Odete Righi nasceu no dia 17 de abril de 1929, no bairro da Bela Vista, na capital paulista.
Era filha única de imigrantes vindos do norte da Itália, e sua mãe se suicidou quando ela tinha apenas 6 anos de idade. Odete foi internada num colégio de freiras e algum tempo depois morou com a sua madrinha.
Depois se apegou ao pai e foi morar com ele. Mas este também se matou quando Odete tinha 18 anos. Ela foi ser secretária e datilógrafa para se manter. Arranjou emprego no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A beleza extraordinária de Odete impressionou Pietro Maria Bardi, presidente do Masp, e também Otomar dos Santos, seu diretor. E a moça foi encaminhada por eles a TV Tupi de São Paulo.
Ali foi ser garota-propaganda do “Mappin-Movietone”, em substituição a Vida Alves, que entrava em licença maternidade. Odete se saiu bem e logo passou a participar do “TV de Vanguarda”, em 1954, principal teleteatro da época. A partir daí sua carreira deslanchou.
Seu próximo passo foi o cinema. E Odete Lara participou de 32 filmes. Trabalhou em obras que se tornaram clássicas e foi dirigida por grandes diretores. Ela se transformou em musa do Cinema Novo. Dentre os principais filmes podemos citar “O Gato de Madame”; “Arara Vermelha”; “Absolutamente Certo”; “Uma Certa Lucrécia”; “Moral em Concordata”; “Dona Violante Miranda”; “Esse Rio Que Eu Amo”; “Sete Evas”; “Boca de Ouro”; “Bonitinha Mas Ordinária”; “Noite Vazia”; “Mar Corrente”; “Copacabana Me Engana”; “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”; “Os Herdeiros”; “Em Família”; “O Jogo da Vida e da Morte”; “Vai Trabalhar Vagabundo”; “A Rainha Diaba”; “A Estrela Sobe”; “O Princípio do Prazer”; “Um Filme 100% Brasileiro” e “Barra 68”.
Recebeu no Festival de Gramado, o prêmio “Oscarito”, por sua contribuição ao desenvolvimento do cinema brasileiro, e foi premiada várias vezes como melhor atriz do ano no cinema.
Ela apareceu na Televisão em algumas novelas: “Em Busca da Felicidade”, em 1965, na TV Excelsior; “As Bruxas” na TV Tupi, em 1970, e ainda na mesma emissora em “A Volta de Beto Rockfeller” em 1973. Depois voltou a TV apenas em 1991 para fazer “O Dono do Mundo” na TV Globo, e na mesma emissora ainda participou de “Deus Nos Acuda” em 1992 e “Pátria Minha” em 1994.
Ela se casou tres vezes, a primeira com o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, depois com o cineasta Antonio Carlos da Fontoura e por último com o novelista e autor Euclydes Marinho.
Ela passou por sérios problemas na vida pessoal e se voltou para o budismo, abandonando a carreira e indo morar em Nova Friburgo no final dos anos 1990. A partir desse momento, ela escreveu e publicou três livros autobiográficos: “Eu Nua”; “Minha Jornada Interior” e “Meus Passos em Busca da Paz”. Ela também traduziu livros sobre o budismo.
Com problemas de saúde, ela retornou ao Rio de Janeiro em 2013, morando com uma dama de companhia no bairro do Flamengo.
Odete Lara faleceu em 4 de fevereiro de 2015, aos 85 anos de idade, vitimada por um infarto quando dormia. O filme “Lara”, lançado em 2002, foi baseado na história de sua vida.