MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão


ARY SILVA


Ary Silva, filho do motorista de praça Antonio Justino da Silva, e de Maria Benedicta de Moraes, que morreu meses depois de dá-lo a luz. Foi Ary criado por sua avó materna, Maria Emilia de Souza, que era cozinheira do Palácio Campos Elíseos, onde foi criado “com muito orgulho”, como se gabava o, mais tarde, jornalista Ary Silva. Filho de negros, Ary nasceu no bairro do Canindé, capital paulista, a 21 de junho de 1917. Estudou com livros dados, mas estudou e se formou advogado, pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Começou, porém, a trabalhar cedo. Primeiro foi ser vendedor de rádio, mas não conseguiu vender nada, e logo foi ser redator e revisor de jornal. O pai de Ary tinha um amigo que era chofer do famoso jornalista e empresário Assis Chateaubriand, e foi aí que o jovem estudante de Direito se deu bem. Logo conseguiu o emprego no jornal, setor de esportes. Com seu primeiro salário comprou uma caneta Parker, e um terno. “Andava na estica”, o jovem Ary. Era advogado e jornalista, sempre ligado ao esporte. Foi então para a Rádio Bandeirantes, e cobriu a Copa do Mundo, em 1938, trabalho que outros desprezavam. Foi em Caxambu, Minas Gerais. E foi aí que Ary Silva tornou-se o primeiro comentarista esportivo do rádio brasileiro. Da Bandeirantes passou para as Emissoras Associadas de São Paulo. Sempre rádio. Até se transferir para a rádio Excelsior (em 1966 absorvida pelas Organizações Globo) em 1964, onde ficou até por volta de 1970.

Antes, em 1950, quando chegou a televisão, Ary Silva também foi chamado para participar. Quase todos os elementos do esporte, quer do rádio, como da televisão, eram formados em Direito, e nisso se incluía Ary. Mesmo porque a própria profissão exigia muito improviso. E foi por isso também, que vários deles se encaminharam para a política, o mesmo acontecendo com Ary. Ele fez sucesso com seus trabalhos na Federação Paulista de Futebol, onde foi Diretor do Departamento de Árbitros. Isso o consagrou e o fez vereador pelo Partido Republicano, inicialmente. Embora achando que não tinha jeito para a política, foi eleito duas vezes, para a Câmara dos Vereadores de São Paulo, e duas para a Assembléia Estadual de São Paulo. Na terceira vez porém, não foi reeleito, para surpresa de todos e dele próprio. Teve então que repensar sua vida, após ter recebido mais de 1000 presentes, cartas e votos de solidariedade.

Ary Silva deixou a política, mas não deixou a luta. Havia pedido demissão da Globo, mas continuou no jornalismo. Morador do bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo, havia fundado a “Gazeta da Zona Norte”, em 1963. A ela passou a se dedicar inteiramente. Alguns amigos estavam com Ary Silva, entre eles Helle Alves, jornalista, que também o havia assessorado nos oito anos em que esteve na Assembléia Legislativa de São Paulo. Muitos outros colaboraram com Ary, já que ele teve sempre muitos amigos e companheiros. A luta com seu jornal de bairro foi intensa. E além disso já tinha tido o trabalho como vereador . E assim foi ele que, praticamente, levou a modernidade para a zona norte da capital paulistana. Lutou pela construção da Ponte Cruzeiro do Sul, fez o projeto da Av. Brás Leme, da Água Fria, da Av. Santos Dumont, enormes vias de acesso àquela região.

Além de praças de esportes, e benfeitorias voltadas aos jovens, pelos quais ele sempre lutou. Seu jornal ganhou penetração e, como não é vendido, depende só de anunciantes para sobreviver. Mas Ary consegue e a “Gazeta da Zona Norte” já está com trinta e sete anos de vida. Ary Silva, nesta data com 83 anos, trabalha ainda todos os dias. (Na época do depoimento) Lutou por Santana, lutou por sua população, lutoupor seus ideais. E, no que mais sempre acreditou foi em Deus, “meu eterno companheiro e parceiro, e ele esteve sempre comigo, pois eu não quis, eu fiz”, diz ele sorridente, com seu sorriso matreiro, de mulato inteligente. Foi também sua a criação das Delegacias das Mulheres, e nessa luta teve a parceria de Vida Alves, pela televisão. Casado com Maria Santos Silva, com quem já comemorou Bodas de Ouro, tem filhos e netos. E é feliz. E diz: “Vim lá de baixo. Entrei em fila de brinquedo de Natal do povo. E consegui tudo. É Deus. Só pode ser Deus que me deu essa missão. E no dia em que Ele me chamar, é porque minha missão acabou”.

Ary Silva faleceu em 06 de abril de 2001.

 
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