MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


MÁRIO LAGO


Mário Lago nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1911.

Ele teve uma infância linda e muito musical, já que era filho e neto de músicos. Estudou piano até o sexto ano. A casa era sempre cheia de gente, e é claro, Mário logo foi se entrosando com a arte.  Mário estudou em colégio de padre, mas um dia disse à mãe: “não acredito em nada daquilo”. E a mãe respondeu: “você é que sabe da sua vida”. O garoto se acostumou a largueza de comportamento.

Mário Lago ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde se formou em 1933. O pai, maestro de operetas e revistas, permitia que o filho tivesse contato com gente de teatro. E logo Mário começou a escrever letras para os musicais do teatro. A primeira música que gravou foi em parceria com Custódio Mesquita, e foi uma letra “calhorda”, segundo ele próprio dizia.

A partir daí,  muitas outras músicas foram surgindo. E todas de sucesso: “Dá-me tuas mãos”, “Nada além”, “Enquanto houver saudade”, “Fracasso” e “Será”. Mário estava sempre cercado de amigos, música e de alegria. Mesmo assim arranjou um emprego público, pois precisava se manter. Mas quando a música começou a render e ele passou a ganhar direito autoral, logo deixou a repartição pública.

Em 1942,  tornou-se ator de teatro. Foi na Companhia Joracy Camargo, autor de “Deus lhe pague”. Depois trabalhou com Delorges Caminha, grande ator da época. Foi quando conheceu Oduvaldo Viana, que o levou para São Paulo, onde trabalho no lançamento do rádioteatro no Brasil, na  inauguração da Rádio Panamericana. Ao seu lado estava, entre outros, Dias Gomes, que já despontava como importante redator e autor de teatro. Ambos tiveram logo problemas com a censura e foram, perseguidos, pois eram considerados “comunistas”.

Nessa época, Mário Lago tinha composto “Amélia”, que com a primeira gravação de Ataulfo Alves, lançou o nome do compositor ao estrelato. Todos o respeitavam e admiravam. Logo Mário Lago voltou para o Rio de Janeiro, para a Rádio Nacional, líder de audiência da época e ali fez de tudo: escrevia, dirigia e atuava. Era membro do Partido Comunista, onde conheceu Luiz Carlos Prestes. E ali também conheceu sua mulher, sua companheira, dona Suely, com quem ficou casado mais de 50 anos e que lhe deu cinco filhos e nove netos.

Lago teve momentos difíceis, com algumas demissões e prisões. A primeira demissão foi em 1949 e a segunda em 1964. A primeira cadeia foi em 1932. E ele sempre aproveitava esses momentos para escrever livros. Escreveu “O povo escreve a história nas paredes”, “Primeiro de abril”, e outros. Sempre inspirado no que ouvia dos amigos e entre pessoas que passavam por sua vida.

No Rádio ele ganhou vários prêmios, e trabalhou na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, de 1945, quando entrou para fazer o programa “Criações Toddy” a 1959, quando fazia radioteatros. Apesar da intensa atividade artística, Mário Lago nunca deixou de compor e nunca largou o Partido Comunista. Só a música “Amélia” foi gravada por quase todos os cantores do Brasil. Ele teve pelo menos, 150 músicas gravadas.

A Televisão esteve por muito tempo na vida de Mário Lago. Sua primeira aparição foi em 1950, com o programa “Câmera Um”, de Jacy Campos. Fez depois “O Velho e o Mar”, ao vivo. Em 1968, foi para a TV Globo, chamado por Henrique Martins, e conseguiu transpor as oposições. Não o queriam por ser comunista.

Quem não o queria era Gloria Magadan, escritora cubana, que controlava as novelas. Mas passado esse primeiro impasse, Lago ficou , mais de 30 anos na Rede Globo de Televisão, estreando em 1966, em “O Sheik de Agadir“. Ali participou de grandes novelas, ganhando prêmios por sua atuação. Isso aconteceu em “O Casarão”, em 1976, e em “Dancing Days”, em 1978.

Entre seus principais trabalhos na TV Globo, além das novelas citadas acima, estão “Rosa Rebelde” em 1969; “Verão Vermelho” em 1970; “Selva de Pedra” em 1972; “O Espigão” em 1974; “Escalada” em 1975; “Nina” em 1977; “Brilhante” em 1981; “Elas Por Elas” em 1982; “Grande Sertão Veredas” em 1984; “O Tempo e o Vento” em 1985; “Roda de Fogo” em 1986; “O Salvador da Pátria” em 1989; “Barriga de Aluguel” em 1990; “Agosto” em 1993; “Explode Coração” em 1995; “Quem é Você?” em 1996; “Hilda Furacão” em 1998 e “O Clone” em 2001.

Esteve muitas vezes no exterior, principalmente na União Soviética, e ali conheceu os maiores líderes comunistas do mundo. Aos 88 anos, ainda tinha constantes participações na TV Globo. E tinha também, ao lado do filho Mário, um show, onde, no palco, era um “contador de histórias”.

Com uma carreira tão longa e sempre tão bem sucedida, apesar dos percalços, das prisões e das perseguições, quando perguntado sobre quais as principais coisas que fez, ele respondia, sempre brincalhão e profundo: “Vivi. Essa é a coisa principal que fiz. Me apaixonei a cada momento, a cada trabalho, a cada conversa”.

No Cinema ele também foi uma presença marcante e fez mais de trinta filmes, se destacando em “Balança Mas Não Cai”; “Assassinato em Copacabana”; “O Padre e a Moça”; “Terra em Transe”; “O Bravo Guerreiro”; “Os Herdeiros”; “São Bernardo”; “O Velho Gregório” e “Idolatrada”.

Mário Lago faleceu em 30 de maio de 2002, no Rio de Janeiro, de um enfisema pulmonar, aos 90 anos de idade.

 
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