MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

O dramalhão surreal ganhava o horário nobre da TV Globo



A cubana Maria Magdalena Iturrioz y Placencia, mais conhecida como simplesmente Gloria Magadan (1920 – 2001), foi um dos nomes mais importantes da teledramaturgia brasileira e do início da TV Globo. Autora, pesquisadora e supervisora de textos, dona Gloria trouxe para o Brasil a experiência de quem conhecia muito bem os maiores e mais lacrimantes dramalhões latinos.

Ela não teve nada a ver com o sucesso de “O Direito de Nascer” na TV Tupi, mas foi esperta o suficiente para perceber que o público brasileiro “delirava” com um bom dramalhão. E foi a partir do sucesso dessa novela que o nome de Gloria Magadan foi ganhando destaque na nossa TV e na nossa teledramaturgia.

Ela chegou ao Brasil em 1964, depois de ter se exilado em Miami e ter trabalhado na Venezuela. Foi para o departamento de publicidade da Colgate-Palmolive, nessa época a principal patrocinadora das nossas novelas, e de lá pulou rapidamente para a TV Tupi, onde foi a responsável por novelas como “Gutierritos, o Drama dos Humildes” e “O Sorriso de Helena”.

Em 1965, ela foi contratada pela TV Globo e escreveu uma das primeiras novelas da recém-inaugurada emissora, que foi “Paixão de Outono”, estrelada por Yara Lins e Wálter Forster, que vinham da TV Tupi, dirigidos por Sérgio Britto e Fernando Torres.

A novela agradou à emissora e o então diretor-geral, nada menos do que Wálter Clark, deu à dona Gloria o cargo de diretora do departamento de novelas da emissora. E foi aí que ela resolveu dar asas a sua imaginação e passar a exibir dramalhões que nada tinham a ver com a nossa realidade. Nossas telespectadoras passaram a conviver com reis, rainhas, princesas, heróis de capa e espada, bruxas, feiticeiras e sheiks que habitavam reinos distantes e andavam por cenários surreais para aqueles tempos.

Por sorte, Gloria Magadan encontrou uma quantidade enorme de grandes atores que a TV Globo contratou na época, e que conseguiram imprimir, com seus brilhantes trabalhos, algum interesse por aquelas histórias tão maniqueístas que ela criava. Heroínas e vilões eram levados ao extremo. Enquanto as primeiras só sabiam chorar e eram chatas de tão bondosas, além de sonharem com as mais inacreditáveis fantasias românticas, os vilões não tinham a menor ideia do que era ter alma.

Mas o sucesso veio e Gloria Magadan enfileirou uma história atrás da outra. E foi assim que surgiram “Um Rosto de Mulher”; “Eu Compro Essa Mulher”; “O Sheik de Agadir”; “O Rei dos Ciganos”; “A Sombra de Rebeca” e muitas outras.

Essas novelas também serviram para revelar nomes importantes para a televisão como Yoná Magalhães, Carlos Alberto, Henrique Martins, Leila Diniz, Márcia de Windsor, Geraldo Del Rey, Emiliano Queiroz, Marieta Severo, Thereza Amayo e Rubens de Falco, além de consagrarem o casal Tarcisio Meira e Gloria Menezes e de reforçarem o sucesso de Amilton Fernandes e Nathalia Timberg que haviam brilhado em “O Direito de Nascer”.

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