MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


ZUZA HOMEM DE MELLO


Zuza Homem de Mello, paulistano, nasceu no dia 20 de setembro de 1933. Ele estudou musicologia na Juilliard School of Music de New York, tendo se iniciado como jornalista em 1956, quando assinava uma coluna de jazz para o jornal Folha de S. Paulo. Nos anos 50, foi contrabaixista profissional, tendo estudado na School of Jazz, em Tanglewood, com o grande mestre Ray Brown. Colaborou para o Jornal do Brasil e a revista Down Beat.

Ingressou em 1959 na TV Record, onde durante 10 anos atuou em contratações de dezenas de artistas internacionais como Sammy Davis Jr., orquestra de Les Brown, Jamboree Circus, Buddy Rich, Sarah Vaughn e outros. Nessa fase das temporadas internacionais era o elemento de ligação entre a emissora e todos os artistas que vieram ao Brasil, atuando na produção de seus espetáculos a partir de Roy Hamilton. Durante os mesmos 10 anos, foi o engenheiro de som do Teatro Record Consolação e do Teatro Record Centro, nos célebres programas musicais da TV Record, como “Fino da Bossa”, “Bossaudade”, “Show em Simonal”, “Corte Rayol Show”, “Hebe” e outros.  Bem como nos “Festivais” da TV Record. Em 1990 retornou à TV como apresentador do programa “Jazz Brasil” pela TV Cultura, durante os anos de 1990 e 91. Em 99 apresentou programas comemorativos dos 30 anos da TV Cultura.  Em 2005 participou da série “7 X Bossa Nova” na Direct TV. Zuza também foi responsável (já em 1977) pelas trilhas das vinhetas da Band, BandNews, BandNews FM, Band Vale,

Autor do livro “Música Popular Brasileira, lançado em 76 (com depoimentos sobre o período entre a Bossa Nova e os Festivais), e coordenador da “Enciclopédia da Música Brasileira”, concentrou suas atividades entre 1977 e 1988 no rádio e imprensa. Produziu e apresentou o “Programa do Zuza”, diariamente às 5 da tarde, que recebeu 6 prêmios APCA e foi líder de audiência pela rádio Jovem Pan AM, para a qual também criou e produziu, as inovadoras vinhetas de moldura da programação da emissora. Por 10 anos foi crítico de música popular no jornal O Estado de S.Paulo, colaborando para as revistas Som 3 e Nova, outros jornais e publicações no Brasil e no exterior. Com Tárik de Souza, planejou e coordenou a 3ª edição dos fascículos História da Música Popular Brasileira, da Editora Abril.

Dirigiu nos anos 70 a série de shows “O Fino da Música” no Anhembí, que apresentou o regional do Canhoto, Elis Regina, Elizete Cardoso com a Orquestra Tabajara, e cantores que começavam a conquistar seu espaço, João Bosco, Ivan Lins, Emilio Santiago, Alcione, entre outros. Nos anos 80 dirigiu os 3 Festivais de Verão do Guarujá, trazendo veteranos como Jackson do Pandeiro, Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga, novos na época, como Djavan, Beto Guedes e Alceu Valença, e consagrados, como Jorge Ben e Raul Seixas. Em 88, dirigiu Milton Nascimento e Gilberto Gil na série “Basf Chrome Music”, e produziu a tournée de Milton Nascimento ao Japão. Foi jornalista convidado nos Festivais de Montreux (78 e 81), de Edimburgo (85), JVC de New York (87), Jazz Fest em New Orleans (93, 94, 96, 97, 99, 00, 02 e 04), em Barbados (95) e em Paris (87), além do Midem (79 e 95) e Audio Fair de Tokio no ano do lançamento do CD (82).

Foi programador na equipe dos 2 Festivais de Jazz de São Paulo (78 e 80) e curador do elenco do Free Jazz Festival (Rio e SP), nas 16 edições, desde 1985 continuando no Tim Festival (2003 a 2005). Dirigiu os 3 Festivais Carrefour nos anos 90, revelando nomes como Chico Cesar entre milhares de inscritos. Escreveu nos últimos 25 anos textos para contra capas ou releases dos mais importantes artistas da música popular brasileira, entre eles o CD de Tom Zé em 2005. Produziu discos com artistas novos e consagrados, como Orlando Silva, Jacob do Bandolim, Severino Araujo, Carolina C. de Menezes & Fafá Lemos, e, em 1994, Elis Regina na caixa de 3 CDs “O Fino da Bossa” com fitas de seu arquivo pessoal. Simultaneamente a tudo isso realiza cursos, palestras ou seminários e participa de debates sobre MPB e Jazz. Foi jurado ou presidente de juri de inúmeros festivais nacionais ou regionais no Brasil. Membro do conselho do Premio Sharp (depois Premio Tim), exerceu o cargo de presidente da Associação dos Pesquisadores de MPB tendo sido publicada em sua gestão a Discografia de Discos 78 rotações, foi assessor da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo em 1990.

De 94 a 97, apresentou a série “Ouvindo Estrelas” um talk show, no Sesc Pompéia, com depoimentos ao vivo e shows de astros e estrelas entre os quais Maria Bethânia, Ivan Lins, João Bosco, Gal Costa e Gilberto Gil.

Em 95 atuou como A & R da gravadora Concord Jazz no Brasil e dirigiu o show “Raros e Inéditos”, com Ney Matogrosso, Zizi Possi, Paulo Moura, Wagner Tiso e outros, premio APCA no ano. Produziu o CD “Elis ao Vivo”, disco de ouro pela gravadora Velas. Em 96 dirigiu o show “Lupicínio às Pampas” sobre a obra de Lupicínio Rodrigues; montou o repertorio do CD “Leão do Norte” de Elba Ramalho; dirigiu o show “Ramalhete de Melodias” com Cauby, Agnaldo Rayol e Inezita Barroso. Em janeiro/97 dirigiu no SESC o evento “Aberto para Balanço – 50 anos de MPB”, a série de 10 shows com 33 artistas como Zé Ramalho, Os Cariocas, João Donato, Beth Carvalho e Silvio Caldas em sua última apresentação. Em dezembro de 97 lançou com Jairo Severiano o 1º volume do livro “A Canção no Tempo – 85 anos de músicas brasileiras”, com destacada repercussão e já na 5a edição. O volume 2 foi lançado um ano depois, estando na 4a edição. Em 1998 produziu o concerto “100 Anos de Gershwin: Rhapsody in Blue” com o duo de pianistas argentinos de Jazz Jorge Navarro e Baby Lopez Furst e orquestra sinfônica.

Em 99 criou o repertório do CD “Canções Paulistas” com os Trovadores Urbanos. Em 2000 dirigiu o projeto “Negro Som” trazendo artistas africanos, o Zydeco da Louisiana e os Afro Cuban All Stars, que trouxe depois para o Via Funchal. Colaborou para o jornal Valor Econômico e em 2001 terminou outro livro, “João Gilberto” (Publifolha). De 2001 a 2004 foi diretor artístico do bar Baretto e do “e festival IBM”. Em 2003 apresentou seus cursos de MPB (10 aulas) e de Jazz (8 aulas) para a Sociedade de Cultura Artística em seu teatro (repetidas no ano seguinte), escreveu a análise sobre a obra de João Bosco para o seu Song Book (Editora Lumiar) e concluiu “A Era dos Festivais”, livro lançado pela Editora 34 em maio de 2003 com grande repercussão e que atingiu sua 3a edição antes do fim desse ano. Em 2004 realizou a programação “Face Oculta” para os Céus e fez palestras sobre A Era dos Festivais em várias cidades do Brasil. No segundo semestre de 2020 terminou de escrever a biografia de João Gilberto. Mesmo sendo de outra geração Zuza participava das redes sociais.

Por todos esses trabalhos, e outros não citados, Zuza foi escolhido para ocupar a cadeira 17 da Academia Paulista de Letras.

Zuza Homem de Mello faleceu dia 4 de outubro em seu apartamento no bairro de Pinheiros em São Paulo, enquanto dormia.

 

Atualizado em 04-10-2020/ M.A.Z.

 

 
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