MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


BEYLA GENAUER


Bejna Genauer nasceu, numa família pobre, em 23 de maio de 1932, em Horochow, Polônia. Aos oito anos montou um teatrinho num estabulo sem uso. No fim de semana fazia encenações e os vizinhos pagavam alguma coisa, para ajudar.

Em 1942, aos 10 anos de idade, a família migrou para o Brasil. Eles eram judeus e fugiam do nazismo. Por aqui mudou seu nome para Beyla, mais fácil para os brasileiros.

Quando tinha 14 anos assistiu, escondida, uma peça de teatro com Itália Fausta. Ali Beyla teve certeza que seria uma atriz.

Adolescente, passava seus dias acompanhando ensaios do Teatro Universitário e do Teatro do Estudante. Um dia, a ensaiadora Gerusa Camões convidou Beyla para uma ponta, substituindo uma atriz faltante. Mas a voz falhou. E a chance se foi. Ela então procurou a velha estrela portuguesa Esther Leão, para ter aulas de dicção e impostação. Usava suas economias nas aulas com a veterana atriz e depois com um curso de rádio teatro, na Rádio Ministério da Educação, ministrado por Edmundo Lys.

Quando leu nos jornais que Dulcina de Moraes procurava uma atriz para a peça “Chuva” (1945) ela foi atrás. Mas após um mês espreitando a porta do teatro, desistiu, sem coragem de abordar a estrela.

Beyla tornou-se professora de hebraico numa escola primária, e ganhou uma bolsa de estudos nos Estados Unidos. Nos EUA tentou um curso de teatro, mas o dinheiro não dava. Precisou até trabalhar como garçonete.

Em 1948, já de volta ao Brasil, o jornal A Noite e a Rádio Nacional, lançaram o concurso “À Procura de Uma Atriz”, para revelar uma nova estrela para a companhia de … Dulcina de Moraes. Beyla se inscreveu, mas ficou em segundo lugar, perdendo o papel para a também novata Yara Cortês. A atriz Lídia Vani também ficou entre as finalistas do pleito.

Mas não foi em vão. Odilon Azevedo, marido de Dulcina e jurado do concurso, convidou Beyla para o elenco da peça “Hipocampo” (1948). Foi a estreia da atriz nos palcos, fazendo a filha de Dinorah Marzzulo e Manoel Pêra (que são os pais de Marília Pêra).

No mesmo ano, Dulcina escalou Yara Cortês para a montagem de “Mulheres” (1948), e convidou Beyla para também tomar parte do elenco. Por seu desempenho nesta peça, recebeu o prêmio de Atriz Revelação, dado pela Associação de Críticos Teatrais. O prêmio foi dividido com a atriz Ruth de Souza.

Sérgio Cardoso então implorou para Dulcina rescindir seu contrato, para que ela pudesse ingressar em sua nova companhia, o Teatro dos Doze, do qual também faziam parte Sergio Britto, Elisio de Albuquerque, Luis Linhares, Hoffmann Harnish, Jayme Barcellos, Ruggero Jaccobi, Carlos Couto, Rejane Ribeiro, Antonio Ventura, Wilson Grey, Zilah Maria e Tarcísio Zanatta.

Com Sérgio Cardoso, fez a Ofélia em “Hamlet”. Também atuou nas peças “Arlequim”, “Servidor de Dois Amos” e “A Tragédia em Nova York”, que Beyla considerava seu melhor desempenho. Todas foram realizadas no ano de 1949.

Nesse mesmo ano Beyla estreia no cinema, em “Caçula do Barulho” (1949), estrelado por Oscarito, Grande Otelo, Anselmo Duarte e a italiana Gianna Maria Canale.

Em 14 de julho de 1949 Beyla casou-se com o jornalista Nahum Sirotsky, na época na Rádio Mayrink Veiga. E abandonou a carreira para dedicar-se ao casamento.

Em 1954 esboçou um retorno, no filme “Pecado nos Trópicos”, que seria estrelado pela atriz italiana Silvana Pampanini, mas o projeto acabou não indo adiante. Beyla Genauer então retornou ao teatro, substituindo a vedete Mara Rúbia como a bruxa má em “Branca de Neve e os Sete Anões! (1955).

Em 1955 ela ingressou na Companhia Teatral de Raul Roulien, e mudou-se para São Paulo, para encenar a peça “Ponha a Mulher no Seguro” (1955), estrelada por Roulien e sua esposa Nelly Rodrigues.

Saiu da companhia para fazer “O Casamento” (1957) e “O Banquete” (1957), de Lucia Benedetti. Depois ainda integrou a Companhia Os Artistas Unidos (de Henriette Morineau) e a Companhia de Maria Della Costa.

E foi durante sua estadia em São Paulo, que Beyla Genauer estreou na televisão, fazendo peças no “Grande Teatro Tupi”, na Tupi de São Paulo. Também atuou na TV Paulista e TV Record. Seu papel mais marcante na televisão nesta época foi no teleteatro “O Médico e o Monstro” (1957), encenado na Tupi. Rodolfo Mayer interpretava o Dr. Jeckyll e Mr. Hyde nesta obra adaptada e dirigida por George Walter Durst.

Em São Paulo também ela retornou ao cinema, atuando em “Rebelião em Vila Rica” (1957), um dos primeiros filmes coloridos brasileiros. O filme era uma adaptação moderna da história de Tirandentes, que se passava nos tempos atuais. Por este desempenho ela ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Maringá. Em São Paulo ela ainda faria mais um filme, “O Gato de Madame” (1957), com Mazzaropi e Odete Lara.

De volta ao Rio ingressou na Companhia de Paulo Francis, onde estrelou a peça “Uma Mulher em Três Atos”, ao lado de Oswaldo Loureiro, com texto de Millôr Fernandes. E fez teleteatros na TV Rio e na Tupi do Rio de Janeiro. Em 1959 assinou um contrato de exclusividade, para inaugurar a TV Continental, onde estrelou o seriado “Um Amigo em Cada Rua”, ao lado do ator Paulo Goulart.

Em 1961, após atuar em “Mulheres e Milhões” (1961), mudou-se com a família para os Estados Unidos, onde cursou o lendário Actor’s Studio. E retornou ao Brasil em 1965, a convite do diretor inglês Rex Endsleigh, para estrelar “Crime de Amor” (1965), na Vera Cruz. Um filme baseado numa história real, conhecida como “o crime da fera da Penha”. No elenco estiveram Carlos Alberto e a jovem Joana Fomm.

Beyla Genauer começa então a trabalhar com menos intensidade. Em 1971 atuou no filme “Crepúsculo de um Ídolo” (1971) e fez participações nas novelas “Tchan, a Grande Sacada” (1976), na TV Tupi e “Dona Xepa” (1977) na Globo, estrelada por sua antiga colega Yara Cortês. Em 1979 fez seu último filme, interpretando a cantora Ademilde Fonseca no filme “A Rainha do Rádio” (1979), pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília. No teatro fez “A Milionária” (1983), com Ítalo Rossi.

Beyla, que também escreveu diversos livros, mudou-se para Israel, com o marido Nahum Sirotsky. O jornalista faleceu em 2015. Beyla Genauer faleceu em uma casa de repouso em Tel Aviv no dia 23 de março de 2018, com 85 anos de idade.

 

 

M.A.Z./ 18-08-2020

 

 

 
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