros tempos, com as cientificas vacinas imunizando todos os seres humanos e ajudando a controlar mais rápido o coronavírus.
Por Fábio Siqueira.