MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


FERNANDA MONTENEGRO


Fernanda Montenegro nasceu Arlete Pinheiro Esteves da Silva. E pelo casamento, Arlete Pinheiro Monteiro Torres. Seu nascimento foi perto de Cascadura, suburbio do Rio, em 16 de outubro de 1929. Sua mãe era dona de casa e o pai um excelente operário, com estudos de mecânica. Homem sensível e carinhoso, exerceu grande influência sobre Fernanda e suas duas irmãs. Aos 14, 15 anos, porém, Fernanda, ainda ginasiana, inscreveu-se num concurso como locutora na Rádio Ministério da Educação e Cultura. E ali, fez, segundo ela diz, sua universidade. Foi logo aprovada. Voz e dicção perfeitas. E os pais consentiram, pois não era uma emissora comercial. Claro que as irmãs ou a mãe a acompanhavam. Tudo à moda antiga. Ali Arlete ficou dez anos. Era locutora e atriz de rádioteatro.

Logo, porém, começou a escrever, levava jeito, e foi quando, ela própria, inventou o pseudônimo de Fernanda Montenegro. Queria ser escritora com nome grandioso, coisa assim “à la século desenove”. E o nome pegou. O primeiro rádioteatro que participou foi “Sinha Moça chorou”, romance brasileiro. Ao lado da Rádio Ministério havia a Faculdade de Direito, onde havia um grupo de teatro amador. Fernanda se ligou a eles. O professor Adauto, ensaiador à moda antiga, gostou da garota e a chamou para uma participação no Teatro Ginástico. Arlete se esforçava muito. Estudava Secretariado, fazia rádio, onde era contratada e à noite fazia o “91”. No grupo teatral foi conhecendo pessoas e já estava com 19 anos quando conheceu Maria Jacinta, que ia montar uma peça. Lá já estavam Nicete Bruno, Fernando Torres, Margarida Rey e Beatriz Segal. A diretora era uma portuguesa, Ester Leon. Fernanda Montenegro sentia-se em seu ambiente, pois todos eram jovens. A estréia foi no Teatro Copacabana. Nesta altura Assis Chateaubriand havia inaugurado a TV Tupi em São Paulo.

E falava-se que logo o mesmo aconteceria no Rio de Janeiro. No grupo estava Jacy Campos, do “Teatro do Estudante”, Pascoal Carlos Magno, grande homem de teatro e a idéia da televisão explodiu, como rastilho de pólvora. No dia 12 de dezembro já estavam eles atuando na TV Tupi do Rio de Janeiro. “Coisa de louco”, como diz Fernanda, pois ninguém conhecia televisão. Fernanda foi chamada para fazer um cachê, um segundo cachê, e logo foi contratada. Ao contrário de São Paulo, onde a televisão foi feita por elementos do rádio, Fernanda faz questão de dizer que no Rio foi uma verdadeira avalanche, uma soma de culturas, de origens, de talentos. Vieram Cianca de Garcia, Olavo de Barros, Jacy Campos. Vieram elementos da Cinelândia, Pascoal Carlos Magno, unidos, renovadores do teatro no Brasil. Vieram cômicos da Praça Tiradentes, “As Girls” dos cassinos, todas as lindas mulheres do Machado, que se apresentavam nos espetáculos do Silveira Sampaio. Veio o próprio Silveira Sampaio. Um caldeirão muito rico, reunindo pessoas de várias tendências. E de forma maluca, foram feitas grandes peças, além de programas de variedades e de humorismo.

Nos teleteatros não se fazia por menos. “Autos de Anchieta”, Antigona de Sófocles” e toda a dramaturgia universal. Isso marcou muito Fernanda em seus 20 anos, e a preparou para os grandes desafios de sua vida. Ficou na TV Tupi por dois anos, sem deixar a Rádio Ministério. Trabalhavam com ela nessa época, Heloisa Helena, Paulo Porto, Grande Othelo, Perola Negra e inúmeros outros. De repente,veio um convite para fazer uma peça de teatro. Conseguiu licença e estreou numa peça que fez sucesso, dando lugar depois para Villaret, ator português muito consagrado na época. Em 1953 Fernanda se casou com Fernando Torres, seu colega, e esse casamento dura até hoje. Dessa união nasceram dois filhos: Claudio e Fernanda, também atriz.

Trabalhando juntos, resolveram em 56 ir para o T.B.C. Iam bastante a S.Paulo e ali participavam também do “Grande Teatro Tupi”, às segundas feiras. Vida dura, corrida, sem dinheiro, intercalavam São Paulo e Rio. Sergio Brito era o grande diretor de teleteatro e, segundo Fernanda, foi o cabeça disso tudo. Fernanda acha que fez, entre S.Paulo e Rio umas 500 peças. Uma verdadeira maratona artística. Foi quando fundou sua própria companhia teatral, que se chamava “Companhia dos 7” Mas logo perceberam que a bilheteria mal dava para pagar seus salários. Pagavam o diretor, Gianni Ratto, mas a eles, nada. Os elencos eram grandes e as despesas muitas. Daí para a frente participou de mais de 100 peças de teatro, intercalando com aparições na televisão.

Fernanda cita com carinho, peças como: “A moratória”, “Nossa vida com papai”, “O mambembe”, “Dias felizes”, “Mary & Mary”, “Volta ao lar”, E mais recentemente: ”Petra Von Kunt”, “Flash”, “A mulher de todos nós”, e a insuperável “Dona Doida”, monólogo com texto de Adelia Prado, em que Fernanda sozinha, eternamente lota salas de espetáculos. Para falar de televisão Fernanda tem sempre uma visão muito grata e muito consciente. A televisão permitiu os nossos “vôos cegos” pelo teatro. Fez muita coisa importante na televisão. Cita: “Redenção”, “Sangue do meu sangue”, “Baila comigo”, já então na TV Globo, onde fez ainda: “O dono do mundo”, “O mapa da mina”, “Riacho doce”, “Renascer”, “Cadê Zazá”. Cinema fez desde 1965, quando fez o filme: Ä falecida”. Ainda: “Minha namorada”, e o famoso “Eles não usam black tie” . Esse último levantou prêmios , entre os quais: “O Leão de Ouro”.

Fez ainda o filme: “Olga”,em que faz o papel de mãe de Luiz Carlos Prestes. Para resumir, “Central do Brasil”, ganhador de todos os prêmios internacionais, tendo sido Fernanda, indicada como melhor atriz para o “Oscar”, mas ali, por força da “máquina”, não foi a escolhida. Fazendo uma análise crua da situação, compreendeu e não se deixou abater. Mas o povo brasileiro é que não gostou, pois todos tinham a convicção de que ela era a melhor atriz, dona da melhor interpretação.

Aliás, Fernanda sempre foi equilibrada, tanto que foi convidada duas vezes para Ministra da Cultura do Brasil e, por duas vezes, não aceitou. “Sou uma mulher de teatro”. Esta é a minha praia. Esta é a minha vocação. Não sou uma pessoa fácil, mas sou uma pessoa simples. Sei que sou muitas. E a vida me deu oportunidade de ser muitas. Por isso repito muitas vezes a frase de Clarice Lispector: “Eu sou mais forte do que eu”. Eis o que diz de si própria a emocionante Fernanda Montenegro, a primeira dama do teatro brasileiro.

Recentemente, ainda esteve nos filmes “Redentor” (2004) e “Casa de Areia” (2005). No teatro, em 2010, fez participação na peça “Viver Sem Tempos Mortos”, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz na 22ª edição do Prêmio Shell de Teatro.

Ainda em 2010, protagonizou a novela “Passione”, da TV Globo. Em 2012, esteve em um dos episódios da série “As Brasileiras” e no especial “Doce de Mãe”, também da TV Globo. Em 2013, fez o filme “O Tempo e o Vento”, que depois foi exibida como minissérie no início de 2014, na TV Globo.

Em 2013, faz o remake da novela “Saramandaia” e venceu o Emmy Internacional, como melhor atriz em “Doce de Mãe”. Especial este que ganhou uma temporada como seriado em 2014.

 
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