MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


PIXINGUINHA


O nome de Pixinguinha,o famoso compositor e músico brasileiro, era Alfredo da Rocha Vianna. Mas seus documentos são um pouco desencontrados , tanto que às vezes aparece ainda o sobrenome: Filho, e às vezes: Junior. Pixinguinha, seu apelido, era o que importava para ele, que jamais ligou para o nome e nem mesmo para a questão da data de nascimento,que`as vezes aparece como 23 de abril de 1897 e às vezes como 23 de abril de 1898 . Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Quanto ao apelido ” Pixinguinha”, do qual ele gostava, dizia ele que vinha de “Pizindin”, que lhe dera sua avó africana Edwiges e que queria dizer: ” menino bom”.Mesmo com respeito a isso há controvérsias,pois segundo Almirante, famoso homem de rádio, Pixinguinha vinha de “Pizinguim”, que em dialeto africano é: menino bobo.E há ainda os que dizem que seu apelido veio de: ” Bexiguinha”, pois ele, quando garoto, tivera a terrível doença, que lhe deixara marcas no rosto.

Seus estudos, com o professor Bernardes, era ” na base da palmatória”, segundo ele. Mas depois passou para o Liceu Santa Teresa, onde tinha como colega Vicente Celestino, que virou cantor de fama nacional. Depois Pixinguinha passou para o Mosteiro de São Bento., onde, anos depois, estudou Noel Rosa. A paixão de Pixinguinha era a música, não a escola. Quase todos em sua casa eram músicos.Ele era flautista, saxofonista, compositor, cantor e depois ficou sendo arranjador e regente. Seu irmão Otávio,conhecido por China, tocava violão de seis e sete cordas e cavaquinho. A irmã Edith tocava piano e cavaquinho. A outra irmã Hermengarda só não foi cantora profissional, porque o pai não deixou. Seu pai tocava flauta e promovia reuniões e festas. Quincas Laranjeira, Bonfiglio de Oliveira, Irineu de Almeida e até Villa Lobos compareciam aos chorões. Pixinguinha ouvia a todos, criança que era, e nos dias seguintes tirava as músicas que ouvira , de ouvido.O menino queria tocar requinta, que é uma espécie de clarinete, mas o seu pai não tendo dinheiro para comprá-la, começou a ensinar o filho a tocar flauta.E aí começou a sua carreira artística.

A casa em que Pixinguinha morava era grande, imensa mesmo e a mãe alugava quartos, por isso era chamada de ” Pensão Viana”. Nela morava, entre outros, Irineu de Almeida, flautista e este começou a dar aulas ao menino que progredia assustadoramente. Então, por fim, a pai lhe deu uma flauta italiana, da marca Balancina Billoro. Com essa flauta ele começou a tocar em bailes e em 1911, gravou seu 1º disco, como integrante do conjunto: “Pessoal do Bloco”. Depois conseguiu um emprego como flautista na Casa de Chope La Concha. Ele tocava também em peças de teatro, e na sala de espera do cinema Palais, para entreter o público, que esperava. Ernesto Nazareth tocava no cine Odeon, em frente. Pixinguinha então formou o conjunto” Oito Batutas”, que tinha como integrantes:Donga, China, Raul Palmiri, Nelson Alves, Jacob Palmieri, Luiz Pinto da Silva e o próprio Pixingujinha.

O conjunto tocava modinhas, choros, canções regionais, maxixes, lundus, corta-jacas, batuques, cateretês, canções sertanejas e o Pixinguinha liderou um grupo com Cartola. Integrantes do conjunto adotavam apelidos. Pixinguinha era ” Zé Vicente”.

Sua 1ª composição foi o choro: ” Lata de Leite”., de 1911. Essa música, segundo o livro: ” Filho de Ogum Bexiguento”, foi inspirada no fato de que os músicos, que tocavam na noite, ao voltarem para suas casas, bebiam os leites, que os leiteiros depositavam em casas dos fregueses.

Entre 1919 e 1921, o conjunto fez turnê por São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Pernambuco e de volta ao Rio, começaram a tocar no Cassino Assírio,no sub-solo do Teatro Municipal.. Foi ai que Pixinguinha conheceu o milionário Arnaldo Guinle, que se apaixonou pelos músicos e bancou para eles uma temporada em Paris. A turnê estava programada para um mês, mas durou seis, tal o sucesso. Assim mesmo, houve crítica contra, pois alguns consideravam que eles eram muito pouco representativos e que até envergonhavam o pais, lá fora. Depois dessa turnê, o grupo fez outra, para a Argentina, mas essa não foi muito feliz. O grupo se dividiu em dois, o de Pixinguinha ficou naquele país e o outro voltou ao Brasil. Mas o que ficou tinha um empresário que os roubou. Ficaram a à mingua e nem sequer conseguiam arranjar trabalho. E só conseguiram voltar, graças a ajuda do consulado brasileiro de Buenos Aires. Depois, já no Brasil, o músico fez várias coisas.Liderou várias formações musicais, como a ” Orquestra Típica Pixinguinha-Donga”, em 1925; ” Orquestra Victor Brasileira” e “Orquestra Típica Victor”, de 1930; ” Grupo da Guarda Velha”, em 31; ” Diabos do Céu”, em 33; ” Cinco Companheiros”, em 37; a dupla” Benedito Lacerda e Pixinguinha”, em 46; o Grupo da Velha Guarda”, em 56.

Em 1940,Pixinguinha liderou um grupo que tinha Cartola, Donga, Zé da Zilda, Jararaca, Luiz Americano, por indicação de Villa Lobos, para tocar no navio Uruguai, dentro do plano do presidente Roosevelt , para fortalecer os laços culturais e de amizade, com os países vizinhos, depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

QuandoPixinguinha foi regente da peça: ” Tudo Preto”, conheceu a cantora e atriz Jandira Aymoré, cujo nome verdadeiro era Albertina Pereira Nunes. Eles namoraram e se casaram em 1927. Por ter sido comprovada a existência de esterilidade no casal, resolveram adotar um filho, que recebeu o nome de Alfredo da Rocha Vianna Neto. Em 1928, Dunga passou por grande sofrimento, com a morte prematura de seu irmão China, que estava com 37 anos.

Pixinguinhaé considerado o primeiro orquestrador da Música Popular Brasileira. É dele a famosa introdução da música: ” O Teu Cabelo Não Nega”, de Lamartine Babo e dos Irmãos Valença e de ” Taí”, de Joubert de Carvalho, que foi grande sucesso de Carmen Miranda. Por ter feito várias introduções para muitas músicas famosas, Pixinguinha é considerado co-autor delas. Em 1929, ele foi contratado pela RCA Victor, para ser orquestrador exclusivo da gravadora. Por conselho de amigos, fez um curso de música e recebeu diploma em 1933.

Recebeu convite para um emprego fixo, o de fiscal da Limpeza Pública Urbana. Mas ele não combinava com esse trabalho, mesmo porque bebia muito e detestava o uniforme, que incluía botas de cano longo e todo o horário burocrático. Conseguiu, porém, que o mantivessem no cargo, pra que ele fundasse a Banda de Música Municipal. E nesse emprego ficou até 1966, quando se aposentou como Professor de Artes.

Em 1946, Pixinguinha passou a tocar só saxofone ,pois bebia muito e tinha perdido a embocadura , para tocar flauta. Ele então uniu-se ao flautista Benedito Lacerda, que tinha fama de apossar-se de músicas alheias,e eles fizeram várias músicas juntos. Dizem que era só Pixinguinha que as fazia, mas vendia as parcerias, pois Benedito Lacerda pagava-lhe as contas.

Pixingujinha fez também trilhas sonoras de filmes. Fez a música de: ” Sol Sobre Lama”, de Alex Vianny e “Um Dia Qualquer”. Em 1956 foi inaugurada a “rua Pixinguinha”,pelo prefeito Negrão de Lima, em Olaria, onde morava o compositor.

Em 1964, Pixinguinha ficou internado por mais de um mês, e teve que abdicar da bebida , comida e parar de tocar saxofone. Dois anos depois, quando o médico lhe permitiu tocar saxofone, o compositor chorou.Enquanto hospitalizado, ele fez várias canções, quase sempre referentes a assuntos do hospital. Fez: ” Manda Brasa”, ” Solidão”, ” Vou Pra Casa”. Em 1971, seu filho Alfredo casou-se. No ano seguinte, a esposa de Pixinguinha Betí,como ele a chamava, teve enfarte e foi internada. Todos os dias ele vestia terno, gravata, chapéu, pegava um ramo de flores e ia visitá-la, na hora de visitas do hospital. O que ele queria era mostrar a ela que ele estava bem e a amava. Beti faleceu logo depois, em 7 de junho de 1972. Depois disso Alfredo, o filho e esposa, foram morar na casa do pai, pra lhe fazer companhia. Em janeiro de 73 , nasceu o primeiro neto de Pixinguinha

Em 17 de fevereiro de 1973, Pixinguinha teve enfarte. E morreu dentro de uma igreja, onde ia ser padrinho de um batizado. Morreu alí mesmo na igreja. Várias homenagens póstumas lhe foram prestadas, sendo uma delas a da Portela, que levou para a avenida,no ano seguinte, o enredo de ” O Mundo Melhor de Pixinguinha”, de Jair Amorim, Evaldo Gouveia e Velha. Pixinguinha escreveu cerca de 2000 músicas. Verdadeiro gênio. Inesquecível.

 
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