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Centenário de Anselmo Duarte, cineasta que trouxe a Palma de Ouro



Anselmo Duarte Bento nasceu em Salto-SP em 21 de abril de 1920, com data de registro cinco dias depois. Um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos, que também marcou a história da Televisão e da Publicidade neste país, tem no temário do transcurso das comemorações do centenário de seu nascimento oportunidade preciosa para recordar seu Amplo legado artístico que honrou, muitas vezes de forma singular e sempre com grande qualidade, a Arte Nacional.

O menino saltense, com menos de vinte anos, já trabalhava no cinema carioca como figurante do filme “Inconfidência Mineira”, dos Estúdios Brasil Vita Filmes com direção da cineasta luso-brasileira Carmen Santos. Logo depois trabalha na maior companhia cinematográfica brasileira da época, a Cinédia de Adhemar Gonzaga, onde é dirigido pela mestra Gilda de Abreu no filme “Pinguinho de Gente”, onde trabalhou com Lucia Delor, Vera Nunes e Violeta Ferraz.

Em 1948, faz o primeiro de seus oito filmes na Companhia Cinematográfica Atlântida, uma adaptação de Luis Moglia Barth para uma peça clássica de Joracy Camargo que no Cinema se chamou “Não me diga adeus”. Pouco tempo depois, trabalha em mais uma adaptação literária para o Cinema, ainda na Atlântida, desta vez, referente a “Terras do Sem Fim” do romancista Jorge Amado, que pelas estadunidenses  mãos de Edmond Bernoudy se chamou “Terra Violenta”.

Foi uma gloriosa fase de Anselmo Duarte na companhia de cinema de Luis Severiano Ribeiro Junior, seja na fase das chanchadas  com Oscarito e Grande Otelo (“Aviso aos Navegantes”, dirigido por Watson Macedo), seja nos dramas pungentes com Ilka Soares e José Lewgoy (“Mais Forte que o Ódio”, dirigido por Jose Carlos Burle). E foi exatamente por esse filme, que Anselmo recebeu o Prêmio Saci como o melhor ator de 1951, conferido pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.

E não demorou muito, para aparecer o convite para trabalhar na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, fundada por Franco Zampari. Lá vez quatro filmes, com direção de Adolfo Celi, Tom Payne, Gianni Pons e Fernando de Barros, onde contracenou com Tônia Carrero, Ruth de Souza Marisa Prado, Ziembinski e Paulo Autran. Foi um curto mas consagrador período que levou Anselmo Duarte a condição de principal  galã  masculino do Cinema Brasileiro.

Em 1957, já na Cinedistri de Oswaldo Massaini, finalmente estréia na direção no sucesso “Absolutamente Certo”, com Odete Lara, Dercy Gonçalves e ele próprio no elenco. Seu trabalho foi bastante elogiado e cinco anos depois veio a consagração máxima: “O Pagador de Promessas”, uma peça teatral já clássica do dramaturgo baiano Dias Gomes chegava as telas cinematográficas, com um elenco estelar: Leonardo Villar repetia o seu Zé do Burro dos palcos com muito vigor; Dionísio Azevedo era o Padre Olavo, que no Teatro foi interpretado por Elisio de Albuquerque e Rosa, a esposa do protagonista que no teatro foi Nathalia Timberg, na obra cinematográfica teve em Gloria Menezes inesquecível intepretação.

Estavam dadas todas as condições para o filme mais premiado da história do nosso Cinema: Festival de Acapulco no México; Festival da Venezuela; Festival de Edimburgo na Escócia; Festival de São Francisco nos Estados Unidos e, em maio de 1963, a conquista inédita da Palma de Ouro de melhor filme do Festival de Cannes para não só o Cinema Brasileiro, mas para todo o Cinema Latino Americano, fato que se repete até os dias atuais. Esse premio foi comemorado no Brasil, quase como uma conquista de um grande feito esportivo, com direito a desfile em caminhão do Corpo de Bombeiros e recepção no Palácio Presidencial.

Anselmo Duarte ainda dirigiria mais nove filmes entre eles “O Caso dos Irmãos Naves” e o derradeiro filme como diretor, “Os Trombadinhas”  com o Rei do Futebol Pelé, em 1979. E neste mesmo ano, trabalha como ator na TV Globo, na novela “Feijão Maravilha” de Bráulio Pedroso com direção de Paulo Ubiratan. Era uma volta de Anselmo na TV, pois no inicio da TV Record, ele trabalhou com a esposa Ilka Soares no Programa “Seleções Românticas”.

Também ganhador do Leão de Bronze da Propaganda Mundial em Cannes em 1980, por seu comercial das Poupanças Haspa, com o amigo Grande Otelo, Anselmo Duarte recebeu uma de suas últimas homenagens em vida no Restaurante Gigetto de São Paulo, ao lado de outros dois ícones de nossa Cultura: Vida Alves (do Museu da Televisão)  e José Renato (do Teatro de Arena).

Faleceu em São Paulo, aos 89 anos, em 7 de novembro de 2009, e é sepultado em sua cidade natal. O Cinema Nacional perdeu naquele dia sua personalidade mais arrojada, premiada e obreira.

Viva Anselmo Duarte em seu centenário.

 

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