MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


DIAS GOMES


Alfredo de Freitas Dias Gomes, o conhecido teatrólogo Dias Gomes, era baiano, de Salvador, onde nasceu a 19 de outubro de 1922.

Ele era filho do engenheiro arquiteto Plinio, que faleceu quando Dias Gomes tinha apenas três anos de idade, deixando a educação dos três filhos à esposa. Esta, embora tendo sido preparada apenas para as prendas domésticas, lutou muito, para educar os filhos. O mais velho formou-se em Medicina, mas Dias Gomes …. esse não gostava de estudar. Era mais dado ao futebol, à praia e às conversas.

Com apenas 15 anos, já ganhou um primeiro prêmio com uma peça de teatro, que foi inscrita num concurso do Serviço Nacional de Teatro. Ele jamais tinha assistido ou lido uma peça teatral. Empolgou-se muito. Os familiares nem sabiam o que dizer. Aos 19 anos, agora já em caráter profissional, escreveu “Pé de Cabra”, peça que foi encenada por Procópio Ferreira e que fez grande sucesso. Procópio propôs ao garoto um contrato de exclusividade. Mas esse contrato durou só um ano, já que o renomado ator exigia um estilo diferente do de Dias Gomes. O garoto não gostava do “teatro digestivo”. Embora bem jovem, queria um teatro que focalizasse os problemas brasileiros, um teatro de “protesto”.

Dias Gomes aceitou então o convite de Oduvaldo Viana e foi para São Paulo, participar de um grupo de redatores para a Rádio Panamericana. Era o rádio-teatro que surgia. E Dias Gomes, ao lado de Oduvaldo, Mario Lago e outros, aceitou o desafio. Escrevia adaptações de grandes obras da literatura universal.

Chegou a escrever, ao todo, cerca de 500 adaptações para o rádio. Nessa época já sofreu alguma perseguição política. E o jovem Dias Gomes da Rádio Panamericana foi para as Rádios Tupi e Difusora, sempre na mesma linha de trabalho. Sua cabeça foi “pedida” algumas vezes, mas os colegas sempre o protegiam. Foi depois para a Rádio América e a seguir para a Rádio Bandeirantes.

Bem jovem, teve um casamento prematuro com Madalena. Mas foi no tempo da Rádio Tupi, que conheceu Janete Clair, que se tornou mais tarde, uma novelista famosa, e com quem Dias Gomes ficou casado por 33 anos, até a morte dela. Tiveram quatro filhos.

A ida para o Rio de Janeiro, já com Janete Clair, deu-se em 1950. Foi para a Rádio Tamoio, depois passou a diretor da Rádio Clube do Brasil, que era de Samuel Wainer. Foi em 1953 que Dias Gomes foi para Moscou, fato considerado profundamente “subversivo” , na época. Havia a famosa “Cortina de Ferro”, e Dias foi fotografado em plena Praça Vermelha, carregando flores. Carlos Lacerda, grande político e inimigo de Wainer, publicou a foto de Dias, sob o título: “Diretor da Rádio Clube leva flores para o túmulo de Stalin, com dinheiro do Banco do Brasil”. Não era verdade, mas Dias Gomes caiu em desgraça. Não conseguiu mais trabalho no país, e sua entrada para a Globo, deu-se de forma clandestina. Escrevia com o pseudônimo de Stela Calderón, e a primeira novela foi “A Ponte dos Suspiros” em 1969.

Com o passar do tempo, porém, foi colocando seu nome nas suas novelas, que fizeram muito sucesso, principalmente no horário das 22 horas. Foram elas, “Verão Vermelho” em 1970; “Assim na Terra como no Céu”, também em 1970; “Bandeira 2” em 1971; “O Bem-Amado” em 1973; “O Espigão” em 1974; “Saramandaia” em 1976; “Sinal de Alerta” em 1978; “Mandala” em 1987 e “O Pagador de Promessas”, minissérie de 1988. Todas tiveram problemas com a censura, e a de maior audiência delas, “Roque Santeiro” só conseguiu ir ao ar, dez anos depois de escrita, em junho de 1985, e foi a maior audiência de Dias Gomes na TV.

Ele amava o Teatro e suas peças lhe trouxeram muitos prêmios. “O Pagador de Promessas”, por exemplo, ganhou todos os prêmios, tanto em teatro, como em cinema, para o qual foi adaptado. Suas outras peças, como ““O Santo Inquérito”; “O Berço do Herói”; “A Invasão”; “Campeões do Mundo” e “Rei de Ramos”, todas plasmadas na realidade brasileira, todas com a personalidade marcante do autor, todas ganhadoras de muitos prêmios.

Viúvo de Janete Clair, Dias Gomes também escreveu alguns romances e minisséries para a TV Globo. Casou-se depois com a atriz Bernadete Lyzio, com quem teve mais dois filhos. Dias Gomes depois lançou um livro auto-biográfico, “Apenas um subversivo”. Uma vez, numa brincadeira, dando uma entrevista a Revista Playboy, Dias Gomes se auto-definiu como “anarco, marxista, ecumênico e sensual”. E o rótulo pegou. E ele concluiu: “Isso diz tudo”.

Dias Gomes foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 11 de abril de 1991. Ele faleceu em 18 de maio de 1999, após sofrer um acidente automobilístico, como passageiro de um táxi, na avenida Nove de Julho, na capital paulista. Ele estava com 76 anos de idade.

 
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