MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


VIDA ALVES


Vida Amélia Guedes Alves nasceu na cidade mineira de Itanhandu, no interior de Minas Gerais, a 15 de abril de 1928.

Seu pai, Heitor Alves, era um engenheiro civil e poeta modernista, carioca, e que por motivos de saúde, foi morar na Serra da Mantiqueira. Ali conheceu Amélia Scarpa Guedes, filha de fazendeiros, e com ela se casou. Do casamento nasceram cinco filhos, a quem Heitor deu nomes extravagantes: Helle, Vida, Homem, Poema e Ritmo. Heitor não exerceu sua profissão de engenheiro e foi ser professor no Colégio Sul Mineiro, e publicou livros de poesia e lançou a Revista Elétrica, que contava com a colaboração do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Mas o engenheiro veio a falecer, após oito anos de casamento, e Amélia, viúva, veio para São Paulo e foi morar na casa de sua mãe.

Vida e a irmã Helle, um ano mais velha, gostavam de brincar de teatro, chegando a encenar peças, que representavam em cima da mesa da casa da avó. Convidavam os vizinhos para ver as apresentações e lhes cobravam entrada. Aos dez anos de idade, Vida participou de um programa de rádio. A primeira vez em que foi entrevistada, foi na Rádio Educadora Paulista, de São Paulo, e o programa era de Nicolau Tuma, que era chamado de “locutor metralhadora“, pois era o mais rápido narrador esportivo que existia.

Vida Alves começou sua carreira no “Clube do Papai Noel”, de Homero Silva, na Rádio Difusora de São Paulo. Era cantora-mirim, e gostava de imitar Carmem Miranda. Mas depois, como precisava colaborar com a “renda familiar” conseguiu um papel de “menino”, na novela “A Vingança do Judeu”, dirigida por Oduvaldo Viana, na Rádio São Paulo. O primeiro contrato demorou algum tempo e foi quando ele passou a integrar o elenco radioteatral da Rádio Panamericana, em 1944. Depois Vida foi dispensada, tendo passado por várias emissoras de rádio, assim esteve nas Rádios Cosmos, Cruzeiro do Sul, Standard Propaganda e Cultura, até que chegou a Rádio Tupi, onde foi contratada por Walter Forster. Estava com 18 anos, e seu teste foi feito pelo então técnico de som, Lima Duarte. Na Tupi ela ficou 22 anos.

Ela ingressou, em 1947, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. E no último dia de 1949, casou-se com Gianni Gasparinetti, engenheiro italiano, recém chegado da Itália, e que fora contratado para erguer a Televisão Tupi, no Brasil. Com o surgimento da TV Tupi, em 1950,  a carreira dela cresceu muito, pois começou a escrever para o rádio e para a televisão. Para as Rádios Tupi e Difusora escreveu 14 novelas, além de participar de muitas delas como radioatriz,  e escreveu para a Televisão Tupi, duas novelas: “O Segredo de Laura” e “Há Sempre o Amanhã”.

Escreveu vários programas e o que fez mais sucesso foi “Tribunal do Coração“, em que Vida Alves aproveitava um pouco do que havia aprendido na Faculdade de Direito e encenava casos, que eram julgados, como se fosse um juri de verdade. Era um programa interativo, pois os jurados eram convidados entre os espectadores, e decidiam o final, se o réu era Culpado ou Inocente, e as histórias também vinham dos telespectadores. 

Criou muitos outros programas e foi também atriz, participando de muitos “TV de Vanguarda”, de Walter George Durst e Dionizio Azevedo. Fez “O Homem que vendeu a alma”; “Henrique IV; “Cara de Aço”; “O Delator”; “A Dama das Camélias”; “Madame Butterfly”; “Uma Semana de Vida”; “As Aventuras de Red Ringo”; “A Mão de Deus”; “Os Três Mosqueteiros”; “Fim de Semana no Campo”; “Eugênia Grandet”, em que ela atuou e também fez o script; “Cartas Venenosas”; “O Aventureiro”; “A Grande Mentira” e “O Caso Maurizius”.

No “TV de Comédia” fez “Chica Boa”; “O Marido da Deputada”; “O Outro André” e “Bombonzinho”. Fez também muitas novelas, e a primeira delas foi “Sua Vida Me Pertence, em 1951, ao lado de Walter Forster e Lia de Aguiar, onde houve o primeiro beijo da televisão brasileira, verdadeiro escândalo, para a época. Fez ainda: “O Amor Tem Cara de Mulher”; “A Outra”; “A Gata”; “Klauss, o Loiro” e “A Estranha Clementina”.

Em Televisão, Vida Alves também foi produtora e apresentadora de programas. O primeiro que fez foi um de cinco minutos, que se chamava “Tribuna da Mulher”, e ia ao ar às 13 horas, todas as tardes, na TV Tupi. Nele ela falava sobre temas variados, mas não essencialmente femininos. Por ir bem, logo foi convidada pelo jornalista Maurício Loureiro Gama para participar do jornal vespertino “Edição Extra”, onde ela escrevia uma crônica e a lia, todos os dias. Nesse programa ela ficou de 1964 a 1968. Além disso, produzia a apresentava a mesa redonda,semanal que se chamava “Vida Convida”, em que abordava assuntos importantes como:”divórcio”, que não existia na época. Na TV Excelsior, Vida Alves passou a apresentar o “Hora e Vez da Mulher”, que ia ao ar à meia noite, com assuntos polêmicos. Ela se transferiu depois para a TV Gazeta, e a seguir, na TV Record, criou o programa “Viagem para a Vida“. E, por fim, na Rede Mulher, apresentava “A Tarde Convida”. que ia ao ar das 14 ás 18 horas, de segunda a sexta-feira.

Em Cinema, Vida Alves fez 4 filmes: em 1949 estava em “Chuva de Estrelas” e “Quase no Céu”. Em 1954, participou de “Paixão Tempestuosa“, e em 1973, fez “A Pequena Orfã”.

Teve dois filhos, Heitor e Thais, e os carregava para a TV Tupi desde a mais tenra idade deles. Criou uma Academia de Rádio e TV – ART, em que preparava atores novos e a empresa Vida Produções”, em que programas eram gravados e distribuídos em rede, pelo interior de São Paulo.

Em 1978, viúva, Vida Alves passou por uma fase difícil e acabou por se afastar da televisão. Junto com sua filha Thais dedicou-se a sua nova empresa “Vida Alves de Comunicação”, que foi inaugurada em 1982, e onde se dedicava a treinar executivos, empresários e políticos, na arte de bem se expressar. 

Premiada no Rádio e na Televisão, ela fundou a Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira – APITE, que depois se chamou PRÓ -TV, sempre visando manter viva a memória da televisão do Brasil.

Vida Alves foi batalhadora, irrequieta e uma líder perseverante, que deixou um grande legado. Ela faleceu em 3 de janeiro de 2017, aos 88 anos de idade, na capital paulista, de falência múltipla de órgãos e quase dois anos antes ela havia realizado uma cirurgia no intestino.

 

 
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