MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

A história da TV Globo



Pedida pelo jornalista Roberto Marinho no início da década de 50, a concessão de um canal de televisão no Rio de Janeiro foi conquistada anos mais tarde, sendo outorgada no governo do Presidente Juscelino Kubitschek através de um decreto em 30/12/57. Mas o projeto só se concretizaria quase 8 anos depois.

Um contrato firmado em 1962, garantiu uma parceria com o grupo norte-americano Time-Life, que durou 7 anos, gerou grande polêmica e provocou até uma C.P.I.. A emissora foi erguida na Rua Von Martius, 22, no Jardim Botânico, onde antes havia o campo do Carioca Futebol Clube. Em 24/04/65 – dois dias antes das transmissões oficiais, Roberto Marinho, o cardeal Jaime de Barros Câmara e o governador do Estado do Rio, Carlos Lacerda, assistiram a uma simulação dos programas. Já na véspera da estréia, foi feito em circuito fechado outro teste da programação, considerado desastroso. Mas no dia seguinte, 26/04/65, as falhas foram poucas.

Não houve cerimônia nem festejo: a ZYD-81, TV Globo, foi inaugurada já exibindo sua programação normal. Às 10h45 o canal 4 carioca emitiu como sinal de teste a música “Moon River”, de Henri Mancini. O locutor Rubens Amaral disse as primeiras palavras, apresentando a emissora aos telespectadores da cidade do Rio de Janeiro e do Estado da Guanabara. Às 11h, foi exibida a 1ª atração: o programa infantil “Uni-Duni-Tê”, com Tia Fernanda. Ao meio-dia, os desenhos animados “Gato Félix” e “Hércules” preencheram a telinha. Os principais destaques da 1ª semana foram o noticiário “Teleglobo”, o programa de ‘pegadinhas’ “Câmera Indiscreta”, o jornalístico “Se a Cidade Contasse”, os musicais “Dick Farney” e “Noite de Estrelas”, o infantil “Capitão Furacão” e a série “22-2000 Cidade Aberta”, com Jardel Filho. Em seu 1° ano, a Globo tinha Rubens Amaral como diretor geral. O telejornalismo, dirigido por Mauro Salles, ocupava apenas 12 minutos diários na programação, através do “Ultra Notícias”. Com a chegada de Armando Nogueira, em 1966, começou a ser montada a Central Globo de Jornalismo.

Sete meses depois da inauguração da TV Globo, Walter Clark chegou para assumir o cargo de diretor geral. Boni, que era diretor do Telecentro da Tupi, reuniu-se à equipe em 1967. Cercada de eficientes colaboradores, a chamada dupla ‘Boni & Clark’ solidificou a imagem da emissora em poucos anos. Com o afastamento de Clark em 1977, Boni foi ganhando cada vez mais poder, sempre exigindo um certo nível de qualidade na programação.

Com sede na Rua das Palmeiras, 322, a Globo chegou a São Paulo através do canal 5, que desde 1952 funcionava como “TV Paulista”. Depois que a estação foi comprada da Organização Victor Costa, a programação não foi alterada de imediato. Geraldo Casé foi um importante diretor neste período de transição, optando por rebatizá-la gradualmente. O nome TV Paulista, já consolidado junto ao público, foi mantido por mais alguns anos. Aos poucos, a emissora começou a se divulgar como Canal 5, em seguida TV Globo paulista e por fim, TV Globo.

No final de 1967, o canal 12 de Belo Horizonte foi adquirido do grupo João Batista do Amaral. Em 05/02/68, foi inaugurada a nova torre transmissora do canal 5 paulista no Pico do Jaraguá, marcando a integração da emissora à Rede Globo. Em 21/04/71 a Globo começou a operar também o canal 10 de Brasília e em 21/04/72 já estava em Recife, pelo canal 13, cuja inauguração contou com a “Buzina do Chacrinha”, direto do Ginásio Geraldo Magalhães. A rede Globo foi se destacando entre as demais, graças ao alto profissionalismo, apoiado em modernos equipamentos. Tiveram um importante papel na consolidação da audiência global o “Programa Sílvio Santos” (que já existia na TV Paulista e chegou ao Rio em 1969), “Dercy de Verdade” (1967), “Casamento na TV” (com Raul Longras, 1967), “Mister Show” (1969, com Agildo Ribeiro e o ratinho Topo Gigio) e as novelas “Véu de Noiva” (1969) e “Irmãos Coragem” (1970).

Após alguns dias de suspense, mostrando um símbolo parcialmente coberto, em 09/02/76 a Globo apresentou oficialmente sua nova logomarca, criada pelos designers Hans Donner e Rudolf Bohn. Junto com ela, toda a programação visual sofreu transformações, desde vinhetas e caracteres até veículos e impressos internos da rede. Nesta época, as imagens já chegavam a todos os estados brasileiros, com cerca de 2/3 de produção própria. A Globo tornou-se a maior produtora de televisão do mundo, com quase 5.000 horas de programas por ano. Com este poderio, nos anos 80 chegou a ocupar a posição de 4ª maior tv comercial do planeta, atrás apenas das redes americanas NBC, CBS e ABC. As telenovelas viraram uma especialidade da emissora. Sua teledramaturgia foi exportada para mais de 130 países, de todos os continentes.

Em 02/10/95 foi inaugurado o maior Centro de Produção da América Latina: o PROJAC, em Jacarepaguá – então uma área de 1.300.000m² destinada aos estúdios, fábricas de cenários e figurinos, centros de pós-produção, complexo administrativo e galpões de acervo. Ali, Roberto Marinho bateu a claquete marcando o início das gravações da novela “Explode Coração”.

Em 1999 a empresa passaria a chamar o PROJAC de Central Globo de Produção. Em 24/11/97, Marluce Dias da Silva herdou o comando das centrais de Criação e Programação. No revéillon de 1998, em Porto Seguro (BA), iniciou-se o projeto “Brasil 500”, com a inauguração de um grande relógio criado por Hans Donner para a contagem regressiva até 22/04/2000, data comemorativa dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Durante este período, a Globo promoveu uma série de eventos especiais. Com a presença do presidente da república Fernando Henrique Cardoso, foi inaugurada oficialmente no dia 29/01/99 a nova e moderna sede do telejornalismo em São Paulo (na ocasião com 16.500m²) – uma estação com tecnologia totalmente digital. E, só para citar mais alguns sucessos da “Vênus Platinada”: Festival Internacional da Canção (1966-1972), Jornal Nacional (1969), Caso Especial (1971), Selva de Pedra (1972), A Grande Família (1972), Vila Sésamo (1972), Globo de Ouro (1973), Globo Repórter (1973), Chico City (1973), O Bem Amado (1973), Fantástico (1973), Esporte Espetacular (1973), Roberto Carlos Especial (1974), Gabriela (1975), O Planeta dos Homens (1976), Escrava Isaura (1976), Sítio do Picapau Amarelo (1977), Dancin’ Days (1978), Malu Mulher (1979), Carga Pesada (1979), Vídeo Show (1983), Plunct Plact Zuum (1984), Armação Ilimitada (1985), Roque Santeiro (1985), Xou da Xuxa (1986), Anos Dourados (1986), Vale Tudo (1988), TV Pirata (1988), Domingão do Faustão (1989), Programa Legal (1991), Casseta & Planeta Urgente (1992), Você Decide (1992), Sai de Baixo (1996), além das tradicionais transmissões do Carnaval, Copa do Mundo e Campeonato Mundial de Fórmula-1.

Crédito obrigatório: Texto retirado do “Almanaque da TV – 50 Anos de Memória e Informação”, Ricardo Xavier (Ed. Objetiva, 2000), com autorização do autor.

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