MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


FERNANDO BARBOSA LIMA


Fernando Barbosa Lima, cujo nome completo é Fernando Horácio Pereira Barbosa Lima, nascido em 8 de novembro de 1933, é filho de Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho e de Maria José Barbosa Lima. Seu pai, jornalista, foi presidente da Academia Brasileira de Letras e da Associação Brasileira de Imprensa – ABI. É uma personalidade respeitada no Brasil inteiro. Morreu com 103 anos trabalhando até o último dia de sua vida. Por mais de 80 anos escreveu no Jornal do Brasil e publicou mais de 60 livros. Em 2003 foi eleito pela revista Imprensa, pela Internet e por uma comissão de jornalistas de São Paulo como “o jornalista do Século”. (Nota: Barbosa Lima Sobrinho faleceu no ano de 2002). Sua mãe, Maria José, quando seu marido Barbosa Lima foi Governador de Pernambuco, teve um contato com a miséria cruel do nordeste e ficou muito chocada.

Aí resolveu criar parques infantis, que são mais ou menos como os CIEPS, que apareceram anos depois. Ela se preocupou muito com a saúde mental das crianças mal nutridas e conseguiu, como colaborador, o doutor e cientista Nelson Chaves. Após seus estudos, esse médico escreveu um livro sobre o tema e este foi aceito pela UNESCO e ganhou fama internacional: “O prejuízo da desnutrição sobre a saúde mental das crianças”. Esse trabalho o médico dedicou àquela que o iniciou: Maria José Barbosa Lima. Com isso essa mulher foi homenageada pela UNESCO, na China, que a incluiu entre as 100 principais mulheres do século 20. Assim Fernando, que nasceu nesse lar ilustre, ligado às letras, começou trabalhando em propaganda, mas começou bem de baixo, lavando pincéis no departamento de arte e criação da Standard Propaganda.

Só aos poucos foi aprendendo, montando layout, letras, produção e depois redação. Seus textos eram aprovados e aí ele iniciou realmente sua carreira. Trabalhou em São Paulo, no jornal “Tempo” e depois voltando ao Rio montou a Esquire Propaganda. Estava com apenas 22 anos e seu jeito “entrão”, como ele mesmo diz, o ajudou. Ele preparou uma “sinopse” de um programa que enfocava a cada vez, um estado do Brasil. Apresentou a idéia ao Brigadeiro Rocha, diretor da Companhia Aérea Cruzeiro do Sul, que aprovou a idéia do “Cruzeiro Musical”. Foi assim quecomeçou a dirigir um programa de TV, junto com Carlos Alberto Lofller. A TV Rio era em preto e branco e os programas “ao vivo”.

Para Fernando foi uma grande escola. O programa tinha como apresentador César Ladeira, o mais importante locutor da época. Mais tarde lançou um programa, que foi um grande sucesso: “Preto no Branco”, também com Lofller. Era um programa de entrevistas com grandes personalidades. O entrevistado ficava de pé, no cenário vazio e o entrevistador, que era o Oswaldo Sargentelli, fazia as perguntas de fora. E só se ouvia sua voz grave. Em São Paulo, o mesmo programa recebeu o nome de “Pingos nos is”. Fernando Barbosa Lima depois foi ser diretor de jornalismo da TV Excelsior, onde criou o “Jornal de Vanguarda”, que tinha grandes jornalistas, como: Newton Carlos, Borjalo, Villas Boas, Sergio Porto, Millôr Fernandes, José Lewgoy, Cid Moreira, Tarcísio Hollanda, Appe, Célio Moreira, Fernando Garcia, Ricardo Amaral.

Ele ganhou todos os prêmios, inclusive os internacionais, como o “Maior Telejornal do Mundo”. Foi o programa mais premiado da televisão brasileira. O “Jornal de Vanguarda” passou pela TV Excelsior, TV Tupi, TV Globo e terminou na TV Rio, com o Ato Institucional número 5. Com isso, Fernando Barbosa Lima voltou para a Esquire e a transformou numa das maiores agências de publicidade do Brasil. Com o fim da ditadura, Fernando voltou para a televisão e fez o programa “Abertura”, pela TV Tupi. Com ele, mais uma vez, foram os maiores jornalistas da época e outros artistas, como Ziraldo, Carlos Alberto Vizeu, Antonio Callado, Glauber Rocha, João Saldanha, Vivi Nabuco, Vilas Boas Correia e muitos outros. Com Roberto Dávila fez o “Canal Livre”, na TV Bandeirantes, emissora em que Fernando foi diretor por duas vezes. Assim como foi diretor da TV Educativa, logo depois da ditadura, para a qual criou 50 programas. criando o slogan “A nova imagem da liberdade”. Criou programas como o “Sem Censura”, “Tribunal do Povo” e tantos outros.

Foi ainda diretor da TV Manchete. Foi também o criador do “Cara a Cara”, com Marilia Gabriela, na TV Bandeirantes. De todos os programas que fez, Fernando Barbosa Lima salienta o “Conexão Internacional”, com Roberto Dávila. o “Abertura” e o “Jornal de Vanguarda” E valoriza muito a série que fez sobre o “Xingu”, com a direção de Washington Novaes. Para esse jornalista, de família superdotada, televisão deve primeiro educar, depois informar e por fim divertir. Ele costuma perguntar: progresso ou civilização? Ele acha que a televisão, por ser o veículo de comunicação mais importante da história da humanidade, tem um forte compromisso com a nossa cultura. Para ele o interesse público tem que estar em primeiro lugar. Ele ganhou tantos prêmios, que nem dava mais importância a eles.

O que para ele importava, era conviver com pessoas incríveis, como sempre aconteceu em sua vida, a começar por seu pai e sua mãe. Em 1999, foi novamente Presidente da TVE. Criou a Rede Brasil, com a ideia de fazer uma grande rede pública brasileira. Depois, além de ser responsável pela televisão da Universidade Estácio de Sá, produziu cinco programas, e um DVD sobre a vida e a obra de seu pai. Ele, que foi casado algumas vezes, é amigo de todas as ex-esposas.

No final da vida, esteve casado com Rosane Braga, sua sócia na produtora FBL Criação e Produção. Porém, ele que criou mais de 100 programas para a televisão, sempre dizia que sua grande felicidade eram seus três netos: Pedro, Maria Paula e Bernardo. Gostava de citar uma frase criada por seu pai: “O Brasil é o meu patrão”. Tudo que ele queria é ver seu país feliz. Achava que a TV, levada a sério, é o grande caminho para isso.

Em julho de 2007, Barbosa Lima lançou o livro “Nossas Câmeras São Seus Olhos”, sobre sua carreira.

Faleceu em 5 de Setembro de 2008.

 
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