Cláudio de Luna é mineiro nascido em Muzambinho, estado de Minas Gerais, em 29 de novembro de 1929. Como toda criança do interior, nadava no rio, jogava pião, roubava jabuticaba na horta do vizinho, e era feliz. Quando mocinho, porém, descobriu uma nova distração: foi ser locutor de rádio em São José do Rio Pardo. Em 1948, nos primeiros dias, veio para São Paulo. Tinha então dois sonhos: ser advogado e ser locutor de rádio profissional. Os pais preferiam que ele fosse para Belo Horizonte, sua capital, porque ali tinham amigos, inclusive Juscelino Kubistchek. Mas o garoto era teimoso, preferiu São Paulo. E conseguiu entrar na USP.
Quanto ao rádio, também conseguiu entrar naquela que era considerada a melhor: Rádio Tupi. Sua capacidade financeira, porém, era pouca. Não tinha dinheiro sequer, para comprar apostilas, que ele emprestava da colega Vida Alves, que cursava a mesma turma na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. No rádio, depois de locutor comercial, passou logo a apresentador de programas. Seus colegas da época: Arruda Neto, Alfredo Nagib, Luiz Falanga, Homero Silva, Jota Silvestre. Esses dois últimos eram os principais, e Claudio logo entrou para o rol dos melhores. Foi ser animador de auditórios. Seu estilo era alegre e descontraído. No fundo, aliás, esse era o gênio de Claudio. Sempre gostou de rir, de contar piadas, de viver levando tudo na brincadeira. Talvez tenha sido por isso que passou a comandar a “Brigada da Alegria”, que eram shows que iam por todo o interior de São Paulo e Minas Gerais. Iam de trem, de ônibus, e às vezes, de avião. Mas se divertiam muito. Mazzaropi, o grande cômico caipira, ia com eles.Cláudio deLuna apresentava ainda “Grandes Espetáculos União e Caboclo”, “Grandes Atrações Philips”, “Batalha de Sucesso” . Às vezes sozinho e às vezes em dupla com Odete Lara, Ana Maria Neumann. E assim acabava por ficar na Rádio e Televisão Tupi por 10 a 12 horas consecutivas.
No começo até em detrimento de sua frequência à Faculdade. Foi depois se organizando melhor e jamais repetiu ano. Terminou seu curso de Direito em 1952. Aí começou uma outra fase bem distinta e igualmente intensa de sua vida. Entrou para a área criminalista e começou a fazer júris. Foi muitas vezes para o interior e muitas vezes na própria capital. Ao todo, até a data de 1998, fez cerca de 1.000 júris, quase sempre de forma vitoriosa. E assim, aos poucos, foi se afastando da televisão e do rádio. Só na Tupi, porém, ficou por 25 anos, de 1948 a 1973. E passou a ser um dos maiores advogados criminalistas de São Paulo. Quando jovem, até por desafio, aproximou-se de Maria Eulália, filha de um médico, que morava vizinha à Televisão Tupi. E era a moça mais bonita do bairro. “Uma pintura”, todos diziam. “Ninguém é capaz de conquistá-la”. Claudio de Luna disse: “Eu sou”.
E conseguiu. Casou-se com ela anos depois. Eulália, pedagoga, foi chamada por Claudio de Lalá, e estão casados há 45 anos. Têm um filho. Quando perguntado sobre seu jeito de ser, respondiasempre: “ Sou uma pessoa alegre. Eu não consigo mandar o bom humor embora. Vai embora, bom humor, eu quero ficar só com as angústias, os sofrimentos, a tragédia. Vejo isso todos os dias no Tribunal do Juri. Mas depois digo: Volta alegria, volta bom humor. Fica sempre comigo”. Claudio foi sempre um vitorioso. As duas coisas que quis, seus dois sonhos, conseguiu. Vencer na televisão e no Direito. E, o mais importante, continuou sempre alegre, vivo, bondoso, solícito, amigo, sempre amigo.
Cláudio de Luna faleceu em 13 de outubro de 2006.